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O inadmissível estupro da razão.

Uma sociedade minimamente civilizada jamais consideraria justificar o estupro.

Relutei em comentar a pesquisa que apontou que 30% da população admite culpar a mulher em caso de estupro. A porcentagem me lembrou a divisão histórica dos eleitores brasileiros: 30% sempre votam contra o PT, 30% sempre votam a favor do PT, 30% votam conforme interesses próprios (economia, por exemplo) e 10% não votam. Sou tão obcecado em livrar o país desta gente vermelha, que acabo misturando alho com bugalho. Óbvio que não são, necessariamente, os mesmos 30% nos dois casos. Mas sigamos…

Quase sempre misturo política com tudo. É errado, eu sei, mas fazer o que? Sou quem sou e penso o que penso. Daí me lembrei daquela parcela da população que admite que um político ou um partido roubem à vontade, desde que façam algo pelo povo. Tipo o “rouba, mas faz”, de Paulo Maluf, ou esta história contada pelo PT que, apesar de toda a corrupção, nunca antes tanto pobre andou de avião neste país, etc.

Notem: Não estou dizendo — por isto nem pensem em imaginar! — que os tais 30% que consideram as mulheres culpadas são petistas defensores do partido. Nada disto. Mas tendo a imaginar que uma parcela significativa da população brasileira costuma relativizar certos crimes, sejam mais ou menos graves, mais ou menos violentos. Não tem gente (não sei se 30% também) a favor de linchamento? Pois é.

Roubo é roubo, e não importa o motivo; se ajudar a salvar uma vida ou apenas comprar uma calça jeans nova.

Estupro é estupro, e não importa a situação; se uma freira rezando ou uma periguete dançando funk.

Relativizar um crime, através de justificativas e atenuantes para os delinquentes, como comumente também se faz em relação aos menores de idade, apenas ajuda a disseminar tais práticas e a incentivar os criminosos, pois sabem que sempre contarão com grupos de defesa prontos a lhes socorrer.

Estuprar uma “gostosona”, mesmo que quase pelada e rindo à toa pelas ruas, é uma barbárie praticada por um selvagem psicopata que merece a maior e mais rigorosa punição. A vítima é tão somente… a vítima! O imbecil que pensa o contrário mereceria ser — como diria corretamente Jair Bolsonaro — ele próprio o estuprado.

Pronto. Falei. Que venham as pauladas!!

(leia mais, aqui)

Ricardo Kertzman

View Comments

  • Acredito que os 30 por cento que culpam a mulher pelo estupro, são estupradores que ainda não tiveram oportunidade de assumir sua tara.

  • Ah, olha que engraçado isso.
    Em uma postagem você diz que não se deve relativizar um crime, na outra você diz: "Ah!, e experimente você, pai ou mãe desesperados, a pegar um moleque que agrediu o seu filho e encher o maldito de bofetadas. Irão ver onde irão amanhecer o dia." Encher o maldito de bofetadas não é crime? Ou agredir uma pessoa deixa de ser crime quando é por vingança, revanche ou desespero?

    • Mas quem te disse que considero isto (esbofetear um pivete) um crime? Lembra do trecho sobre sobre linchamento? Pois é. Estou dentro daqueles que não o condenam a depender do caso. Ainda assim, as duas colocações não são incongruentes dentro dos próprios contextos.

      • deixa eu ver se entendi bem:

        1. "Roubo é roubo, e não importa o motivo" / "Estupro é estupro, e não importa a situação". Em outras palavras, é um crime e não deveria ser relativizado, certo? Relativizar um crime seria, portanto, segundo sua linha de raciocínio, incentivar a pratica do crime.

        2. Linchamento é linchamento, mas não é condenável dependendo do caso - apesar de ser um crime enquadrado pela lei como, no mínimo, lesão corporal -.

        Portanto posso concluir que de acordo com seu ponto de vista o linchamento não é só desejável, como também é possível de ser incentivado, já que você afirma que ele pode ser relativizado. É isso mesmo?

          • ainda seguindo seu raciocínio, se eu entendi bem, o que configuraria um crime não é o ato em si, mas contra quem esse ato foi praticado, já que 1) quem estuprou, por exemplo, deveria ser estuprado e 2) em alguns casos a resposta para um crime deveria ser o linchamento. e que já que o crime não é classificado pelo ato, mas pelo objeto do ato, e assim sendo certas pessoas podem praticar certo ato e outras pessoas não.

            correto?

  • Então se uma pessoal "minimamente civilizada jamais consideraria justificar o estupro" e você justifica o estupro como desejável em caso de estupro, você não é uma pessoa civilizada. Certo?

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