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Uma triste e breve história sobre 7 de setembro.

Em apenas três décadas, a esquerda conseguiu destruir o patriotismo do brasileiro.

Era assim.

Nasci em Brasília, e por lá vivi até os dez anos. Guardo muitas e alegres lembranças da cidade. Fecho os olhos, me concentro, e sou capaz de me lembrar perfeitamente de lugares e passagens. Saí de Brasília, mas Brasília jamais saiu de mim. Raramente vou lá, mas quando vou é como se jamais houvesse partido.

Nasci em 67 e vivi a infância no auge do regime militar. Meu vizinho de porta era um Ministro de Estado, que não me recordo o nome, mas lembro-me bem dos recrutas que faziam a segurança. Sempre me deixavam segurar os fuzis e vestir os quepes. Eram bem legais.

Estudava no Colégio Marista. Nas salas de aula havia TV’S penduradas sobre os quadros-negros. Transmitiam mensagens religiosas, informes da diretoria e, vez por outra, propaganda do governo. Havia sempre “hora cívica”. Todos se reuniam no pátio e cantavam hinos em homenagem à pátria, à independência e à bandeira. Lembro-me de matérias como OSPB (acho que Organização Social e Política do Brasil) e EMC (Educação Moral e Cívica).

Brasília era perfeita. Plana, arborizada, pouquíssimo trânsito, violência zero. Minha quadra era a 208 sul, e a vizinha, 209, era uma quadra de militares, ou “milicos”, como eram pejorativamente chamados. Havia preconceito contra eles. Os adultos os viam com os cantos dos olhos, e nós, crianças, sempre comentávamos quem era filho de quem.

Os desfiles de 7 de setembro eram imperdíveis. Ia cedo para o Eixão e me sentava sob as árvores, com meus pais e irmãos. Antes do início, músicas nacionalistas e patrióticas. Lembro-me delas até hoje e sinto uma tremenda saudade. Sinto também muita pena por não poder viver um momento igual com a minha filha Sophia. Não que me falte vontade de levá-la, mas me recuso a dividir o mesmo solo com esta gente imunda que tomou minha cidade de assalto.

Adoraria poder sentar-me com ela e com sua mãe, sob uma árvore, e fazer um piquenique à espera do desfile. Soldados, marinheiros e aviadores; tanques, blindados e cavalaria; bandas de escolas e esquadrilha da fumaça. Tudo ao som de músicas a nos estimular o orgulho pela nação.

Hoje é assim.

A esquerda destruiu o Brasil!

Estes socialistas, comunistas, petistas e sei lá mais quantos “istas” demonizaram o que havia de mais importante em nossa cultura: o amor à pátria. Transformaram tudo o que representava ordem, respeito, disciplina e hierarquia em “coisa da ditadura”. Montaram bunkers nas escolas, nas universidades, nas redações da imprensa a fim de recontar o passado, patrulhar o presente e emporcalhar o futuro.

Conseguiram rebaixar as instituições guardiãs da lei e da ordem (Forças Armadas e Polícias Civil e Militar), enxovalhar a importância dos poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário), destruir o modelo (rígido) de educação escolar, execrar os valores morais e religiosos das famílias, espalhar a cultura do vitimismo e da luta de classes, minar a democracia e alijar o patriotismo do coração e da alma do cidadão.

Eu nasci e cresci no regime militar. Fui uma criança normal com uma infância comum. Jamais percebi a opressão do Estado. Nunca ouvi falar de alguém que foi torturado ou morto. Nunca fui assaltado nem vi violência nas ruas daquela Brasília. Jamais ousei desrespeitar um professor ou alguém mais velho. Nunca tive medo da polícia ou de um soldado. Ao contrário! Nas minhas brincadeiras eles eram sempre os heróis.

Amanhã é 7 de setembro, mas e daí? Pra mim não tem desfile. Pra mim não tem Brasília. Pra mim não tem sequer Brasil. Que dó!

Ricardo Kertzman

View Comments

  • Também me lembro das aulas de OSPB. Eram aulas sobre pátria, civismo, e história do país. Nos X emocionavam o asteamento da bandeira. 7 de setembro orgulho, parada com meu pai, admiração pelos soldados fardados.Foi se a ilusão, a ilusão da patria nossa tão gentil.Foi sevo sonho e ficou o vazio de uma data qualquer.

      • Também participei de desfiles de 7 de setembro eram muito interessantes. Mas quando se olha com um olhar mais crítico, na idade adulta, a nossa Independência parece meio cena montada. Foi feita pelo filho do Rei de Portugal. Talvez a verdadeira Independência tenha sido a Inconfidência Mineira. Nasci em 71 e conheço muitas pessoas que foram perseguidas pela Ditadura Militar, não podemos negar isso. Eles não eram tão legais assim.

    • Ricardo, você tem um outro texto que acabei de ler aqui sobre a opinião dos países sobre a nossa eleição. Quero tanto saber se aquele texto está em Inglês.
      Se não tiver por favor me contacte pelo meu e-mail MERCIA.REALTOR@GMAIL.COM
      QUERO SUA AUTORIZAÇÃO pra traduzir de graça para o Inglês e jogar nas redes. Esse bando de FDPs não sabe nada do Brasil e fica dando opinião!! To P da vida. Thanks my friend.

  • Verdade...e eu que sou do tempo dos desfiles das escolas...Qdo estudante e depois com alunos.Na minha "meninice"( acho que no tempo dos seus pais tbm) a gente esperava o 7 de Setembro com ansiedade, deixava o tênis branquinho ( era de lona kkk) saia caprichosamente passada, cabelo alinhado...sinto meus filhos nao terem vivido tudo isso...

  • Ricardo qdo vc nasceu eu tinha 12 anos e meu 7 de setembro era marchando com minha escola ao som das bandas dos Colegios: Parobé; Julinho (Julio de Castilhos); IPA; Rosário, após o desfile militar. Além das disciplinas referidas por ti eu tive aulas de Educação Artística e Música (incluíam comportamento social etiqueta e canto de hinos patrióticos incluindo o de nissa escola. Eram outros os tempos. Além de patriotismo tinhamos civilidade e respeito.

  • Enquanto você era enganado eu estava no pau de arara sendo torturado.Preso na Vila Militar em Deodoro no RJ vi centenas de brasileiros serem torturados.Vi um bando de militares ladrões e assassinos.Hoje sou empresário.

  • Eh incrivel que alguem, em pleno seculo XXI, com todos os recursos de comunicacao disponiveis, falar de uma epoca sombria dessas com saudosismo.
    Mas faz sentido!!! Apesar de tudo eu consigo ter um vislumbre do que ocorre...
    Como vc bem mesmo citou sua condicao socio/economica, nao me assusto que sua visao seja tao parcial e limitada. Heranca do periodo!
    Uma coisa que eu, esquerdista (nao petista) assumido, militante e de cabeca aberta nunca consegui entender foram os beneficios que o tal patriotismo pode oferecer a um cidadao preocupado com o bem comum. Nunca entendi qual o "link" entre os tao citados valores da familia crista brasileira e a doutrinacao direitista capitalista. Um mundo cunhado em egoismo, preconceito, divisoes e ganancia nao eh um atrativo pra mim ou pra qualquer um que pensa alem dos proprios limites agrarios.

  • Existe uma Brasil que vocês inventaram,mas na verdade nunca existiu, algumas vozes que não tinha espaço na epoca, agora estas se levantam e mostram o Brasil real,que sempre existiu e já foi ate pior,
    mas vocês não queriam ver ou era e mais conveniente não ver.

  • Ótimo artigo, nem é bom lembrar, pois a saudade daqueles tempos é muita! Havia respeito pela Pátria! Hoje nem cantar o Hino Nacional o povo sabe, no momento ficam mascando chicletes para fazer de conta que estão cantando! Naquela época com aulas de EMC, e OSPB, sabíamos quem eram os ministros, hoje é um troca troca tal ( e tantos) que nem se sabe mais! Sete de Setembro era uma data muito aguardada, nas escolas todos se preparavam paro o desfile! Essa corja de pseudo-intelectuais de Paris mais do PT(partido dos terroristas) e seus asseclas acabaram com o patriotismo. Sinto inveja de outros países onde o povo tem orgulho de sua bandeira. Vá hastear a Bandeira na frente da sua casa aqui e passarás por babaca! Não precisa nem falar do americano, mas em muitos outros países que visitei, muitos tem orgulho de hastear a bandeira! CHEGA, cansei! Na minha idade não vou mais me preocupar em mudar esse pais, deixo isso para minhas filhas e netas! Abs.

    • Divulgação da sua história que viveu na época da chamada "ditadura militar " no Facebook e outras redes sociais. Sei que o senhor pode contribuir com sua experiência de vida.
      Acredito que o Brasil tem rumo se fizermos plebiscito e votação popular para decidir todas as leis e uma reforma constitucional civil que nos coloque no poder fazendo parte das decisões e não apenas deixando nas mãos de políticos.

  • Bonito texto. E pertinente. Só que o fato de ter dito a seco que nunca ouviu falar de tortura, ainda que criança, pode passar a ideia de que não houve. E acabar sendo patrulhado.

    • Ramiro, obrigado! De fato não ouvi mesmo. Os casos de tortura (poucos milhares) e de morte (poucas centena) absolutamente lamentáveis jamais ocorreram perto de mim ou do círculo social da minha família. Não porque éramos ricos ou poderosos. Ao contrário. Morávamos em uma boa quadra, sim, mas de aluguel. Meu pai quebrou o comércio e foi vender móveis e eletrodomésticos. Estudava na melhor escola da cidade por contar com meia-bolsa. Mas nunca nos metemos em grupos de arruaceiros e militantes de esquerda. Por isto nunca vimos nem ouvimos nada. Quanto à patrulha, até gosto! Me dá a oportunidade de dizer algumas verdades entaladas. Abração.

  • Bem. Ao ler este texto brotaram em meus olhos algumas gotas lacrimais. Não sei ao certo se por lembranças há tanto tempo esquecidas, ou o que aconteceu para o País se tornar o que é hoje. Também não me lembro de violência urbana, pois quando crianças brincávamos nas ruas até tarde da noite. É pura nostalgia. Espero que o Brasil melhore para que meus filhos possam ver os filhos deles brincarem pelas ruas.

  • E o maior problema é que sequer os militares se recordam desse tempo, pobre nação, cujos filhos são alimentados por ilusões pífias, que desprezam o respeito, que almejam crescer sem contudo saber que não é possível sem trabalho duro, hierarquia e disciplina.

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