Uma história que chamou a atenção do blogueiro

Sou muito curioso em pesquisar o perfil dos leitores do blog. Nos últimos tempos, alertado até por Atleticanos aqui neste nosso espaço, passei a ser mais cuidadoso na avaliação dos comentários, uma vez que não-atleticanos invadem o nosso espaço por curiosidade ou interesses diversos. Em meio a isso, descobri um perfil superinteressante de uma jovem, moradora de Bom Jesus do Galho, uma pequena e bucólica cidade próxima a Ipatinga, distante a quase 300 quilômetros de Belo Horizonte.

Seu pai, gremista – embora nem seja gaúcho – bem que tentou persuadi-la, mas, por influência de outros parentes, ela optou pelo Galo. Thaís de Lima Rodrigues, de apenas 19 anos, estudante de Letras, já vem se notabilizando com textos acerca desta nossa paixão em sua região. Desafiada a contar sua vida de Atleticana, não titubeou e enviou o texto abaixo, que compartilho para deleite e orgulho de nós Atleticanos. Afinal “somos o orgulho do esporte nacional”. Sem vaidade!

Em qualquer lugar, não importa onde for

Por Thaís de Lima

Amigos, numa cidadezinha cheia de graça, aqui do interior de Minas, há torcedores apaixonados que carregam o escudo do Atlético por todos os cantos. Tenho a honra de representá-los e assim como eles mesmos dizem, ‘se o Bernard possui alegria nas pernas, você tem a alegria nos dedos’.

Diante de um papel, o sujeito sempre se pergunta: ‘O que é que você vai escrever?’ Mas com quem escreve sobre o Atlético não tem disso. Se o nosso amor sempre foi o Galo, nós sempre teremos inspiração, sempre teremos o que colocar no papel.

No primeiro momento, vocês devem estar abarrotados de perguntas: Interior como? Será que ela mora cerca de 275 km da capital? Quando foi que esse sentimento surgiu? Quantos anos ela tem?

É tão fácil compreender a reação dos atleticanos quando se fala do Galo … Comigo não seria diferente. E é com uma frase que arrepiaria até Roberto Drummond (se estivesse vivo), que começo: Torcer pro Galo é sinônimo de esperança. Porque sempre que estou passando por alguma dificuldade em minha vida, lembro-me dos milagres operados por quem veste essa camisa. Se você é portador do preto e branco, você é capaz de acreditar. Hoje eu tenho 19 anos, mas desde pequena eu enxergava o que é torcer pro Galo dessa mesma forma.

O fato de ser mulher não obriga as pessoas a serem preconceituosas comigo. Acho que essa fase por aqui já passou. Todos me conhecem, sabem que eu torço pelo Galo desde pequena, sabem que eu acompanho os jogos, que eu estou sempre presente. No começo não era assim, mas, hoje em dia eles me respeitam. Estamos ganhando espaço dentro do futebol, não somos mais meras figurantes no estádio, nós também somos protagonistas do espetáculo. A questão é seguir bravamente colocando o Galo em primeiro lugar e mostrar que somos capazes de representá-lo em qualquer situação.

De fato, nós mulheres somos, sim, essenciais ao futebol. Sem nós, nada seria tão cativante. Mas vocês devem estar imaginando com quem aprendi a ser tão emponderante, não é mesmo? Pra se ter uma ideia, nós somos tão importantes que foi uma mulher que me apresentou o Atlético: minha tia! Venho de família atleticana, apesar de que o meu pai é gremista e já fez de tudo pra eu poder vestir azul nessa vida! Azul jamais! É, meus amigos, mais uma vez, o vento perdeu.

Chega a ser engraçado dizer que nem mesmo meu pai foi capaz de me convencer a torcer pra outro time. Mas não tinha como, não. Foi uma coisa mútua. O Galo me escolheu e eu o escolhi também. Via minha tia assobiar o hino e achava aquilo demais, meu primo vestia a camisa e eu queria uma também. Percebia todo mundo triste quando o Galo perdia a semana não era mesma. Mas quando saía com a vitória, nada poderia tirar o sorriso deles. Eu queria muito fazer parte daquela gente. Eu sou parte daquela gente. E o fato de morar longe da Capital, pode dificultar as coisas, mas não vai me impedir de chegar lá.

A torcida do Galo é mesmo uma coisa de louco. Antes, de homens velhos, loucos e sofridos. Hoje, da mesma gente sofrida e louca, porém, de jovens também. É imensidão. Povo que grita aos quatro cantos que o Atlético é sua fraqueza, mas também, que é a parte mais forte que eles têm.

A partida está no fim. Graças a Deus, nem todos falam a linguagem do subdesenvolvimento! Se no futebol, como em tudo mais, o craque é decisivo, eis aqui uma verdade absoluta:

– O craque do Atlético é a sua torcida, pois mesmo em fase de maior descontentamento ou de empecilhos que possam vir atrapalhá-la, tem-se a certeza do gol do título! E sou só mais uma que não vai deixar a estrela do MAIOR DE MINAS ser apagada.