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Sentimento contido de uma Atleticana

Permitam-me, caros leitores, dividir com vocês, neste “Canto do Galo”, um texto da minha filha, Anaísa Ávila. No sábado, abordei aqui o lançamento do livro “O milagre do Horto”, que reúne o sentimento de diversos Atleticanos sobre aquela penalidade no jogo com o Tijuana.

Anaísa, entre muitos, foi distinguida com o convite para ser uma das autoras. Entretanto, sem que qualquer justificativa convincente fosse dada, ela e outros que doaram e até assinaram termo abrindo mão de direitos autorais, foram excluídos da edição. Sem nenhuma comunicação formal ou informal, os responsáveis pela publicação responsabilizaram a editora pela exclusão dos textos.

Pelo sim, pelo não, segue o que seria parte do livro, que terá a participação deste blogueiro. Confesso que achei o dela melhor que o meu e outros que estarão na edição. Mas, como disseram, foi a editora que cortou.

Segue o texto:

 

Partiu Riascos…

Por Anaísa Ávila

Pênalti! Pênalti a favor do Tijuana aos 46 minutos do segundo tempo… Não dá pra acreditar! Não pode ser verdade! O Galo é mesmo um time muito azarado. E o mais garfado da história do futebol.

Olho ao redor: alguns choram, outros ajoelham e começam a rezar, os mais enfurecidos vão embora dizendo que não pode ser assim, roubado, no último minuto, só acontece mesmo com o Galo!

Fico sem reação, olho para os meus amigos: Renato, Henrique e Marina, e ficamos lá, incrédulos. Não era pra ser assim, tão injusto.

Foto: arquivo pessoal com os amigos mencionados no texto (30-05-2013)

Com a pouca energia que me resta começo a gritar: Victor! Victor! Victor! Sozinha. Os mais descrentes olham pra mim como se eu fosse louca. Essa menina só pode estar de brincadeira! É o fim. O sonho acabou.

Aos poucos, algumas pessoas logo atrás da gente começam a me acompanhar no coro: Victor! Victor! Victor!

O juiz autoriza, nos calamos. É possível sentir a tensão no ar ao respirar. É agora: tudo ou nada! Está nas mãos de Riascos, ou do Victor.

Riascos parte para a bola…

Foto e capa: UAI/Superesportes

VICTOR! VICTOR! VICTOR! Surreal… Com a perna esquerda ele tira! Quando eu já achava que tudo estava perdido. VICTOR! Naquele momento ele se consagra. Começa a virar santo. O maior herói que eu já vi no Galo. Operou um verdadeiro milagre!

Que momento! O sentimento é inexplicável. O caldeirão do Horto desaba. É a libertação!

Classificados! O Galo está na semifinal. Parece mentira! Aquele momento de euforia parecia que não ia acabar nunca. Os gritos, os choros, os torcedores pagando promessas e subindo as escadas de joelhos. Foi lindo! O sonho ainda está vivo!

 

 

Blogueiro

View Comments

  • Muito bom o texto dela. Emoção a flor da pele!
    Eu estava (estou) exilado em Macapá, no único bar mineiro que tinha aqui (não tem mais), do qual sinto muita falta. Me ajoelhei embaixo da TV, com o rosto no chão. Desesperado! Mas, de repente, uma mensagem veio do Céu dizendo para me acalmar, que os tempos de injustiça e sofrimento sem final feliz haviam acabado. Dizendo para eu levantar a cabeça e assistir ao momento mais marcante da história recente, se não de toda a história centenária do Galo!
    Prefiro acreditar que foi uma mensagem divina do que alguém, em algum lugar por perto, estar assistindo em uma TV onde o lance passou antes, hehe! :D
    Acordei no dia seguinte pela manhã em um quarto no segundo andar do bar, parte da casa do dono e meu amigo, que não me deixou ir embora de moto no estado etílico em que fiquei. Era quase hora do almoço de quinta-feira e eu ainda estava lá: naquele lugar, com aquela bandeira, vestido com aquela camisa, transbordado com aquela alegria.
    O fato é que aquela noite nunca acabou! Nunca vai acabar!
    GAAAAAAAALLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!

    Obs.: depois daquela noite, nem as burradas do Aguirre me fazem desacreditar do Galo! rsrs

  • Caros
    Estava então na costa do sauípe, com 2 sobrinhos que dormiam. Fui ver no enorme lobby de entrada, 1 Tv gigante de cada lado ( uns 80 m entre uma e outra) e poucos atleticanos - eu e 4 casais.
    Foi loucura! Fiquei andando na praia sozinha, pirando de alegria. Nunca mais quero ter tanta alegria sem um galo do meu lado!
    Hoje Deus abençoará e festa haverá pela detonada no sampa. Oxalá Victor mostre sua Divina inspiração. Galoooo

  • Naquele dia estava na casa de meus pais, a família se dividiu em dois locais porque havia uma festa de aniversário de minha irmã. Eu, na sala, com meu pai e minha esposa. O resto da turma no terraço. Na sala, estávamos acompanhando numa emissora e no terraço em outra. Por questões de tecnologia de transmissão, a TV do terraço estava adiantada cerca de 10 segundos. Enquanto na sala, Riascos ainda se preparava para bater o penalti ouvimos gritos e comemorações. Eu, incrédulo, disse na hora: - Escutem a cambada de cruzeirenses comemorando. Meu pai, mais confiante, disse: -Não, eu acho que são os meninos lá no terraço! E meu pai estava certo!!!!

  • Parabéns pelo texto, lembranças que ficam ... e eu assitia ao jogo já na cama, tenso, intimidado pela angustia ... minha "esposa raposa" já cochilava ... quando então, naquele lance ... imaginei muita coisa, mas nunca que o Leonardo Silva chutaria aquele "lazarento" jogador do Tijuana, daquela maneira, naquele instante, naquele lugar.
    Em sua tentativa de se livrar da bola, ele chutou minhas esperanças para cima e lá permaneceram, pausadas, levitando.
    Esbravejei como nunca e, nisso, acordei minha "esposa raposa" que, meio sonolenta, resolveu, já interessada no nosso fracasso, que acompanharia a cobrança do pênalti.
    Segundo a segundo, já me dava como entregue. Do apito até a defesa, foi um lapso de tempo que parece que não vivi, tal a distancia que me sentia da TV, embora ela ali estivesse, a pouco mais de um metro.
    Como xinguei o Leonardo Silva, xinguei como nunca.
    Entre o apito, a corrida, o chute e a defesa, passaram-se alguns anos de minha breve história de torcedor (53 anos).
    Ao final daquilo tudo, veio a redenção, no pé esquerdo do Victor.
    Minha "esposa raposa" que me observava, comedida, meio que decepcionada, logo se acomodou e dormiu, enquanto eu fiquei como andarilho pela casa, a ouvir todas as resenhas em radio e tv, para acalmar a alma e enfim dormir.
    Não consigo expressar as emoções vividas naqueles parcos minutos.
    Uma certeza ficou para sempre: nos apaixonamos pelo Galo, na direta proporção de seus defeitos, quanto mais eles se apresentam e nos provocam, mais o adoramos ... porque vencer, vencer, vencer ... esse é mesmo, o nosso ideal. PARA SEMPRE seja louvado !!!

  • Caro Eduardo, no momento do Penalti estava em casa com meu filho na época com 10 anos. Deu vontade de chorar, xinguei demais e lembrei de quantas entregas o Galo já tinha feito. Pensei mais uma e saí da sala. Mas assim como sua filha, meu filho gritou da sala.. Pegou Pai, o Victor Pegou. Não acreditei. Fui igual São Tomé, só acreditei vendo. Daí pra frente foi só alegria e somente consegui dormir no outro dia a noite. A cena não me sai da cabeça e hoje meu filho com 13 anos é goleiro, graças a São Victor.

  • Anaísa Ávila, o seu texto é simplesmente espetacular! Tenha certeza de uma coisa, neste espaço aqui ele será lido e apreciado por muitas pessoas e assim como eu agradecerão sua dedicação e amor ao nosso glorioso Galo. Parabéns.

  • ... ouvi uma explosão, sabia que era o galo. Corri para a televisão , como tem uns 4 seg. de fuso horário da tv para o rádio, pude ver ao vivo o São Vitor defender o pênalti . Passei a ouvir meu coração, que como minha voz, também gritava. Pura emoção, emoção,...., emoção.

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