Não chega a ser motivo para que eu procure um psiquiatra, mas assumo que mantenho uma relação bipolar com o Campeonato Mineiro de futebol. Às vezes, não dou mais a mínima importância e passo pela competição como se ela não existisse. Em outros momentos, a considero a principal disputa do mundo e uma fonte garantida de alegria — embora essa alegria, reconheço, tenha curta duração.
Nas edições do passado mais recente, a satisfação com a conquista do mineiro acabava assim que o time levantava a taça. Naquela hora, ficava claro que o elenco que deu a volta olímpica não teria forças para se destacar nas disputas nacionais e continentais que estavam por vir.
Antes de prosseguir, preciso reconhecer que, como toda regra, essa tem suas exceções. Há Campeonatos Mineiros que me proporcionaram alegrias memoráveis. Até hoje, por exemplo, sinto uma felicidade enorme (e uma vontade quase incontrolável de cair na gargalhada) quando me lembro da decisão do Mineiro de 2007.
Aquela disputa, só para recordar, se resolveu na prática ainda na primeira das partidas das finais. O jogo terminou com a goleada acachapante por 4 a 0 sobre determinado clube que, na época, esbanjava vaidade em sua sede própria no Barro Preto (e que hoje vive de aluguel em imóvel do América). Estaria mentindo se negasse que boa parte de minha satisfação com aquela conquista se deve ao belíssimo “gol do Vanderlei”, até hoje cantado com entusiasmo pela massa. Todo mundo viu o gol, menos o goleiro adversário, que estava de costas na hora…
Há, no entanto, uma lição mais séria a ser tirada daquela conquista — que não deixa de ser uma advertência para o Galo e a massa. É preciso, antes de prosseguir, recordar em que circunstâncias se deu aquela vitória. Depois de ter caído com dignidade e sem faniquitos em 2005, o Galo disputou a série B em 2006 com a seriedade que se exige de um clube que tem condições para voltar à primeira divisão.
Ainda que o Atlético fosse, como principal clube na disputa daquela série B, um candidato natural para voltar à Série A no ano seguinte, os diretores atleticanos não saíram menosprezando os adversários que enfrentariam. Nem deram entrevistas dizendo que subiríamos com um pé nas costas, pois o tal “peso da camisa” seria suficiente para nos reconduzir à elite do futebol. Não. O Atlético reconheceu a queda, não desanimou, levantou, sacudiu a poeira e, quando os outros deram por si, já tinha dado a volta por cima. Até aí, tudo bem: é assim que agem os clubes que merecem ser levados a sério.
Onde está a tal lição? Vamos a ela: o campeonato mineiro de 2007 foi o primeiro que o Galo disputou depois da volta à elite nacional, mas, àquela altura, a obrigação de ganhar não era dele. Era daquele clube cheio de vaidade, que um dia se considerou uma potência do futebol. E, como sempre fez, entrou naquela disputa com os saltos mais altos dos que os dos sapatos que Gisele Bündchen usa em seus desfiles. Esse é o erro a ser evitado!
Por mais que as circunstâncias indiquem que ele está num caminho certo e promissor, o Galo nunca pode cair na armadilha de se apoiar na superioridade regional para cometer o pecado da soberba e da presunção que, como se sabe, são comuns em quem vive cheio de vaidade. Por mais que sua superioridade sobre os adversários se torne mais evidente a cada rodada, o Atlético não pode, em hipótese alguma. cometer o erro de dar a fatura por liquidada a esta altura do campeonato.
Outro erro que ele não pode cometer é esquecer qual é o verdadeiro sentido do campeonato deste ano que, diferente de todos os que foram disputados nos últimos anos, tem sabor especial para todo atleticano. Por quê? Em primeiro lugar, pela oportunidade de ouro para se dar espaço aos garotos da base. Sem medo de ser repetitivo, há muito tempo não se vê no Galo uma geração tão promissora quanto a atual.
Sei que, a esta altura, muito já se falou do talento dessa rapaziada. Não custa falar um pouco mais: ver em campo um Calebe, um Sávio, um Echaporã, um Felipe, um Neto, um Júlio César e tantos outros meninos formados ou lapidados em casa dá uma satisfação especial. É reconfortante saber que essa rapaziada está dando conta do recado e mostrando maturidade num ambiente em que outros costumam tremer (ops! Tremer não é coisa de atleticano. Desculpem!).
Soma-se aos desses meninos os talentos de Dylan e de Zaracho, que, na minha modesta opinião, vem conquistando a cada dia um lugar na equipe principal. Desde que não joguem exclusivamente sobre os ombros desses garotos a responsabilidade pelos resultados de peso que a torcida exige, eles têm tudo para encher a massa de alegrias e, mais tarde, tranquilidade financeira ao clube.
A partir da próxima rodada, o torcedor deverá começar a ver em campo, ao lado dos meninos e dos atletas mais experientes que, até aqui, levaram o Galo à uma liderança tranquila do mineiro, os jogadores que terminaram a temporada de 2020 como titulares. Trazer Nacho Fernandez, que ainda não estreou, Hulk, Júnior Alonso, Arana, Keno, Savarino, Hyoran e os outros para campo é essencial para dar corpo e padrão de jogo à equipe que disputará os títulos mais importantes deste ano. Sendo assim, viva o campeonato mineiro que, segundo a visão imparcial de meu amigo Luciano Santos Marques, o mais otimista dos atleticanos, “este ano está sendo muito importante”.
Reconhecer que o Mineiro este ano está tendo para nós uma importância que não teve nas edições anteriores não significa, evidentemente, dizer que o campeonato e seu formato não mereçam uma discussão séria. Amigos com quem converso sobre o Galo com frequência e que têm influência sobre minha forma de ver o futebol, de um modo geral, veem a necessidade de uma reformulação urgente.
O titular deste espaço, Eduardo de Ávila, por exemplo, sugere um modelo de disputa parecido com o da Copa do Brasil. Para ele, as equipes secundárias deveriam disputar uma fase preliminar. Os mais bem colocados na tabela se classificariam para a etapa decisiva, que incluiria, além deles, os clubes mineiros que disputam a Série A nacional. Faz sentido…
Edmar Damasceno acredita que 12 clubes é um número excessivo. O ideal seria um Mineiro com oito equipes. Paulo Peixoto lembra que “os estaduais garantem a sobrevivência dos times pequenos, além de manter a política das federações. Então, não vão acabar”. O problema, diz ele, é que, com o calendário apertado do futebol brasileiro, o campeonato se torna um estorvo para os clubes que disputam as principais competições. “Acho que o clube que tiver um bom planejamento consegue lidar bem com isso”.
Marina Galuppo vai no ponto. Para ela, não é mais aceitável ganhar o mineiro para, depois, “passar raiva com times de segunda”. Da minha parte (e assinando embaixo do que disse minha querida prima Marina desde sua base, em Porto Seguro), acho que o mineiro tem, na comparação com outros campeonatos regionais, uma fórmula de disputa interessante. Se o número de equipes fosse reduzido para os oito sugeridos por Edmar Damasceno, ficaria melhor.
Seja como for, o mundo está mudando, o futebol está mudando e é natural que, com o tempo, o Campeonato Mineiro, que já foi muito mais importante do que é, também mude. Nunca me esquecerei, porém, de que o primeiro título do Galo que comemorei no Mineirão foi um campeonato mineiro. Tinha 11 anos de idade e estava no estádio no dia 30 de agosto de 1970, quando o time treinado por Telê Santana levantou a taça com quatro rodadas de antecedência, depois de um breve jejum.
Naquela época, os 12 clubes do Mineiro se enfrentavam em dois turnos e quem fizesse mais pontos ficava com a taça. A vitória contra o Atlético de Três Corações daria o título ao Galo quatro antes. Foi um jogo difícil e a retranca do adversário parecia intransponível. Até que, já aos 32 minutos do segundo tempo, Vaguinho cabeceou para as redes uma bola cruzada da direita. Minutos depois, aos 38, o mesmo Vaguinho voltou a marcar e, dali a pouco, o Mineirão explodia em festa.
Eu estava lá e vi o momento em que o vice-presidente de futebol, doutor Fábio Fonseca, de calças brancas e camisas pretas, ao lado de Telê Santana e dos jogadores que estavam no túnel (inclusive Dario, que estava lesionado e não jogou), invadiu o gramado sob aplausos da torcida. O grupo se juntou aos que terminaram a partida e que já estavam sendo saudados.
Dali a pouco, já paramentados com as faixas vermelhas do título daquele ano, os jogadores do Galo encheram meus olhos com uma cena que espero ver muitas vezes daqui para frente. Tenho certeza de que, daqui por diante, verei com frequência cada vez maior uma volta olímpica tão triunfal, justa e merecida quanto a que vi naquele dia!
Não podia imaginar que viveria um primeiro dia da semana, pós derrota, sentindo um grande…
Quem diria! Confesso que, depois do terceiro gol alinhado a entrada do Kardec, não desliguei…
O Galo relacionou 31 jogadores em condições de jogo para hoje no Maracanã. São todos…
Num momento tão especial, finalista de duas importantes Copas, temos uma oportunidade de escrever páginas…
Assim como na canção da banda Blitz, o Atleticano está a dois passos (duas taças)…
Definido adversário para a final da Libertadores e imediatamente entrando na preparação para a primeira…
View Comments
Na minha humilde opinião, jamais teve valor algum o campeonato mineiro, ao contrário dos que dizem que antigamente tinha valor.
Quase sempre a disputa praticamente se reduzia aos confrontos entre o Galo e o cruzeiro. E ser campeão, nunca acrescentou nada. Alguns alegam que os times participantes eram mais fortes, mas isso se dava porque o futebol era muitíssimo melhor tecnicamente, o que, obviamente, refletia nos menores times também. E, muitas vezes, vi o time do Galo ser celebrado por conquistar o título e, logo em seguida, sucumbir nas competições nacionais. Criava-se a ilusão de ter um time forte.
boa tarde Eduardo e massa e ricardo Galuppo. o campeonato Mineiro é importante sim,quando ganha vale muito e quando se perde derruba treinador. etc. cuca começou a treinar a equipe hoje vou apoiar quando precisar e vou criticar quando precisar. então cuca não inventa de por no time titular Everson frangueiro. Allan. Nathan. Hyoran. rever.se não a corneta vai piar. rsrs.vai galoooooooo.
Boa tarde Massa, Galuppo e Guru
O Campeonato Mineiro não vale nada para alguns torcedores mais exigentes, com a desculpa que os adversários são fracos, mas comemoram quando estes mesmos adversários ganham do nosso ex rival. Ou seja, é ruim, mas vai perder pra vc ver? Queima técnicos e jogadores e abre crise.
Mas lá no rio tem um campeonato tão ruim ou pior do que o nosso e o pessoal comemora com duas taças e com direito a volta olímpica. E a tv paga por isto acredita?
Para quem efetivamente gosta de FUTEBOL
como prática de esporte e não de ENSAIOS
e TESES ACADÊMICAS sugiro dar um pulo lá
no youtube e acessar o "varzapp" .
Futebol RAIZ , de verdade .
Tem coisas incríveis e espetaculares .
CAMpeonatos Estaduais são tão irrelevantes,q se o cabuquim não "ganhá" tá fora,ou seja,perde prá ver!
Outra! Até conseguir "contratá" oto, "vamú" de interino e a pré temporada, tão custosa de se fazer uma bem feita por conta do calendário esdrúxulo, vai p o saco e consequentemente as competições maiores tbm. Queremos o Estadual e mais ainda o BRASILEIRO,sem um o outro dificilmente acontece. Já a mudança de fórmula,assino com o relator, porém fica a pergunta: quem pode/poderia mudá-la quer a mudança!? Penso cá com meus botões q não! Já pensou qdo houver eleições na federação e não mais existir vaquinha de presépio balançando a cabeça, muito ao contrário, exigindo igualdade na divisão do bolo,e, a GALOBarranco q tem_ as vezes_ apenas UMA possibilidade de ver o time ao vivo e a cores em sua localidade somente qdo acontecem os Estaduais ,como fica se ele acabar? Vivas aos Estaduais...
Saudações Atleticanas
O mineiro é muito importante sim ,se não existisse o tal time do outro lado da lagoa,não teriam a tríplice coroa ,mesmo eles dizendo que disputam o RURAL!!!!
WELLINGTON ,
você tem razão.
Só olharmos um pouco para o que tínhamos, justamente isso : juvenis nas preliminares , bem como campeonato de Aspirantes .
Hoje eles têm que "preservar" os gramados e encharcá-los pra bola correr
Caros,
Nosso Galo ñ tem alternativa no MINEIRO! É VENCER OU VENCER!
O importância do Mineiro: QUEM domina NO próprio TERRITÓRIO? Mister FALA ZÉ! tentou menosprezar criando o Campeonato Rural nos 90. Tem NEGO q entra nesse ENGÔDO como se o Mineiro fosse Um NADA... e a hegemonia dentro da casa? Outra, NOSSO GALO tem desprezado e o q tem de recuperar, as CONQUISTAS sequenciais > NOSSO GALO tem + títulos geral > a maior sequência no INDEPENDÊNCIA, Penta 52/56 > A maior sequência no MINEIRÃO, Hexa 78/83 > Nos regionais é isso q vale > AS GRANDES SEQUENCIAS! ...n tem alternativa: É VENCER e emplacar outra DINASTIA!
Independe da importância da competição, do nível dos adversários: NOSSO GALO compete prá VENCER, senão ñ é GALO, senão ñ é Clube Atlético Mineiro!
AGORA chegou a hr e a vez dos Meninins, dos sub19 e dos HOMI Q VESTEM SAIA!
OBS.: A MASSA EXISTE AINDA?
Hoje em dia Ñ se pode deixar de observar o fenômeno SOCIOLÓGICO: Aqui, onde se pratica sábias AULAS todo dia, a NOSSA UNIVERsIDADE do GALO, se fala muito mal falado em POLÍTICA e em DIREITO e em ECONOMIA (como tem ENTENDIDOS, cruzes!). E a SOCIOLOGIA?
Existe ainda A MASSA, aquela q fazia o TIME disposição em CAMPO e o CLUBE praticando a fé nos holofotes nacionais...quem sabe um dia qnd houver público novamente e ela frequente o campo de jg...A MASSA É UMA FOTOGRAFIA NA PAREDE!
ALGUÉM, falando em NOME dos cartolas atuais, pode falar em nome dA MASSA?
CHICOTIM KEMADO!
Hr dessas OTIMISTAs-MOR do NOVO e reNOVO Ame-o ou deixe-o chegam no pnt. A turma de 2005 ñ ABANDONOU o Clube e o entregou a pior sorte? FATO?...Será q NOSSA história pulou ali, naquele campeonato VERGONHOSO, onde houve uma FALCATRUA de arrumação de resultado, um jg sujo do carai. Pq NOSSO Cartolas ATUAIS q tavam lá ñ brigaram pelo NOSSO GALO, entregaram os pts, e envergonharam COVARDEMENTE a Nação Alvinegra?
Ñ vejo esse questionamento dos MORALISTAS: onde estavam NOSSOS CARTOLAS em 2005 qnd houve a ARMAÇÃO dentro e fora de campo? Quem eram eles? Pq ABANDONARAM, a troco de q?
No verão q passou recente, a NOSSA CARTOLA entregou a rapadura NOVAmente, como em2005? E os EDITORIAIS e o articulistas do NOSSO CANTINHO trabalharam CONTRA a possibilidade de um TIME vitorioso ano passado ao apostar no CLUBE DO FUTURO, a tal NOVA empresa? Será q vão continuar CONTRA um time vitorioso NO MOMENTO, no campeonato q disputa, nO Aqui e Agora, para apoiar o tal futuro da ENTREGAÇÃO?
Obs.: Anti absurdum: um Clube Grande e ASSIM sempre e estável pode pretender FORMAR Jogador (atleta ñ, jogador!) para se tornar um grande no Clube, nos dar alegria, para depois ser VENDIDO, para tranquilidade financeira do clube? E nessa dizem, EM TESTICULÕES no qual se penduram, q tá havendo um RENOVAÇÃO no modus operandi do clube? Onde etá a novidade, afinal? PQP! Êta TURMECA Sem Vergonha, viu sô!
Abs fraternal aos que ACREDITAM!
Boa tarde a todos!
Sobre o campeonato mineiro tenho ótimas lembranças da minha infância onde fomos campeões em 10 vezes entre os anos 76/86,também me lembro da emocionante conquista de 99,no entanto acho que muitas vezes serve só para jogadores medíocres como esse Savarino que veio de ligas amadoras conquistar alguma coisa na carreira. Fiquei muito decepcionado com a declaração desse rapaz ao término do BR 2020,será que não tem ninguém no CT pra falar com esses jogadores que o campeonato mineiro não vale nada? Será que o Éder Aleixo que recebe de 30 a 50 mil reais/ mês pra ficar dando chutinhos na bola não pode explicar essas coisas para esses Savarinos e Gugas da vida?
Saudações Atleticanas!
Bom dia,
Concordo que este ano nossa equipe esta sobrando, mas o que vi ontem nas live me deixou preocupado.
Torcedores se exaltando e pedindo para que a equipe devolva o placar de 6 x 1 que levou no passado.
Devemos cair na realidade e saber que esse duelo não leva em consideração a condição de inferioridade de uma das equipes e muito mais o coração que é colocado em campo, a situação de inferioridade aparente pode ser exatamente uma armadilha e a motivação necessária para aumentar a disposição e diminuir as diferenças.
O mineiro deste ano esta sendo o mais aproveitado pelo Atlético nos últimos anos.
Fazendo dele local ideal para apresentar jogadores da base a torcida e ambientá-los ao profissional, daqui para frente será dar ritmo aos titulares e aos jogadores que necessitavam de adaptação.
O título poderá ser uma consequência deste trabalho sendo bem feito, mas, já estamos ganhando muito com a situação atual.
Não podemos esquecer que o número de jogos nesta temporada 2021 poderá ser de 70 a 80 partidas e tudo que se puder preservar os atletas será interessante.
Não esquecendo que já jogaram 11 partidas do Brasileiro 20/21 o que pode elevar a quase 100 jogos no ano.
Outra coisa é podermos confiar nessa turma que está jogando ao ponto de dar a tal folga aos jogadores que mais jogaram na temporada passada.
Dentro do que está sendo feito e praticado em 2021, creio que o campeonato Mineiro está sendo muito importante em tudo que podemos esperar e preparar para o ano de 2021, belo planejamento.
Não esquecer que o título do bi campeonato também é importante.
Os jogos estão servindo de aperitivos para a libertadores que já está batendo a portas em Abril.
Boa terça a todos!