Será que ele realmente quer se casar comigo?

“Olá, Dr. Douglas. Já escrevi antes e estou escrevendo, novamente. Namoro há nove meses. Meu namorado mudou de BH para o interior do RJ e nosso relacionamento passou a ser virtual. Além disso, conversamos todos os dias por whatsapp. Quando vou sair com amigas, ou para qualquer lugar, comunico a ele. Nossa relação é de carinho, respeito e confiança. Sinto muita saudade. Ele fala que quer se casar comigo e construir uma família. Fala que tudo tem seu tempo e que eu sou apressada. Diz que vai acontecer e não o vejo fazendo algo para que aconteça pra valer. Não sei se é porque ele já foi casado. Ambos temos quarenta e quatro anos e não temos mais tempo pra ficarmos anos namorando, como se fôssemos adolescentes. Sinto que ele não me trai, até porque, não costuma sair. Somente para trabalhar. Falei com minha mãe que, se for o caso, até mudo de cidade para viver com ele, porque meu emprego não está bom. Ela me apoiou, qualquer que fosse minha escolha. Parece que somente eu quero as coisas, sabe. Ele está há cinco meses no interior do Rio e já me convidou para visitá-lo. Porém, nos finais de semana em que eu podia, ele estava trabalhando. Pedi várias vezes o endereço de onde mora e trabalha, porque queria mandar um presente. Ele não me deu os endereços. Convidei-o para passar o Natal e Reveillon comigo, para que ele não ficasse sozinho. Ele disse que os pais iriam pra lá e que iriam ficar vinte dias. Daí, eu disse que poderia passar o Ano Novo com ele e com os pais. Assim, aproveitaria para conhecê-los. Ele falou que não sabia qual ia ser a programação do Ano Novo, nem o que os pais queriam fazer. O que fazer? Será que ele gosta de mim, o mesmo tanto que gosto dele? Continuo como está ou termino? Não sei qual caminho seguir”.  

 

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Resposta:

Querida leitora, vocês começaram a namorar há nove meses. Se ele está morando no Rio de Janeiro há cinco, isso significa que ele se mudou, quando vocês tinham apenas quatro meses de relacionamento. Isso deve ter sido muito difícil porque, com pouco tempo de namoro, de repente, você passou a se relacionar à distância. Foi dito ainda, que existem ingredientes importantes na relação, que são respeito, carinho e confiança. Se sombra de dúvida, além da questão afetiva, os ítens que foram mencionados são importantíssimos. Você não tem desconfiança dele com relação a possíveis traições e, sempre que sai, procura informá-lo. Não acho que isso seja uma postura de submissão da sua parte, porque, provavelmente, você gostaria que ele fizesse o mesmo. Se a história parasse por aí, estaria tudo nos conformes. Porém, a continuidade do seu e-mail, aponta para uma direção não tão tranquila.

Vocês têm quarenta e quatro anos de idade. Ele já foi casado e, ao que tudo indica, você não. Penso que você tem toda razão quando diz que, nessa idade, ficar de namorico não faz lá muito sentido. Por outro lado, vejo o comportamento dele, de certa forma evasivo. Não tenho dizer se ele gosta de você ou não. Mas, o que podemos observar é que, pela postura dele, tudo indica que vocês estão em tempos diferentes. A maior prova disso é o fato dele dizer que tudo tem o seu tempo e que você é apressada. A partir daí, tudo parece ter desandado. Você, por um lado, mostra toda disposição para estar ao seu lado, inclusive, se mudando de cidade. Sua mãe disse que a apoia em qualquer decisão. Isso pode trazer algum conforto, mas, cá entre nós, não resolve a situação, não é mesmo?

Além disso, seu namorado apresenta uma conduta dúbia que, obviamente, traz confusão para sua mente. Por um lado, já te chamou algumas vezes para visitá-lo. Infelizmente, por motivos de trabalho, os encontros não se concretizaram. Por outro lado, não te dá os endereços da casa que mora e nem de onde trabalha. Estranho isso, não? Ainda na esteira das atitudes que te deixam angustiada, ocorreu o episódio do Reveillon. Usualmente, as pessoas que namoram ou que são casadas, gostam de passar estas datas com seus parceiros (as). Ele não abriu espaço para que isso acontecesse. E, olha que esse seria o primeiro ano novo que passariam juntos. Qual foi a desculpa dele pra evitar a sua ida? A de que ele não sabia qual seria a programação que ele e os pais iriam fazer. Honestamente, essa justificativa foi muito infeliz. Você não acha?

Dicas pra você: não vejo outro caminho a seguir, que não seja o de colocar as cartas sobre a mesa. Você não deseja continuar num relacionamento à distância, inclusive porque, quando começou a namorá-lo, ambos moravam na mesma cidade. Não tenho como dizer se, caso ele tivesse permanecido em Belo Horizonte, sua atitude teria sido diferente. Ou seja, que ele não te chamaria de apressada etc.  Nada garantiria que ele teria outro tipo de postura. No entanto, a somatória da distância, aliada à falta de atitude do seu namorado, tornou-se um martírio. Agora, mais do que nunca, chegou a hora de ir até o Rio de Janeiro para ter uma boa conversa olho no olho. Tente encontrar um final de semana que seja viável para ambos e vá ao encontro dele. Neste oportunidade, seria sábio colocar todas as suas insatisfações em relação ao seu comportamento e perguntar qual é a proposta de vida que ele tem em relação a você. Se seu namorado continuar insistindo nessa história de “deixa a vida me levar”, caberá a você, decidir se vale a pena insistir nesta história e até quando. Se isso for insuportável pra você, sugiro que repense a continuidade deste relacionamento porque, um namoro, tem de nos trazer alegria, prazer, satisfação, completude e não, tormenta. Pense nisso, se respeite acima de tudo e aja de acordo com o que verdadeiramente deseja para sua vida.

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

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