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Pergunta de leitora – Quero me separar mas não tenho dinheiro pra isso

“Dr. Douglas venho há dias acompanhando seu blog e  surgiu uma vontade imensa de me abrir com você. Tenho 29 anos, sou casada há 08 e meu marido tem 31. Temos uma filha de 02 anos. Ele é bom pai e muito trabalhador, mas, é  emocionalmente instável. É bipolar, mesmo! Isso comigo, com o pai, com a mãe e até com a filha mais velha, do seu primeiro casamento. Além disso, bebe muito e não sabe a hora de parar, o que agrava muito a situação. Sou parceira dele, o apoio nos seus projetos, estou sempre ao seu lado e não recebo nenhuma demonstração de carinho. Ele sempre me agride verbal e psicologicamente e passo a semana toda deprimida, angustiada e nervosa, em virtude de seu comportamento. Sei que fui traída; perdoei, mas essa ferida nunca cicatrizou. Sou incapaz de traí-lo. Já pensei em me separar várias vezes. Pra conversarmos, tenho de ficar pisando em ovos o tempo todo. Isso faz nosso relacionamento se desgastar e eu estou sentindo meu amor por ele acabar. Eu o amo, mas, não consigo sentir desejo por ele. Já disse que estou no meu limite e ele não acredita. No último episódio de agressão, ele chegou a quebrar um prato com a comida que eu tinha acabado de fazer, no meio da casa. Não dormimos no mesmo quarto há 15 dias e ele até hoje não se desculpou. Propus tratamento e a resposta foi negativa. Estou presa nessa vida infeliz, porque minha filha ama o pai, eu amo a filha dele que mora conosco e, além disso, existe a questão financeira. Não temos dinheiro para romper a relação e cada um ir para um lado. Uma coisa eu sei: tenho 29 anos, estou infeliz no amor e sei que, se fosse solteira, encontraria alguém que me valorizasse como mulher e que me daria o carinho que eu tanto sinto falta”.

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com  Não identificamos os autores das perguntas

 

Resposta:

Querida leitora, inicialmente, gostaria de dizer que, afirmar que uma pessoa é bipolar, é algo muito sério. O Transtorno Bipolar é uma psicopatologia – ou seja, uma doença mental, que requer tratamento. A pessoa que tem este transtorno, caso não seja assistida profissionalmente, sofre muito e prejudica todos os que estão ao seu redor. Se faz uso imoderado de álcool, então, a coisa fica ainda mais difícil. Quando bebem, usualmente tornam-se bastante agressivos e, por vezes, violentos. Não tenho como afirmar que ele tenha ou não a doença. Apenas um profissional da saúde (médico ou psicólogo), poderia emitir tal parecer.

Se ele não tiver a doença e isso for apenas uma expressão que você utilizou, isso ameniza um pouco a situação, mas, não elimina as dificuldades. Veja bem as coisas que estão no seu relato: ele não é uma pessoa carinhosa, não te respeita, te humilha, tem comportamentos hostis e você ali, sempre ao lado dele, sendo boa esposa, incentivadora, apoiadora etc. Essa balança está muito desequilibrada, não é mesmo? Isso, sem falar que ainda ocorreu um episódio de traição, você o perdoou e continua sendo vítima de todas as mazelas feitas por ele. Isso tudo em nome de quê? Do amor que você sente por ele? Será que você realmente o ama? Dormindo em quartos separados você já iniciou uma espécie de separação, porém, debaixo do mesmo teto, percebe?

Não nos casamos pra viver desse jeito. Quando escolhemos viver com alguém, precisamos avaliar o mínimo que conseguimos aceitar do outro. Isso em termos de companheirismo, amor, carinho, apoio, respeito, sexo, finanças e tudo mais. Aceitar menos do que isso, é simplesmente se resignar e viver com menos do que você classifica como mínimo. E, o que está baixo do mínimo, geralmente, beira o miserável. É isso que você está fazendo consigo mesma em termos afetivos. Vivendo uma casamento miserável, no qual falta praticamente tudo o que sempre desejou em um homem. Ter de ficar medindo as palavras o tempo todo, com medo de uma explosão verbal, ou quiçá, física, é uma condição de vida ultrajante. O episódio do prato que ele quebrou no chão, poderia ter sido no seu rosto. Você já parou pra pensar nesse tipo de coisa? As agressões de homens contra mulheres, usualmente, não começam com socos, pontapés e facadas. Existe uma escalada da violência que começa com agressões verbais, até culminar na violência corporal. É bom ficar extremamente atenta a isso.

Dicas pra você:  querida leitora, o primeiro problema que percebi no seu e-mail, foi o fato de você estar casada com uma pessoa agressiva, que não te respeita, não te dá carinho, faz uso excessivo de álcool e que não quer modificar suas condutas em absolutamente nada. A maior prova disso é o fato de você propor a procura de tratamento para tais questões e ele simplesmente recusar. S,e com ajuda profissional, muitas vezes é difícil promovermos mudanças profundas em nossas vidas, sem este tipo de orientação, a tendência de que tais modificações sejam feitas, fica ainda mais restrita. Essa recusa por parte dele é, realmente, um fator que dificulta tanto a manutenção, quanto a melhora da qualidade do relacionamento.

O segundo motivo apontado, para não conseguir se separar, é o fato de você amar a filha dele e, a sua, amar muito o pai. Perdoe-me a sinceridade mas, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Se sua filha tem uma relação boa com a figura paterna, isso é ótimo. Se você gosta da filha dele, muito bom também. Porém, nada disso quer dizer que você tenha de ficar casada com ele para o resto da vida. O amor paterno não tem que impor uma relação conjugal conflituosa e, por vezes, até mesmo danosa, para as crianças. É muito melhor que os pais se separem, do que permanecerem juntos, passando péssimos exemplos de convivência entre marido e mulher. Permanecer casada com alguém, apresentando tais justificativas, é colocar sobre os ombros dos filhos, inadequadamente, um peso que não lhes pertence.

Quanto à questão financeira, reconheço que possa ser um obstáculo. Entretanto, não pode ser um impedimento, a não ser que você queira acreditar nisso. Já tive contato com muitas mulheres que se esconderam atrás dos motivos financeiros e, consequentemente, se condenaram a uma vida conjugal ultrajante. E, também, já conheci diversas outras que não se submeteram a isso. Mas, como fizeram? Elas simplesmente abriram mão de um determinado conforto material. Desceram alguns degraus, tanto em termos de moradia, indo residir em locais mais simples, quanto passando a comprar roupas menos sofisticadas. Por vezes, ficaram sem carro por um período e deixaram de viajar. Com o passar do tempo, todas conseguiram retornar, ou até mesmo superar, o patamar anterior. Para elas, valeu muito mais a dignidade e a possibilidade de reconstruir suas vidas afetivas, a partir do que elas realmente querem e valorizam. E você? Qual será sua escolha? Você é muito jovem e tem a vida toda pela frente. Pense nisso e boa sorte.

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

www.douglasamorim.com.br

Instagram: @douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

 

 

 

 

Douglas Amorim

View Comments

  • Dr° Douglas estou desempregado, autodidata, cheio de amor pra dar, estou sempre em busca da excelência e duro. Mais pq duro? Cai na burrice de fazer um acordo verbal com minha atual esposa achando que tudo seria eterno aí qual foi o acordo? "Eu gasto e você guarda". Kkkkkkk me lasquei, veio a pandemia perdi o emprego e o dinheiro acabou me lasquei. Resumindo, quer ver o amor acabar? Bota dinheiro no meio e ela simplicidade não levou em consideração o nosso acordo, me lasquei. Observação; nenhum tipo de agressão pq sou rigorosamente equilibrado, apaixonado pelas mulheres, música, natureza, esporte e muito mais muito mesmo amante da tecnologia. Tenho 57 e 50 de esportes e ela 61 trabalhadora e aposentada, segundo ela 34 anos de juntos e 9 de casados, apenas um filho de 29 já fora de casa e é isso. As vezes bate a maior tristeza quando eu não tenho meu deizin (R$10) pra beber três latão de puro malte kkkkkmm eu acho que a pior surra vai ser quando chuver uma graninha (R$) juntar meus panos e meter o pé e tentar aproveitar a vida mais do que eu já aproveitei. Se o Dr° me perguntasse pq vc escolheu ela? Eu eria responder; olhei só o físico e não a mente, entendeu? Eu sei que ela me ama, não, eu acho e eu só gosto. Por isso que nunca me lasquei seriamente com mulher porque nunca me dei totalmente (emocionalmente) mais financeiramente me lasquei agora quero meter o pé e não tenho moedas (R$). Dr° a pergunta que não quer calar. O que o Dr° faria se estivesse no meu lugar? Obrigado Dr° e vamos que vamos mais só eu sei o que estou sentindo.

  • Bom dia, meu nome é Eliana tenho 38, anos duas filhas uma de 17 e a mais nova de 10 anos. Eu estou em união estável há quase 12 anos, estamos juntos depois de uma tragédia familiar; a morte da minha mãe que foi vitima de feminicidio. Na época namorávamos há 5 meses e eu me vi sozinha com uma criança de 5 anos, imaginem o desespero. Eu fiquei na casa dele por um mês, depois aluguei uma casa, não me ajudava com nada. Pra completar fiquei grávida, dai fomos eu morar juntos.
    É uma pessoa totalmente diferente do mim, eu sou expressiva, otimista, alegre e gosto de dar e receber carinho, o que não ocorre em nosso relacionamento, se quero um beijo tenho que tomar iniciativa. Homem bom, trabalhador, honesto, mais novo 5 anos, mas parece um velho com mais de 50. Eu sinto que não gosto dele como deveria, e sei que grande parte desse tempo em que estamos juntos, fiquei por gratidão e medo de assumir minhas filhas sozinha. Ele tem histórico de depressão, e eu tenho medo das consequências de nossa separação. Mas vivo infeliz. O que eu faço?

  • Tenho 54 anos e há 23 vivo um casamento totalmente destruído você acha que sou muito velha para mim separar?

  • Boa noite, gostaria de desabafar e se possível buscar uma ajuda, não vou ficar contando minhas lutas pois só quem vive sabe... Eu estou casada há quase 10 anos, tenho 2 filhos uma de 6 anos na escola pública meio horário e um de 3 em tempo integral na escola particular, no começo eu tinha uma pensão que recebia por morte do meu pai e dividia as despesa com meu marido ha 4 anos perdi minha pensão e graças a Deus consegui minha casa própria que meu pai tinha deixado para mim, depois disso o marido arcou com as dispensas, hoje eu estou desempregada, com 2 filhos e sem familiares e amigos que possam me ajudar, e com meu marido jogando na minha cara que eu só tenho a casa e os meninos pra cuidar, com essa falta de consideração e muitas brigas por ele passar alguns estresses na rua e eu estar em casa só cuidando dos meninos eu não estou conseguindo suportar essa situação fico quebrando a cabeça para saber por onde começar, tenho minha casa mas não tenho com quem deixar meus filhos para trabalhar, já me candidatei a vagas mesmo sabendo que eu ou alguém poderá pegar meos filhos na escola, além de não mandarem resposta eu tbm não tenho uma pra falar quando alguém me chamar, se chamarem... Estou sem saída e infeliz. Tenho 25 anos, desempregada, sozinha, e infeliz em um casamento infeliz que não posso sair dele... Sou totalmente dependente dele ?

  • Não sei o que fazer??? Como reconstruir minha vida,se não consigo ao menos deixar meus filhos bem,eles já estão sentindo pela separação,mas acham que vai ser legal ter duas casas e etc... Mas a realidade é bem outra pra mim.

  • Estou passando por esse mesmo problema,Estou desesperada e deprimida,parei de trabalhar faz um ano,pra me dedicar as crianças e agora meu casamento acabou e já sei por onde começar... Sem emprego,sem parentes em SP e com pessoas me cobrando caríssimo pra cuidar deles...

  • Meu marido pediu o divórcio pra ir viver com uma mulher que já tinha câncer, nos divorciamos e dois anos depois as brigas entre os dois então na fase das agressões, mesmo em tratamento com câncer ela engravidou e teve uma criança que hj tem um ano e meio ela é encostada pelo inss e tenho outros dois filhos de outro relacionamento ela ameaça por ele na cadeia por causa do câncer é possível???

  • Prezado Dr. Douglas,
    Diga a sua seguidora que sou advogado e atuo em varas de família em Belo Horizonte.
    Se o problema dela for real e somente falta de dinheiro para bancar as despesas de um divórcio, pode me procurar que faço o serviço jurídico sem qualquer custo para ela voltar a ser feliz.

    • Pelo que entendi o problema é que ela não tem trabalha. O problema financeiro é que saindo da casa ela não terá como se sustentar.

  • Quando ouça uma história de violência assim, fico imaginando se o marido não está provocando para que a mulher tome a iniciativa da separação.

    • Muito pelo contrário. Pelo perfil que ela passou há chances de ser daqueles que se caso ela se separar nunca vai deixar ela em paz. Correndo o risco de ir para as vias de fato e fazer uma grande besteira.

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