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Resposta:
Querido leitor, costumo dizer que estamos vivendo a era da imagem e informação. Ao ligarmos a televisão ou acessarmos a internet, inevitavelmente, iremos ver algum tipo de mensagem que fala sobre estética. Isso, dentro e fora dos programas. Nas novelas e séries, por exemplo, sempre vemos atrizes com corpos magros e esculturais, ou então, homens muito fortes. Quando passa o comercial, também assistimos pessoas assim, anunciando produtos, dietas, roupas etc., com o intuito de incentivar os espectadores a terem o corpo perfeito. Ou seja, se hoje, qualquer informação viaja a uma velocidade e quantidade impressionantes, podemos concluir que essas mensagens podem ser boas ou ruins. E, essa mensagem de exigência da perfeição do corpo, é bombardeada 24 horas por dia, em todos os meios de comunicação.
A ideia passada é a de que você terá sucesso e felicidade, somente se adequar seu corpo a um modelo pré-estabelecido. Mas, pré-estabelecido por quem? Se formos investigar a fundo essa premissa, iremos encontrar lá no fundo, algo ancorado no sistema capitalista. Portanto, tudo isso é pra alguém ganhar dinheiro de alguma forma. Seja vendendo emagrecedores, roupas, aparelhos de ginástica, tratamentos estéticos, cosméticos e mais uma parafernália de coisas. Com isso, muitas pessoas embarcam neste pensamento, sem estabelecer um mínimo de crítica. Esse é o maior problema: ser literalmente manobrado por essas informações, podendo até mesmo adoecer, como nos casos dos Transtornos Alimentares.
Não tenho nada contra as pessoas desejarem ter o corpo mais bonito e se dedicar a isso. Entretanto, quando essa dedicação começa a ser exagerada e traz prejuízos a outras áreas da vida como a afetiva, social, profissional e financeira, entre outras, é hora de se repensar. Existem indivíduos que começam a passar praticamente metade do dia da academia. Outros, tomam laxantes e medicamentos diversos por conta própria. Há ainda aqueles que são eternamente insatisfeitos e vivem em mesas de cirurgia plástica. Cuidar de nossa aparência aumenta a auto-estima, propicia felicidade e realização pessoal. Fazendo isso com equilíbrio e sensatez, os ganhos são indiscutíveis.
Dica pra você: o que entendi como ponto fundamental de sua mensagem é o fato da sua esposa estar excessivamente voltada para a questão estética. A partir dessa sua insatisfação, a relação do casal piorou. Ou seja, ela está tão voltada pra si mesma que você está se sentindo, de certa forma, preterido. Algo que eu pensaria ser mais ou menos assim: um dia que vocês poderiam almoçar fora, ela não quer ir porque sairá do regime e não quer engordar. Em outra oportunidade que você gostaria que passeassem, recebe uma negativa porque ela passará parte do dia na academia. Em um final de semana que você a convidaria para ir ao clube, ela se recusaria a ir porque tem de praticar corrida e ir ao salão depois.
Se a situação for mais ou menos nestes termos que mencionei, realmente vocês estão aproveitando pouco a vida de casados. Com isso, começaram a surgir atritos como os que você descreveu. Falta de compreensão, ponderação e, de certa maneira, até mesmo, antipatia. Tanto que, se vocês forem viajar, é necessário que outro casal esteja presente porque você não está dando conta de ficar sozinho com ela. Possivelmente, sua esposa também esteja sentindo o mesmo.
As palavras fundamentais neste enredo são: diálogo, equilíbrio e organização do tempo. Está na hora de você convidá-la para debater o assunto. Um casamento envolve concessões. Se um dos parceiros ficar excessivamente rígido e não estiver disposto a abrir mão de algumas coisas, duas possibilidades de apresentarão. A primeira é a de um dos cônjuges passar a vida numa posição subserviente ao outro e, consequentemente, infeliz. A outra, é a separação. Ou seja, a pessoa que se sente preterida não suporta ficar nessa condição e acaba optando pela ruptura do relacionamento. Diga que você valoriza o cuidado que ela tem com a beleza e que isso, inclusive, te orgulha. No entanto, o excesso está fazendo você se sentir em certa medida, deixado de lado.
Proponha que ela organize melhor o seu tempo para esses cuidados, de forma que isso não atrapalhe o convívio de vocês. Tudo isso, querido leitor, sem brigas. Tente propor uma reflexão conjunta, sem a desvalorização do que ela considera importante mas, sim, primando por uma melhor organização do tempo dela e que uma coisa não precisa ser trocada por outra. Entenda-se: vida de casal não tem de ser substituída por cuidados com a beleza e saúde. Ambos podem coexistir sem nenhum tipo de prejuízo para o casal. Pense nisso e boa sorte pra vocês!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
www.douglasamorim.com.br
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