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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Pergunta de leitora – Fui demitida, enlouqueci, quis me matar e quero sair de casa

“Bom dia, Dr. Douglas! Tomo remédios para depressão desde 2004. Há dois anos minha mãe faleceu. Além disso, fui tirada de uma nova função que havia obtido na empresa em que trabalhava. Saí louca de lá e briguei com todos de casa. Minha irmã, que nem sabia o que estava acontecendo comigo, quis até chamar a polícia pra mim. Parecia que eu estava possuída. Fiquei desequilibrada, tentei me suicidar, mas na hora, a extensão de luz partiu. Raspei a cabeça, fui parar no CERSAM de Venda Nova e fiz tratamento lá. Ia todos os dias. Apesar de ter ficado no meio de pessoas com dependência química e doentes mentais, gostei muito do tratamento e fui muito bem amparada. Além disso, fiz tratamento espiritual no Centro espírita Gama Luz, o que me ajudou muito. Voltei para meu antigo emprego, há um ano e meio, graças a Deus. Moro com minhas irmãs. Uma delas tem epilepsia e sempre usou a doença para não fazer nada e maltratar a gente. Um “belo dia”, resolveu que não iria mais tomar os remédios. Resultado: três dias no CTI e dez no hospital. Agora, está em casa com acompanhante, pois, eu e minha irmã de 64 anos, não podemos parar de trabalhar para ficar com ela. Estamos cansadas e ela não nos respeita. Estou desesperada, doida pra pagar um aluguel e sair de casa, mas, penso muito nessa irmã. Faço tratamento com uma psiquiatra muito boa. Atualmente tomo Sertralina, Zolpidem e Lítio. O que eu faço? Obrigada pela oportunidade de me desabafar e me aconselhar. Abraços”.

 

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Resposta:

Querida leitora, antes de mais nada, precisamos ficar muito atentos ao descontrole que você teve, quando lhe foi retirada, a função que havia obtido. Não sei ao certo os motivos, mas, fato é que isso aconteceu. Nãos sei se por deficiência técnica, se por politicagem empresarial, corte de custos ou seja lá o que for. Fato é que os jogos empresarias são duros e engana-se quem acha que tudo nas firmas são flores. Este golpe foi tão violento que você tentou até o suicídio! Parece que tentou se matar com um fio de eletricidade ou algo do gênero. Ainda bem que este fio se partiu e você teve condição de buscar ajuda.

Fico extremamente feliz em saber que você procurou auxílio e que foi bem atendida no CERSAM de Venda Nova. Infelizmente, estamos acostumados a falar mal de praticamente tudo o que é público, no Brasil. Felizmente, existem espaços em que pode se ter bom atendimento e acolhimento em nossa cidade. Além disso, vi que começou a frequentar o Centro Espírita Gama Luz. Conheço algumas pessoas da coordenação da casa e posso atestar que é uma instituição seríssima e de muita credibilidade.

Portanto, fica uma grande lição para a vida: diante de determinadas dificuldades que se apresentam em nosso caminhar, temos possibilidades infinitas de superá-las. Ter perdido a função que mencionou e atentar contra a própria vida é algo muito exagerado e que merece uma reflexão profunda para o resto da sua existência. Felizmente, você viu e sentiu na própria pele que, questões emocionais têm tratamento e que o isso pode ser obtido em lugares públicos ou privados. Basta querer realmente melhorar, arregaçar as mangas e ir atrás. Cometer suicídio não é solução pra nada. Viver vale a pena, mesmo diante dos obstáculos que surgem em nosso caminho.

Dicas pra você: que bom que voltou para seu emprego! Mérito seu que foi atrás disso, também! E, muito legal o fato de você ter ido cuidar do espírito. Somos corpo, mente e espírito e, este último, também requer atenção. Por falar em atenção, isso é o que parece que sua irmã que tem epilepsia está querendo. Pelo jeito, ela usa a doença para manipular a todos. E, o pior de tudo é que ela está conseguindo. Creio que esteja na hora de parar de fazer os mimos dela e tentar levá-la ao CERSAM, para que ela inicie um tratamento por lá, que pode ser psicológico, psiquiátrico ou ambos. Agora, se ela não quiser se tratar e atentar contra a própria vida, não há o que se fazer. Parar de tomar a medicação para epilepsia foi um mecanismo de manipulação e controle que ela criou para escravizar vocês, tipo: “se vocês não fizerem o que eu quero, paro de tomar o remédio, hein”!

Se ela fizer isso, chame o SAMU, deixe que ela seja encaminhada para um hospital público e lá, peça o encaminhamento dela para uma instituição de saúde mental, porque é isso que ela está precisando. Ninguém tem o direito de fazer uma chantagem deste tipo (aliás, nenhum tipo de chantagem deveria ser feita) e simplesmente paralisar a vida dos outros. As pessoas fazem escolhas. Muitas as fazem de forma equivocada: álcool, crack, violência, suicídio, omissão com a própria saúde, entre outras. Por fim, querida leitora, uma coisa não tem jeito: todos temos de nos responsabilizar por nossas opções de vida. Não seja mais uma escrava e, se ela cometer a mais extrema atitude, assim como você o fez, não será culpa sua. Ninguém pode ser culpado por uma decisão drástica como essa. Você já é bem amparada por uma psiquiatra e, espero que esteja sendo acompanhada por um bom psicólogo, também. Pense nisso, fique em paz e boa sorte pra vocês!
Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

www.douglasamorim.com.br

Instagram: @douglasamorimpsicologo

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