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Resposta:
Querida leitora, essa é uma questão mais frequente do que você imagina. Muitas pessoas chegam ao meu consultório com esse tipo de demanda. Geralmente, estão esgotadas, por vezes depressivas, com auto-estima extremamente baixa e não cuidam bem de si mesmas. Eu não tenho a convicção de que a maior parte das pessoas que dizem sim para tudo, o fazem por ter uma alma absolutamente altruísta. Claro que existem pessoas que possuem senso de generosidade e caridade indiscutivelmente elevados. No entanto, outros motivos podem levar as pessoas a não conseguirem dizer não. Essa dificuldade estaria ancorada fundamentalmente em quatro medos:
1 – Medo de dizer não para alguém e, caso você venha a precisar desta pessoa algum dia, ter o auxílio negado;
2 – Medo de que a pessoa passe a não gostar de você e se afaste de seu convívio em virtude da negativa dada;
3 – Medo que ela passe a lhe tratar mal;
4 – Medo de que ela espalhe para os outros que você é um ser egoísta e que não se presta a ajudar pessoas em dificuldade.
Questões de ordem cultural também estão envolvidas na dificuldade de ser dizer não. Eu sinto que no Brasil, dizer não é quase um “pecado”. Digo isso porque, em outras culturas, como na norte-americana, por exemplo, esse é um procedimento normal, absolutamente assimilado pela população. E mais: eles dizem não, simplesmente, e pronto. Em nosso país, caso queiramos dizer não, às vezes temos de arrumar uma série de justificativas para aquela negativa, justamente por parecer ser quase proibido dizer não a alguém. Quando dizemos não, comumente interpreta-se isso como algo não natural e até mesmo ofensivo. É como se fizesse parte de um protocolo você ter de atender àquela demanda, sob pena de ser taxado como vilão.
Dica pra você:
O fato de você dizer que se sente boba chegou a um ponto que considero valioso. Este ponto chama-se tomada de consciência. Esse é o primeiro passo e, talvez, o mais importante. Digo isso porque existem pessoas que passam a vida inteira atendendo as demandas alheias, sendo literalmente exploradas, muitas vezes, sem se dar conta disso. A partir da tomada de consciência é que surge a possibilidade de escolha. Vou querer enfrentar meu medo de dizer não? Irei colocar limites para que não me façam de gato e sapato? Até que ponto vou me prontificar a ajudar as pessoas, sem que isso me faça mal? Essas são as perguntas que você precisa responder a si mesma.
Caso opte por começar a colocar limites nos outros, o que entendo ser o mais recomendável, prepare-se para um novo problema: as pessoas para as quais você sempre esteve solícita, a partir de suas novas condutas, podem realmente se afastar de você e, tudo que você tinha feito por ela até hoje por elas, poderá não ter valido nada. Isso não é algo raro de acontecer; alias, muito pelo contrário. Se assim for, pelo menos você poderá concluir sobre quem era verdadeiramente amigo e quem estava próximo apenas por interesse. Portanto, assim como o sim, o não deve ser interpretado por todos nós como algo natural, e não, como indelicadeza ou desconsideração.
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
www.douglasamorim.com.br
Instagram: @douglasamorimpsicologo
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Sua resposta foi tão clara e objetiva que me mostrou como agir em minhas atitudes futuras. Obrigado.
Muito obrigado pelo elogio, Robson! A intenção do blog é exatamente essa!Grande abraço!