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Meu namorado me abandonou grávida de gêmeos

“Olá, Dr. Douglas Amorim. Estou passando por um momento muito delicado. Encontro-me grávida de 05 meses, de gêmeos. Essa gravidez foi muito planejada e esperada. No começo, meu namorado estava amando e demonstrava muita felicidade com os nossos bebês. Sempre nos demos muito bem. Já brigamos muito, mas, a relação sempre foi boa. As únicas dificuldades, são que ele só quer as coisas do jeito dele, além de não querer se relacionar com a minha família. Nossa briga começou porque ele quer que eu vá morar com a mãe dele. Não na mesma casa, mas, no mesmo lote. Assim não da para mim. A mãe dele é muito boa, porém, é muito entrona. Lá também moram outras pessoas e isso nunca daria certo para mim. Ele não aceitou o fato de eu não querer e falou que se arrependeu de ter me conhecido. Disse que não se importa com mais nada e que não quer saber mais de mim e nem dos filhos. Frisou que quer viver como antes e que eu sé piorei a vida dele. Estou muito angustiada com essa situação. Sinto-me só e não consigo dormir. Respeito a decisão dele, porém, estou sofrendo muito. O pior é que eu saí do meu trabalho pouco antes de engravidar e ele não quer nem falar comigo. Estou muito preocupada e angustiada, pois não sei o que fazer. Como eu posso superar tudo isso em um momento tão delicado da minha vida”?

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Resposta:

Querida leitora, confesso que fiquei um pouco confuso com o início da sua mensagem. Você disse que essa gravidez foi muito planejada e esperada. Disse também que estava grávida do seu namorado. Achei estranho isso. Não que eu queira ser antiquado ou coisa do gênero, mas, quando falamos em gravidez planejada, não se espera que tal planejamento seja feito depois que as pessoas se casam? Não estou querendo dizer necessariamente o casamento formalizado civil e religiosamente. Pode até ser depois que estiverem morando juntos. Eu entendo isso como um planejamento mínimo para se ter um filho. Da forma como você descreveu,sinceramente, eu não vejo nada planejado, inclusive porque vocês ainda estavam na condição de namorados e sequer tinham onde morar. Tudo bem. Pode ser que eu esteja errado.

Foi dito que vocês sempre se deram muito bem, apesar de terem brigado muito ao longo dos tempos. Também não entendi essa parte. Se brigaram muito, não seria sinal que vocês não se davam tão bem assim? Sei lá. De repente, eu posso estar errado nisso também. De acordo com seu relato, apesar de você considerar que se davam bem, dois pontos foram citados, os quais considero extremamente importantes. O primeiro, o fato dele querer as coisas somente do próprio jeito. Quem age assim é egoísta e/ou egocêntrico. Ou seja, acredita ser o centro do universo e acha que todos devem concordar com seus desejos. Caso contrário, se frustram, tornam-se agressivos, grosseiros, impulsivos e mais uma pá de coisas. O outro fato, é a negação dele em se relacionar com sua família. Não sei se já houve atrito entre eles ou se isso seria apenas um capricho de um sujeito que, ao que tudo indica, parece ser muito mimado.

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O comportamento apresentado por ele é típico de pessoas imaturas. Ou seja, se não é do meu jeito, eu apelo, largo tudo pra trás e dane-se. É o que ele está fazendo. Passou a ser agressivo com você, te destratou, disse que queria voltar a viver como antes e que você só fez a vida dele piorar. Tudo isso porque você não quis ir morar ao lado de uma sogra que, apesar de boa pessoa, se porta de forma invasiva? Parece-me um exagero bastante infantilizado, diga-se de passagem. Isso, sem falar em outras pessoas que dividem o mesmo espaço que, possivelmente, você nem conheça. Não acho que você esteja errada em não desejar ir para tal ambiente. De verdade.

Dicas pra você: se ele não estiver aberto ao diálogo, infelizmente não há o que se fazer. O ideal seria vocês discutirem sobre uma possibilidade melhor de moradia, que agradasse aos dois. Um casamento precisa ser permeado pela conversa e pela negociação o tempo todo. Se você não tentou propor isso a ele, penso que seja hora de fazê-lo, apesar de ele estar muito arredio e só fazer o que deseja. É até interessante você pensar em como seria a vida ao lado e uma pessoa que tem este temperamento. Posso te adiantar que não seria nada fácil. Porém, eu não tenho o direito – e nem o desejo – de escolher por você. Se ele demonstrar mais flexibilidade, pode ser que consigam seguir adiante. Se permanecer rígido como está, o que você tem a fazer é cuidar da sua saúde e dos seus bebês. Concentrar-se para ter um restante de gravidez tranquila – na medida do possível – e não construir expectativas quanto a um possível retorno dele. Isso pode acontecer? Claro. Entretanto, pelo que ele disse, atualmente esta não é a intenção. Portanto, foco em você e nos seus filhos e muita atenção em alimentação, descanso, atividade física moderada e orientada para fazer bem aos bebês. Leia bastante coisas sobre criação e educação de filhos, principalmente bebês, caso esta seja sua primeira gestação. Como disse anteriormente, o foco agora é você e nos seus filhos. Bom restante de gravidez pra você!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

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