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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Meu filho está perdido profissionalmente. Como ajudá-lo?

indecisao profissional

“Bom dia, Dr. Douglas Amorim. Meu filho já deveria estar trabalhando há muito tempo, mas não está. Nas vezes em que tentou, não deu certo, pois ele parece não aceitar que seu comportamento seja questionado. Atualmente, está terminando a faculdade, mas, não visualiza nada na área que escolheu estudar. Fica sempre esperando não sei o quê… Agora está querendo que eu compre um carro para que ele possa trabalhar dirigindo Uber. Disse que irá assumir as prestações do veiculo. Isso dará certo? Não sei mais o que fazer para ajudá-lo. Ele não é um rapaz ruim, mas ainda não se acertou no trabalho e na vida. Já estou ficando com idade avançada e não poderei ajudá-lo eternamente. Como e o que fazer para que ele se encontre? Até psicólogo já paguei. Infelizmente, ele não quis continuar comparecendo às consultas. Como agir”?

 

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Resposta:

Querida leitora, estamos passando por uma fase que me preocupa muito, do ponto de vista profissional. Gostei de ter recebido sua pergunta, porque ela reflete a angústia que muitos pais estão vivenciando, no Brasil, sobretudo nas grandes cidades. De um tempo pra cá, ando muito ressabiado com nossos jovens. Principalmente aqueles que estão na faculdade ou que se formaram recentemente. Atendo as mais variadas pessoas em meu consultório e, alguns destes jovens já estiveram aqui comigo. Por outro lado, atendo também, empresários, diretores, gerentes e coordenadores de todo tipo de empresa.

O que tenho visto é alarmante. Muitos jovens não param em emprego nenhum, porque simplesmente, não toleram ser criticados, advertidos, orientados, ou então, simplesmente, receber ordens. Parece haver uma espécie de rebeldia permeada pelo “só faço o que quero”. Em síntese, querem trabalhar da forma que bem entendem, ignoram hierarquia, querem ganhar muito sem ter experiência alguma e acabam sendo demitidos, porque, afinal de contas, chefe nenhum tolera insubordinação. Claro que não são todos os estagiários ou recém-formados que agem assim, porém, de acordo com o que ouvi das pessoas que os contratam, é exatamente o que acontece.

Seu relato apenas ilustra mais um destes casos. Ele tentou trabalhar e não continuou, porque não tolerou ser questionado. Com isso, algumas dessas pessoas começam a querer migrar para atividades autônomas. Nesse segmento, não há chefe, elas fazem seu próprio horário, não obedecem ordens e sentem-se livres. Ser autônomo não tem nenhum problema. Porém, tem seus ônus, além dos bônus mencionados. Além do mais, ser autônomo construindo uma carreira como médico, dentista, advogado, contador etc, montando seu próprio negócio, é uma coisa. Dirigir Uber é outra bem diferente. Ah, Douglas Amorim, então quer dizer que você tem preconceito em relação aos motoristas de Uber? É claro que não. Eu mesmo, usualmente, utilizo (e aprovo) esse serviço, quando tenho necessidade.

O ponto em discussão aqui não é o de menosprezar essa atividade, mas, sim, entender, os motivos do seu filho querer migrar para esse ramo que, inclusive, apresenta ganhos relativamente limitados. Já atendi vários motoristas de Uber e posso assegurar isso, de acordo com o tudo o que ouvi. Um jovem que mal terminou a faculdade, desejar seguir essa rota, pelo simples fato de não aceitar ser questionado, é muito triste, no meu humilde modo de entender. Por outro lado, ele tem todo direito de fazê-lo. Ninguém pode interferir na escolha profissional de outra pessoa. É muito frequente vermos conflitos entre pais e filhos no que diz respeito às decisões laborais e afetivas destes últimos. Os pais não podem definir no que o filho irá trabalhar. Isso não dá. Agora, o que não dá também, é o filho fazer uma determinada opção e exigir que pai e/ou mãe banquem ou financiem seus desejos.

Dicas pra você: pelo visto você é uma mãe bastante zelosa. Isso é muito bom, porém, é preciso que tome consciência de até onde pode e deve ir. Suas preocupações são totalmente coerentes, principalmente, a de que não estará aqui para ajudá-lo a vida toda. Não concordo com o fato de você comprar um carro para que ele trabalhe. Existem outras alternativas como, por exemplo, locação de carros. Várias locadoras oferecem este tipo de contrato para motoristas da Uber. Paga-se uma mensalidade e usa-se o carro. Vários deles estão fazendo assim. Sugiro que ele faça isso até porque, caso não dê certo, basta entregar o carro e ponto final. Assim, não ficaria nenhuma dívida, caso ele não goste da atividade, percebe? Parece-me que ele não quer receber ajuda, a não ser que seja exatamente da forma que ele quer (compra do carro). Ajuda do psicólogo, para que possa ser organizar mentalmente, ele não quis. Cada um é responsável pelas suas escolhas e você não deve se sentir culpada pelo caminho profissional que ele optar. Lembre-se: toda ajuda tem limite, mesmo que seja para os filhos. Cuidado para não se endividar e fazer o que já está ruim, ficar pior.

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

 

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