Meu relacionamento tem conserto? Como fazê-lo?

“Olá, Dr. Douglas. Meu relacionamento de 01 ano e 10 meses chegou ao fim. Eu tenho 17 anos e ele 25. No primeiro ano de namoro, sofremos por causa de sua ex-namorada, com a qual tem um filho de 02 anos. É ele quem cuida do filho e ela morria de ciúme de mim. Foi uma fase difícil, mas, conseguimos superá-la. Eu sempre amei e cuidei do filho dele e, essa criança, fortaleceu nosso amor. Casamos há 10 meses, porém, não soubemos superar nossas diferenças. Mudei muito quando fui morar com ele. Éramos bem diferentes e tínhamos costumes também muito diferentes. Começamos a brigar demais por qualquer coisa.  Ambos éramos muito ciumentos um com o outro. Um certo dia, fiquei com muito ciúme e acabei brigando com ele no meio da sua família. Eu, simplesmente, me descontrolei. Depois disso, terminamos. Sei que nos amamos, mas, estávamos perdendo o respeito mútuo. Estou sofrendo porque ele está saindo para festas e curtindo com os amigos. Estou ficando magoada. Morro de medo dele arrumar outra pra ficar no meu lugar. Recebi uma oportunidade de ser modelo internacional, na mesma agência que uma amiga minha trabalha. Se tudo der certo, estarei indo embora, em breve. Será que a distância poderá significar a cura para meu relacionamento? Ou será o fim dele? Mesmo indo a trabalho, sempre retornaria com alguma frequência. Talvez a distância faça com que a gente se conheça de novo, com o olhar mais maduro e o coração mais decidido”.

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Resposta:

Querida leitora. Se você tem 17 anos e estava com quase dois anos de relacionamento, isso significa que vocês começaram a namorar quando sua idade era 15 ou 16 e, a dele, 23. Realmente, engana-se quem pensa que casamento é um mar de rosas durante todo o tempo. Este tipo de união, pressupõe duas pessoas, de origens diferentes, que foram criadas por famílias com suas respectivas culturas, tendo passado por experiências variadas de vida e que, por se amarem, resolvem viver debaixo do mesmo teto. Administrar as diferenças, fazer concessões, ter tolerância e equilíbrio, não são tarefas das mais fáceis. Apesar de eu não gostar muito de fazer uma relação direta entre idade e maturidade, não há como não dizer que vocês decidiram se casar, ainda muito jovens. Você, então, sequer é maior de idade. Claro que muita gente poderia afirmar que há pessoas mais velhas e imaturas, ao passo que existem jovens bastante maduros. Isso é verdade. No entanto, experiência de vida só é possível de ser construída com os anos que se passam.

Pois bem. Passaram-se dez meses e vocês não conseguiram lidar com as diferenças ora mencionadas. Além disso, surgiu, também, um ingrediente que, se não for bem dosado e administrado, pode representar um verdadeiro veneno para qualquer relacionamento. O nome deste ingrediente é ciúme. Seu casamento acabou a partir de uma cena de descontrole, na qual você brigou com ele, na frente de sua família. Não adianta amar alguém se não souber respeitar e, principalmente confiar. Uma determinada quantidade de ciúme é natural e pode até ser benéfica para um namoro ou casamento. Porém, em demasia pode culminar, inclusive, em tragédias, como vemos em crimes passionais. Você mesma disse que o respeito acabou de ambos os lados. Isso é gravíssimo porque, como sempre digo para meus pacientes e leitores, o amor é muito importante em um relacionamento, mas, nem de longe, consegue sustentá-lo sozinho. Ingredientes como confiança, companheirismo, tolerância, respeito e solidariedade, entre outros, são fundamentais. Ao que tudo indica, estes ingredientes importantíssimos não estavam presentes.

Uma vez que vocês terminaram, é mais do que natural cada um seguir seu caminho, buscando ser feliz, cada qual à sua maneira. Eu entendo o fato de você ficar chateada ao saber que ele está indo com os amigos para a farra. No entanto, ele tem todo direito de fazê-lo, assim como você também o tem. E, seria muita ilusão de sua parte, acreditar que ele não irá arrumar outra mulher, inclusive, por ser muito jovem. O mesmo vale pra você. Como disse logo acima, você sequer chegou aos dezoito anos e tem toda a vida pela frente. É claro que você também irá encontrar alguém. Se o respeito foi perdido e não há, minimamente, a possibilidade de recuperá-lo, é assim que deve ser. Cada um irá buscar viver da melhor forma possível. Se você achar que isso pode ser melhorado, e ele também, vale tentar uma reconciliação. Portanto, o que penso que deva nortear sua atitude é avaliar se, de ambas as partes, existe, em primeiro lugar, o desejo de tentarem reatar. E, em segundo lugar, se estão dispostos a tentar se comportarem de forma diferente. Se isso não existir, nada feito.

Dicas pra você: com toda sinceridade, acho que sua pergunta, ao final do e-mail, é totalmente irrelevante. O fato de você ter a possibilidade de ter uma carreira como modelo, na minha opinião, não tem nada a ver com tudo o que foi dito. Essa conversa de distância curar ou não seu relacionamento, é uma bobagem. Isso não fará com que vocês se conheçam de novo, com olhar mais maduro, como você falou. O que fará a diferença, como eu já disse, é o desejo autêntico de se reatar, aliado a propostas honestas de modificação de comportamento. Por fim, muito cuidado com esta história de carreira de modelo internacional. Conhecemos um número enorme de mulheres que acreditaram nisso e, quando chegaram em outros países, constataram que a carreira não era necessariamente a de modelo, se é que me fiz entender. Pense nisso e cuide de você da melhor maneira possível: ou seja, com coerência, respeito e equilíbrio. Boa sorte!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

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