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Ele me traiu. Voltamos mas estou infeliz. O que fazer?

“Olá, Dr. Douglas. Se for publicar isso, peço que coloque de forma anônima. Tenho 22 anos e namoro um rapaz de 23. Temos 06 anos de namoro. Os 03 primeiros foram conturbados, com alguns términos no início, por insegurança minha e por vontade de ficar sozinha. Isso acontecia, porém, acabávamos voltando. Após de 03 anos de relacionamento ele me traiu com uma companheira de trabalho. Descobri tudo e terminamos. Alguns meses depois ele me procurou e pediu perdão. Eu ainda gostava dele e me sentia, muitas vezes, sozinha. Minha família me apoiou para voltar e foi o que acabei fazendo. Contudo, hoje, já com mais de 06 anos juntos, frequentemente me sinto infeliz e incompleta. Confio nele, mas, tenho muito medo dele me trair de novo. Além disso, em muitos momentos, é grosso e ciumento comigo. Tenho tido vontade de conhecer outras pessoas e me relacionar. No entanto, ao mesmo tempo, tenho medo de terminar tudo e me arrepender. Estou muito confusa e não sei se conseguiria terminar pessoalmente. Isso nunca aconteceu comigo. Sempre terminamos por telefone e tenho dificuldade em tomar esta decisão. Ah, ele é meu terceiro namorado. Obrigada desde já”.

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com Não identificamos os autores das perguntas

Resposta:

Querida leitora, em primeiro lugar, não precisa se preocupar com identificação. Este não é objetivo do meu blog. Minha intenção é a de tentar trazer alguma ajuda para as pessoas que me enviam perguntas. Penso também que, esclarecer a dúvida de um determinado leitor, pode ajudar outro, que esteja passando por problemas semelhantes. Portanto, fique tranquila quanto a isso. Não apenas você, mas, todos que me escrevem. Dito isso, vamos analisar sua questão. No seu relato, aparece a informação de que estão juntos há seis anos e que vocês têm idade semelhante. Portanto, o namoro começou quando ainda eram bastante novinhos, com dezesseis e dezessete anos, respectivamente. Houve términos e retornos, possivelmente por imaturidade, porém, fato é que, a relação foi se sustentando de alguma maneira, até que chegou aos seis anos de duração.

Bem no meio do relacionamento, ou seja, após três anos, houve um episódio de traição por parte dele. Não sei como isso foi descoberto mas, o que ocorreu foi que, passado algum tempo, vocês acabaram voltando, mediante um pedido de perdão feito por ele. Solidão e afeto foram os motores que impulsionaram seu retorno, que foi apoiado, inclusive, pela sua família. Acontece, queria leitora que, ao que tudo indica, você no fundo, no fundo, não conseguiu perdoá-lo. Possivelmente você queira acreditar nisso que, na minha humilde opinião, não ocorreu. A maior prova do que estou dizendo, se apresenta na seguinte frase, escrita por você: “Confio nele, mas, tenho muito medo dele me trair de novo”. Percebe a contradição que existe nesta fala? Ao mesmo tempo em que você diz que confia, menciona que tem medo de que ele te traia novamente. Ou seja, em última instância, isso significa que você não confia nele. É esta falta de confiança que faz com que você se sinta infeliz e incompleta. Foi aí que a coisa trincou, entende?

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Sempre digo que, num relacionamento, existem muitos outros ingredientes, tão importantes quanto o amor, que se fazem absolutamente necessários para o êxito do casal. Entre esses elementos está a confiança. A desconfiança, atrelada ao fato de não ter perdoado seu namorado, lá no seu íntimo, faz com que você venha tendo, inclusive, o desejo de conhecer e se relacionar com outras pessoas. Nenhum namoro ou casamento conseguirá seguir adiante se um ou ambos os parceiros, têm estes desejos e/ou pensamentos. Portanto, o que me parece é que os alicerces que sustentam sua relação com ele, permanecem os mesmos que te fizeram reatar o namoro, quando descobriu que ele havia te traído. Ou seja, estamos falando de medo de ficar sozinha e afeto. A experiência clínica ao longo destes anos, me aponta para o fato disso ser insuficiente para sustentar um relacionamento de qualidade. Pode até sustentar, mas, de qualidade muito questionável, pelo menos, para um dos parceiros.

Dicas pra você: o que me parece mais importante no seu relato, não é o fato de pensar em terminar pessoalmente ou por telefone. As pessoas podem ter opiniões variadas e diferentes da minha – o que é muito saudável para uma sociedade – mas, penso que a gente deva terminar uma relação da forma que dermos conta. Não acredito que exista jeito certo. Existe o que conseguimos e ponto final. O mais significativo para a sua vida é checar internamente, de forma muito honesta consigo mesma, se você se vê como alguém verdadeiramente capar de perdoar e voltar a confiar nele. Em casos de traição, somente as pessoas que têm ou desenvolvem tais habilidades, apresentam condições de levar um namoro ou casamento adiante, com alegria, qualidade de vida e, acima de tudo, paz. Fora isso, fica praticamente impossível. Estar com alguém que não se confia, mina a autoestima e faz o traído viver num inferno diário. Estes são os pontos primordiais para você refletir e tomar sua decisão. Portanto, seja autêntica consigo mesma e, procure acima de tudo, a paz interior. Boa sorte pra você!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

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Douglas Amorim

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