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Devo me separar e ficar com meu amor da adolescência?

“Olá, Dr. Douglas Amorim. Sou casada há vinte e três anos e tenho três filhos. Há três meses, reencontrei o meu primeiro amor. Fomos apaixonados desde que nos conhecemos. Na época, eu tinha apenas doze anos e ele, dezenove. Não se assuste, porque naqueles tempos, o namoro se resumia a olhares furtivos e, raramente, mãos dadas e um beijinho. Aos quinze anos, por imposição da minha mãe, aos prantos, eu terminei o nosso namoro. Não demorou muito, me arrependi e fui procurá-lo na esperança de uma reconciliação. Entretanto, ele  já tinha  iniciado um namoro e engravidado uma  moça que gostava dele.  A vida seguiu seu curso.  Quatro anos depois, me casei  e meu marido faleceu  um ano e três meses após o nosso casamento. Fiquei muito triste pois tinha muito carinho e respeito por ele, que era um grande parceiro e amigo.  O meu primeiro namorado soube que eu estava viúva e, dois meses depois, me procurou, dizendo que se eu quisesse ele se separava da esposa pra morar comigo.  Eu ainda estava muito abalada e não me sentia confortável em ser a responsável pela separação dele, que já tinha dois filhos. Falei que, independentemente da minha decisão, ele deveria resolver sua vida, para depois me procurar. Achei que ele resolveria a situação e me procuraria, mas isso não aconteceu.  Casei-me novamente seis anos depois, não sou feliz com meu marido, mas, tenho uma vida financeira estável. Há três meses reencontrei meu primeiro amor que se separou da primeira esposa e, assim como eu, está no seu segundo casamento.  Foi um encontro mágico, como se o tempo não tivesse passado. Acabamos nos envolvendo e  nos tornamos amantes.  Ele fala que basta eu me separar que ele se separa também. Ele tem três filhas do primeiro casamento e a mulher com quem vive tem dois filhos que não são dele.  Eu não sei o que fazer. Tenho muito medo de que a relação com os meus filhos se complique. Também fico insegura quanto ao fato das filhas dele não aceitarem nossa relação, isso, sem dizer que meu marido que  não aceita nem falar de separação. Enfim, não sei o que fazer”!

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com  Não identificamos os autores das perguntas

 

Resposta:

Querida leitora, que história mais impressionante! Você observou que tudo isso começou a partir do momento em que sua mãe te proibiu de namorá-lo? Não estou dizendo isso com a intenção de responsabilizá-la por todo o ocorrido pois, até segunda ordem, sempre acredito que os pais, quando erram, o fazem, tentando acertar. Possivelmente ela teve seus motivos pra fazê-lo, porém, quando você resolveu deixar o amor falar mais alto que a proibição, já era tarde demais. Ele estava com outra mulher que, inclusive, estava grávida. A partir daí, só houve desencontros entre vocês. Por isso, é muito importante que os pais tenham sabedoria para lidar com a situação afetiva dos filhos porque, se isso for mal conduzido, os danos podem ser muito significativos.

A sua parcela de responsabilidade para a ocorrência de tamanho sofrimento, parece-me ter surgido após o falecimento do seu primeiro marido. Você estava totalmente livre e nada, repito, absolutamente nada, se apresentava com empecilho real pra você não retomar seu relacionamento com ele. Eu grifei a palavra real de propósito, para mostrar que, o que te impediu, foi uma construção mental irreal da sua parte. Vou transcrever exatament e da forma como você relatou: “não me sentia confortável em ser a responsável pela separação dele, que já tinha dois filhos”

. Você não seria responsável por nada, ora. A decisão, e consequente responsabilidade, eram todas dele. O fato de alguém ter dois filhos, não pode significar ter de viver ao lado de uma pessoa que não se deseja mais. Você ainda disse que ele deveria resolver a vida, independentemente da sua decisão. Neste exato momento, faltou tudo o que ele mais precisava ver e ouvir da sua boca. O nome disso? Segurança. Sem isso, ele acabou tocando a vida para um lado e você, novamente para outro.

Ambos encontraram outros parceiros e decidiram se casar. E a história se repete de novo, porém, com outros ingredientes. O primeiro deles é o fato de vocês terem se tornado amantes. O segundo deles é que, agora, você está casada. Antes, sua condição era a de viúva o que, em tese, deixava as coisas mais fáceis do que estão agora. O que se repete? O fato dele, mais uma vez, deixar na sua mão a decisão. Ou seja, “me dê um sinal concreto de que quer ficar comigo, que eu me separo”. O sinal concreto seria a separação. A partir daí você começa a ter vários medos. Todos eles relacionados a filhos, ou então, ao seu marido que, de acordo com o que disse, não aceita falar em separação.

Dicas pra você: numa determinada época da sua vida, sua mãe te impediu de ficar com a pessoa que amava. Agora, você está colocando outras pessoas “no lugar” dela. Ou seja, seus filhos, os filhos dele e o seu atual marido. Que coisa mais estranha! Desde quando filhos ou qualquer outra pessoa, sobretudo na idade em que você se encontra, podem impedir alguém de ser feliz afetivamente? É claro que esse processo precisaria ser muito bem conduzido por vocês dois. Pode ser difícil. Impossível, não creio. Se vocês estivessem felizes nos respectivos casamentos, não teriam se tornado amantes e não cogitariam se separar dos referidos cônjuges. Obviamente que a decisão cabe a vocês. Entretanto, vale a pena pensar em dois aspectos, os quais considero fundamentais: o primeiro deles é que a vida está dando uma nova oportunidade  – a terceira – pra vocês ficarem juntos. O segundo, refere-se à manutenção de relacionamentos extra-conjugais. Ficar na condição de amante é algo que considero perigoso. Se um dos parceiros, ou ambos, descobrem essa situação, o que está ruim, pode ficar pior. Além do mais, se há tanta vontade, por parte de vocês dois, de ficarem juntos, permanecer na condição de amantes, fica incoerente, no meu humilde ponto de vista. Pense nisso, seja serena em suas decisões, não aja impulsivamente, fique atenta aos empecilhos que cria e boa sorte!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

 

 

 

 

Douglas Amorim

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  • Estou passando por algo similar, mas invertido.
    Minha esposa (a quem amo muito) reencontrou um namorado da adolescência e decidiu terminar nosso casamento de 4 anos.
    Destruiu a família, não cogita desistir desse relacionamento e age como se tudo isso fosse normal.
    Eu entendo a posição dos psicólogos que acham que certos sentimentos devem ser alimentados e que isso faz bem, mas será que não levam em conta o outro lado?
    Onde ficam os sentimentos de quem foi traido?

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