“Bom dia, Dr. Douglas, tudo bem? Me sinto um fracasso total quase todos os dias. Tenho 28 anos e até agora não fiz nada que me deixasse realmente feliz. Vivi um relacionamento abusivo dos 16 aos 24 anos e isso atrasou muito minha vida; antes disso não foi diferente, pois tenho pais machistas que não me deixavam fazer nada que eu realmente gostasse. Sempre fui uma criança ativa e que gostava de esportes. Tudo foi reprimido pelo simples fato de ser mulher. Cresci simplesmente destruída e carente de compreensão e apoio. Me formei em um colégio técnico público de excelente qualidade aos 16 anos e tentei ser militar. Minha intensão era ir pra bem longe deles, porém, nunca consegui. Aos 19 anos meu querido filho nasceu e eu praticamente desisti dos meus sonhos. Meu pai mal olhava na minha cara (na verdade ele nunca falou comigo direito e, até meus 13 anos, sequer morava com a minha mãe). Arrumei emprego e formei uma família, que se desfez aos meus 24 anos (era um relacionamento péssimo, eu não era feliz). Me mantive bem até os 26 anos. Foi quando meus pais tiveram que voltar a me ajudar porque meu salário caiu drasticamente e eu (até hoje) não consigo me livrar desse emprego. Em 2017 entrei em uma universidade federal e faço engenharia química. Desde então, o resultado: não consigo passar em uma maldita matéria e isto está me atrasando demais; parece que eu nunca vou dar conta. Em resumo, hoje (2018) estou em um emprego que me faz mal, em um curso que eu não sei se é pra mim, cuido de uma casa praticamente sozinha e o único esporte que eu consigo praticar é basquete, na faculdade. Tenho um namorado super atencioso e, mesmo assim, parece que eu nunca estou feliz, pois parece que eu sempre serei um fracasso; em alguns dias eu não tenho vontade de sair da cama, em outros, quero me matar. Sinto que isso está me consumindo e que eu nunca vou estar tranquila. Pra ajudar, sou tímida e tenho muita dificuldade de interação. Entrar em um local desconhecido para mim é um martírio. O que eu posso fazer para tentar mudar isso?”
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Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
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