”Boa tarde, Doutor. Tenho 29 anos e meu ex-namorado 35. Nós dois temos curso superior, ele tem um trabalho estável, mas eu sempre tive dificuldades de entrar e permanecer no mercado de trabalho. Isso sempre mexeu muito com minha autoestima e, consequentemente, afetou meu relacionamento. Eu mesma me colocava como uma pessoa inferior e agia de modo impulsivo, falando coisas que em “sã consciência” jamais falaria. Apesar de não ser frequente esse tipo de comportamento, quando ocorria eu não me cuidava, não cuidava do relacionamento e evitava até relações sexuais. Éramos grandes amigos, companheiros e namorados, acima de tudo. Também éramos capazes de adivinhar pensamentos um do outro, tínhamos uma sintonia enorme. Mas, no início de 2018, a mãe dele faleceu repentinamente. Ele se afastou de mim, passou a ter acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Nos meses seguintes, eu agia como se ele estivesse totalmente recuperado da perda, inclusive cobrando casamento. Olhando para trás, vejo que ele jamais poderia me oferecer algo concreto naquele instante. Em determinada ocasião, surtei e o denegri. Imediatamente, ele terminou comigo. Fui atrás algumas vezes e tive respostas negativas, claro. Ele demonstra estar irredutível, o que é compreensivo. Quanto a mim, nasceu uma nova pessoa depois dessa metamorfose tão grande e lamento tê-lo perdido por bobeira. Lentamente estou me aproximando e percebo que ele já não está tão indiferente e frio comigo, como no início da reaproximação. Mas sinto que ainda há uma mágoa muito grande. No que é possível, de modo sutil, tento demonstrar que cresci, até porque tenho plena certeza e convicção de que ele jamais voltaria a se relacionar comigo se não houver uma mudança de fato. Quando nos falamos, tento expor minha vontade de ir embora, estudar no exterior, sempre na ânsia que isso cause um desconforto nele e ele possa me procurar e impedir minha ida.
Doutor, o que eu faço? Tenho certeza do quanto nos amamos, mas não sei o que fazer. Tenho medo que o tempo e a distância façam com que nossa história se torne apenas uma lembrança. Obrigada!”
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Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
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