Minha namorada não transa comigo. O que devo fazer?

“Boa noite, Dr. Douglas. Esta é a minha primeira postagem aqui, procurando respostas. Sou do tipo romântico e tive namoros que duraram muito tempo. A vida sexual com minhas ex-namoradas era ativa e me preocupava mais com o prazer das minhas companheiras do que com o meu próprio. Sentia-me muito bem quando via que proporcionava isso a elas. Pois bem. Estou há 06 meses com uma antiga vizinha, que é diferente das outras mulheres que conheci. É recatada, diz ser virgem, e eu acredito, porque foi criada “muito presa” pelos pais e cresceu indo à igreja. Ela diz que me ama de verdade e até chegou a chorar quando, por motivos tolos, quase terminamos. Nos damos muito bem, mas, quando o assunto é sexo, tudo fica estranho. Ela diz que me quer, que sente desejo e tesão, mas, quando estamos em um ambiente mais reservado, – o que é difícil de acontecer – o máximo que acontece é ela me masturbar e deixar tocar seus seios. Quando tento tocar sua vagina, ela logo tira minha mão. Eu só quero fazer amor. Ela diz que tem muita vontade, mas, “espera alguma coisa” ,que não sabe exatamente o que é. Eu fico confuso e digo que, se ela me amasse de verdade,  faria amor comigo.  Ela chora e diz que ama profundamente. Mas, se isso é verdade, por que ela não tem outra atitude? Sei que toda mulher tem seu tempo e estou tentando respeitar isso ao máximo. Porém, não estou aguentando e  não sei mais o que fazer para que isso ocorra. Agradeço qualquer tipo de ajuda”.

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Resposta:

Querido leitor, antes de mais nada, gostaria de te dar os parabéns. É muito bom receber um texto enviado por alguém que seja do sexo masculino e que se preocupa com o prazer feminino na hora do sexo. Muitas leitoras e pacientes queixam-se frequentemente da atitude dos homens na cama. O que mais ouço por parte delas, são insatisfações quanto a pouca ou nenhuma preocupação com a parceira, durante o ato sexual. A impressão que elas passam é a de que muitos homens estão concentrados exclusivamente no próprio prazer, sem pensar no que a mulher está sentindo durante a relação. Ou seja, elas acabam sendo alguém para proporcionar prazer, pura e simplesmente. Sexo é doação mútua. Ou seja, sermos generosos um para com o outro, na cama, faz bem para ambos. Simples assim. Creio que este comportamento apresentado por muitos homens, tenha relação estreita com uma era extremamente egoísta como a que estamos vivendo. Ou seja, pensa-se no próprio umbigo e, o outro, quando muito, é apenas um detalhe.

Se você é um cara generoso durante o sexo, é esperado que deseje o mesmo, por parte de sua parceira. Ou seja, pra você, o ato sexual é um terreno fértil e, para sua atual namorada, diria que ainda, um pouco árido. A partir do seu relato, penso que a sexualidade pra ela, ainda seja algo cercado de mistérios e perguntas. Ela sente prazer, mas não dá sequência à troca de carícias e parece fugir ao ato. Durante estes anos de clínica, me deparei com mulheres que apresentavam dificuldades sexuais semelhantes a essas e, até mesmo, com justificativas parecidas com a que ela disse como “esperar alguma coisa e não saber o que é” ou “existir alguma coisa que a paralisa, mas não saber o quê”. Quando íamos aprofundando no trabalho de psicoterapia, os motivos que mais apareciam – e que foram inconscientes durante um certo tempo – eram coisas ligadas à religião, tipo sexo = pecado, culpa por sentirem-se traidoras do pai e/ou da mãe, e sexo = algo sujo. Esta última, na perspectiva de ter nojo do corpo do outro e, até mesmo, do próprio corpo. Por fim, surgia também, o sentimento de medo, em várias perspectivas: medo de engravidar, pegar alguma doença, ser descoberta, sentir-se usada e mais uma infinidade de outros. É claro que podem existir outras razões para que esse tipo de dificuldade ocorra. O que quis fazer aqui, foi apenas compartilhar com você, querido leitor, algumas vivências que tive em meu consultório.

Dicas pra você: uma das coisas que fiquei me perguntando aqui foi a diferença de idade entre vocês. Como isso não foi mencionado na pergunta, fiquei com a sensação de você ser mais velho que ela e muito mais experiente. Digo isso pelo fato de você ter tido relacionamentos longos e ela ainda ser virgem. Claro que ela pode ser virgem e mais velha, mas, parece-me que, em termos de relacionamentos afetivos, sua experiência é bem superior à dela. Toda mulher tem seu tempo. Você está absolutamente correto. Entretanto, os homens também têm o seu e, o que estou percebendo, é que  você está começando a ficar sem paciência, questionando inclusive, em alguns momentos, o amor dela por você.

Foi dito também, que vocês têm momentos mais reservados, mas que isso é muito difícil de acontecer. Uma primeira dica que eu te daria é tentar fazer com que esses momentos sejam mais constantes e, em ambientes realmente reservados. Se encontros mais íntimos ficarem muito espaçados, haverá mais dificuldades porque a coisa não fica natural. Ambientes que tenham uma atmosfera calma, relaxante, com música, iluminação adequada etc, podem ser bons facilitadores. A ideia é trazer o assunto e prática sexual para o terreno na normalidade e da cumplicidade do casal. A segunda dica, é conversar com ela sobre uma das hipóteses que mencionei mais acima, pra ver se a ajuda a ter algum insight sobre isso que ela disse de “esperar alguma coisa mas não saber bem o quê”. Por fim, se nada disso funcionar, a ideia seria procurar ajuda especializada – no caso, um bom psicólogo – para ajudá-la nessa questão, que é ruim pra você e pra ela também. Não ter uma boa relação com o tema sexualidade, traz sofrimentos diversos como tensão, vergonha, medo e culpa, entre outros. Espero que as coisas melhorem por aí. Boa sorte!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

Site: www.douglasamorim.com.br

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