“Olá, Dr. Douglas Amorim. Eu não sou gay assumido. Na época da escola, algumas pessoas desconfiavam, pelo fato de eu não ter tido interesse em meninas e acabaram espalhando essa fofoca pelo colégio. Resultado: sofri bulliyng, tanto no colégio como no bairro em que moro. As pessoas me gozavam e espalhavam boatos sobre minha sexualidade, mesmo em eu nunca ter admito que era gay. Continuo sem fazê-lo até hoje. Acabei desenvolvendo alguns problemas psicológicos como timidez excessiva, medo de falar em público, medo de ser avaliado etc. Nunca fui ao psicólogo mas, de acordo com os sintomas, acho que sofro de ansiedade social. Por causa disso, perdi vários amigos e várias oportunidades de fazer novas amizades. Desta maneira, me tornei uma pessoa solitária. Tenho muita dificuldade de me relacionar com alguém, tenho medo de estreitar relações, sempre me afasto e evito me expor socialmente. Acontece que, alguns meses atrás, uma pessoa entrou na minha vida; mais precisamente, um colega de trabalho. Uma pessoa muito meiga, que se preocupa com todos e também muito educada. Não sei porque, mas acabamos nos tornando amigos. Ele me trata muito bem (há anos que alguém, que não seja da minha família, gostou tanto de mim desse jeito). Devido à minha carência acabei me apaixonando por ele. Tentei evitar mas a gente não manda no coração. Sei que ele é hétero (muito hétero) e estou ciente de que nada vai acontecer entre nós. Só que estou sofrendo demais com isso. Choro quase todos os dias, tenho ciúme e ele não sai da minha mente. Eu não posso me afastar assim de repente sem ele saber o motivo. Somos amigos e ele já disse que gosta muito de mim (sem segundas intenções). Nos encontramos todos os dias e eu não quero perder essa amizade pois, há anos que não tenho uma como essa. Faço birras, implico, brigo com ele por qualquer motivo mas não adianta. Ele diz que gosta de mim mesmo assim e que eu não sei fingir ser mal. Estou decidido a abrir o jogo, falar o que realmente sinto mas sem nenhuma esperança dele me querer. Só quero que ele saiba o que sinto mas não sei por onde começar. É melhor eu dar sinais e esperar que tome a iniciativa de me perguntar ou eu mesmo o faço? É melhor falar pessoalmente, por telefone, ou por mensagens? O que me deixa apreensivo é que ele não sabe que sou gay e, se eu tiver essa conversa, vai ser a primeira vez que assumo minha sexualidade para alguém. Eu estou com medo da reação dele mas não aguento mais esconder esse sentimento, pois uma boa amizade se baseia na sinceridade. Obrigado.”
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Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
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Comentário para Desprezo:
Seu texto me tocou muito. Estou passando por um momento em que me sinto um completo fracasso. Vejo as pessoas ao meu redor alcançando seus objetivos e eu aqui parada. Meu mais ressente fracasso foi em um concursso.
Na parte amorosa, quem eu gostava se mudou para muito longe e novamente me vi sozinho. Não sei ao certo como você se sente, mas imagino o quão complicado é. Espero que você consiga fazer o melhor para você e para quem você ama. Só não desista por que por mais longo que seja seu sofrimento, ele é uma fase, e fases passam. Já estive em momentos de muita perturbação e solidão. Perdi muitos amigos, e em um determinado período me vi completamente só. Também já pensei em suicídio, mas passou, e por mais que eu continue sozinho no requisito amoroso, encontrei em robs e em algumas pessoas companhia.
Você tem uma verdadeira abilidade na escrita.
Espero que fique bem, pois apesar de não nos conhecermos algo no que você escreveu me fez me sentir próximo de você.
Entendo.
Sofri com algo similar, porém, em níveis diferentes.
Fui um infante muito inocente, além do apropriado, e os covardes apriveitaram-se deste fato.
Exposição à nudez e toques de natureza pessoal, além de algumas situações vexatórias.
Não fui criado como um guerreiro, fui criado como um verme pacifista em uma bolha de vidro "perfeita", e isso me custa um certo preço, até hoje.
As coisas mudaram, passei por muito, vi e vivi. Não sou um poço de "extrovercência", contudo, sou um bom comunicador.
Consigo interagir com quaisquer, da ralé à elite, e isso pouco me importa. Só me fez aprender sobre o quão vazia e medíocre é a maioria; Logo, tendo a me afastar dela, minimizandi as interações sociais.
É relevante mencionar este detalhe, haja visto o fato de que, por tal, não tenho amigos.
Todas as pessoas com as quais já desenvolvi o que considerava um vínculo, me apunhalaram ou me esqueceram, me ensinando a nobre arte bíblica de "maldito é o homem que confia em outro homem".
Alguns longos 6 anos em isolamento involuntário, sendo tachado de inúmeras canalhices e cretinismos, me sentindo impotente, inútil, etc, me libertei dessas amarras arranjando um trabalho como vigilante. Nessa profissão fiz muitos conhecidos e evoluí socialmente, gostando ou não.
O que me garante minha independência, a arte de pedir "bença" somente ao Pai Onipotente e mais ninguém.
Mas, o que me faz dissertar sobre isso?
Bem, tenho um primo que consideri especial, e como sei que nem ele, nem ninguém de nossos familiares, jamais lerá minhas palavras, me sinto confortável em desabafar.
Tenho 26 anos e ele tem 9 (acalme-se, não sou um pedófilo, antes que vá acionando o Estado e seus cães).
Ele, para sua idade, é muito inteligente. Lhe falta sabedoria, como a todos nós, porém, existem alguns traços de sua personalidade que gostaria de destacar:
1º. Ele é extremamente amável, embora tenha passado por momentos muito traumáticos em sua vida, momentos quase — ou até piores que os meus, dependendo da perspectiva do leitor — dentre uma tentativa de assassinato, do próprio pai, e opressão deste à família, de um modo geral.
Hoje, o sujeito está "mudado", segundo dizem. Conheceu "Jesuis".
Eu não confio, mas, que seja. Não posso interferir, a menos que ele lhe faça algum mal, algo que espero não acontecer.
Eu o amo e mataria qualquer um que o ferisse, foda-se o resto.
2º. Além de amável, ele é doce, delicado, educado, etc. Muitos clichés.
Sua voz é delicada, conversar com ele é sempre um prazer.
3º. Ele tem ideias, e gosto de conversar com quem tem ideias.
Ele me respeita, me admira, e o sentimento é mútuo.
Conhecendo esses traços dele, claramente, ele não é a típica criança retardada.
E o que digo com tudo isso? Sou uma pessoa solitária, completamente desinteressada em pessoas que não demonstram esse tipo de comportamento em um relacionamento de amizade.
Sabendo disso, não sei se é solidão, ou sabe-se lá, porém, nutri — e continuo nutrindo — um amor que muitos considerariam doentio.
Quando minha cama está fria à noite e me reviro em insônia, desesperado, chorando, lembro dele e precisaria que ele estivesse lá, ao meu lado, para me sentir bem, me confortar. Eu confio muito nele, e ele me faz bem.
Quem nunca amou, que atire a primeira pedra. Eu quero fazer tudo com ele, estar ao seu lado sempre, e meu coração clama por esses momentos, enquanto eu sofro (nada sexual, ainda, e não fiz nenhuma abordagem do gênero, vou esperar ele atingir a maturidade ideal para tal).
Enfim, amor. Antes que comece o apedrejamento, advirto de antemão:
O pouco que revelei aqui não é, de longe, o resumo de tudo.
Eu tenho problemas, problemas severos. Obviamente, não sou normal.
Tenho algumas crises de ódio, insônia, e sou meio louco, mas, não sou doido. Tenho plena noção da realidade e ciência total dos meus atos, por enquanto, não sei até quando.
Acredito que remédios, terapeutas, psicólogos e psquiátras sejam inúteis (no meu caso).
Só desejo amar e ser amado, nas intensidades certas e no momento ideal, e escolhi ele para tal. Ele, senão o único freio de todo esse turbilhão de sentimentos é, certamente, o mais essencial.
Vou esperar segundo a lei dos homens. Não por ela, mas, porque eu também considero o certo.
O que vem me incomodando, desde 2022, é um outro primo ter dito gostar de homens e ele rejeitado a ideia com um "credo" bem explícito.
Como disse, sou meio louco, nada normal, e ele não tem a menor noção de NADA do que escrevi aqui.
Eu, provavelmente, não terei coragem de me declarar, quando a hora chegar. Primeiro, pela rejeição, e segundo, porque sou covarde no quesito.
A questão é o dilema moral que a situação traz consigo.
O NÃO eu já tenho, como todos os que não tentam, e não sei por quanto tempo poderei sobreviver como hoje sobrevivo.
Eu choro de ódio, ocasionamente, por essa sensação de impotência, enquanto vejo minha chama se apagando. Estou na idade de ter um parceiro(a) ao meu lado (sou bi, mas, já desisti de mulheres).
Quero que ele seja esse parceiro, no amanhã ideal, e estou disposto a aguentar essa tortura, até esse dia de libertação, do SIM ou do NÃO.
Tenho padrões de atração e ele atende aos padrões em questão, e se não for do meu jeito, nesse quesito, não será.
Ele se tornará um homem lindo, dos meus sonhos, e não tenho a menor dúvida sobre, e é aqui que surge o cerne da questão.
Sinto ciúmes dele, sou virgem, quero fazer tudo com ele, estou me reservando para este momento, planejando e nutrindo tudo, nesse "bad romance" qual me coloquei.
Consigo esperar mais uns 5 anos amargando, creio eu, e quando chegar o momento em que não aguentar mais e disser algo, se ouvir um NÃO dele, é melhor que eu esteja morto e ele jamais saiba que isso tenha acontecido.
"Ah, você é doente". Suas opiniões não refletem a realidade.
Como bem disse o Joker: "Não sou doente, sou distorcido. A doença pressupõe uma ideia de cura, e não há cura para o que eu sou".
"Você pode procurar outras pessoas". Sim, posso, porém, não só não tenho tempo para tal, como não quero.
Não quero mais ninguém, ele é a pessoa que eu escolhi, não posso mandar no meu amor. Se ele não me quiser, aí a coisa muda de figura, com minha desistência completa e absoluta sobre, assumindo o manto de solidão que me foi imposto.
Minha situação vai muito além de um reles dilema moral, excede a ética e questões sociais.
Para muitos, sou um groomer, um pedófilo, ou ambos, não sendo nenhum.
Só quero um relacionamento amoroso com ele no presente do amanhã, pois, não existe futuro, só o passado e o presente.
E esse presente que envisiono é nosso, mas, depende só dele.
Sinceramente, estou cansado. Se ele me rejeitar, vou procurar um lugar para acabar com minha existência infeliz, onde nem sequer meus ossos restem.
Eu o amo demais para não tê-lo em meus braços, e acho que não consigo aguentar mais a minha solidão, nessas circunstâncias.
Minha pergunta é: Sou digo de desprezo, por desejar tais coisas?
Não será respondida, certamente, porém, vale o desabafo.
De tudo isso, só digo que a vida pode ser um fardo horrível, quando você não é quem gostaria de ser, fisicamente falando.
Se ele me rejeitar, meu tempo nesse mundo acabou, de verdade. Eu desistirei, cansarei de ter todas as minhas expectativas moídas, trituradas.
Tenho um trabalho, um meio de sobrevivência, meios de me entreter, mas, nada disso basta estando só, sem ele para me amar e eu para amá-lo.
Incontáveis já sentiram a dor de querer assistir algo com a pessoa especial e não ter ninguém. Eu sinto essa dor todos os dias, por 9 anos.
Eu quero sentir seu corpo no meu, e tudo que sinto é meu próprio frio.
Quero ter a satisfação de preparar uma sobremesa para ele e poder dá-lo em sua boca, da maneira mais carinhosa imaginável, e só fico amargando na vontade, no desejo, enquanto a realidade me humilha com o fato de que isso, talvez, nunca acontecerá. Coexistir com esses sentimentos me atormentando é o Inferno.
Eu sou um animal racional como todos nós, humanos, somos. Sinto desejos sexuais fortíssimos, e não posso realizá-los, porque estou sem ele. Suportar tudo isso faz um mal tremendo à saúde, de modo geral.
Enfim, é isso. Agradeço a oportunidade de dissertar ao vento.
Se alguém, por ventura, ler meu relato, peço que tenha a decência de não me julgar.
Nunca fiz mal à ele, e nem jamais farei, eu o amo.
Ele não sabe desses sentimentos profundos que tenho, e nem saberá, até ser capaz de tomar decisões independentes.
Só temos, pela primeira vez em minha vida, o que eu considero uma amizade legítima. Se é ou não, e se pode evoluir, só o tempo dirá.
Se não passar disso, creio que ficarei ainda mais massacrado.
Se acha que é vitimismo, sugiro que desenvolva sua empatia.
Sou vazio, e não de conhecimento, infelizmente, uma vez que já aprendi a pensar. Os ignorantes vivem em eterno júbilo, uma vez que não aprenderam a pensar, reconhecendo os problemas que os cercam, e cada qual é individual.
O que me é um fardo incarregável pode não ser um fardo para ti.
(Se eu me for e um dia você ler isso, me perdoe. Por favor, não faça mau juízo do que senti.
Por anos, você foi a motivação necessária para me manter em pé, seguindo adiante. Apesar de tudo que eu passei, lhe agradeço.
Eu te amei até o último dia.)
Gostaria de saber qual decisão você tomou. A sua história é exatamente igual a minha: infância difícil, apaixonado por um grande amigo (hetero e muito carinhoso comigo) e que trabalha comigo. Sinto ciúmes, me sinto mal por esse sentimento que não posso externar, porém comigo não vejo possibilidade de me assumir e nem de contar o que sinto. Todos os dias peço pra que eu nunca sinta essa sentimento ao ponto de torcer pra nunca amar e assim não sofrer. Não sei mais o que fazer..
Quando o homem é bem compreensivo com a gente, por mais virilidade que "exale", mas claro havendo Amizade Sincera, ele transa! A unica exceção, seria se a complementariedade que você possa ter buscado, ele claro percebe mesmo sem precisar falar, não seja "a praia dele"! Mesmo assim, haveria (ele sugeriria) uma conversa sobre a sexualidade de cada um de vocês!
É complicado, já passei por isso e não foi uma vez só. Acabo me afastando da possibilidade de amigos homens pq geralmente me apaixono kkk. Acho que você matou a charada. É carência mesmo. Tente conhecer uma pessoa pra preencher esse espaço. Sobre contar pra ele, uma etapa é dizer que é gay, e isso você pode falar. Agora dizer que é apaixonado por ele é complicado. Pode deixar isso subentendido, falar brincando mas não chegar falando sério como se fosse uma DR pq isso afasta o boy mesmo e acaba a amizade. Leva na brincadeira, relaxa o coração e de noite aperta o travesseiro pensando nele. Kkk
Eu faço assim. Tenho coincidência que tô entrando numa nova furada toda vez que acontece, mas a gente não manda no coração né? O principal é cuidar dessa carência pq toda vez que um cara for gentil com você, você vai se apaixonar kkkk. Boa sorte
"O que me deixa apreensivo é que ele não sabe que sou gay... ". Pelos seus relatos, acredito que ele saiba sim que você é gay. Hoje em dia as pessoas percebem isso de forma natural. Mas, de fato é uma situação complicada de se resolver, sobretudo, por vocês trabalharem juntos. Pode gerar uma situação desconfortável para ambos. Faça as coisas com cautela, caso seu amigo seja discreto abra o jogo. Talvez seu amigo não seja hétero, não dá pra afirmar isso com 100% de certeza. As vezes é preciso arriscar meu caro. E deixe de se preocupar em demasia com o que as pessoas acham ou pensam sobre você. Você é livre pra viver sua vida... Seja feliz...