Quase Uma Rockstar é quase autoajuda

Em 2012, chegou aos cinemas um filme que recebeu bastante atenção do público e da mídia, mesmo sendo apenas mediano. O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook) nos apresentou a um protagonista que, tentando se manter positivo, encontra algumas dificuldades apenas para, no final, dar tudo certo. Beirando a autoajuda, a produção bobinha ganhou prêmios e foi logo devidamente esquecida. Por culpa da Netflix, temos em casa uma nova adaptação de uma história de Matthew Quick: Quase Uma Rockstar (All Together Now, 2020).

Seguindo exatamente o mesmo caminho de Lado Bom, Rockstar traz Amber Appleton, uma estudante altamente engajada nas atividades da escola, sempre à procura de uma causa à qual se dedicar. Mesmo que seja algo trivial, como conseguir arrecadar doações para repor para a banda estudantil um instrumento roubado. Sempre organizando um festival de talentos, a própria Amber parece ser a atriz e cantora mais promissora da turma.

Depois de nos apresentar à personagem principal, chega a hora de fazê-la passar por provações. O roteiro, escrito pela dupla Brett Haley e Marc Basch (de O Herói, 2017), além de Quick, não economiza na desgraça, jogando Amber bem pra baixo. Desde o primeiro minuto da sessão, já sabemos que isso é necessário para que ela tenha a lição necessária e dê a volta por cima. A moral da história pode variar um pouco, mas não vai muito longe do que esperamos.

Também na direção, Haley parece fazer o que dá com essa premissa besta. As atuações, de uma forma geral, são corretas, e Auli’i Cravalho se mostra uma boa escolha. Responsável pela voz de Moana (2016) nas duas versões (inglesa e havaiana), a atriz é bastante carismática e faz uma boa versão da Cinderela. Os demais “adolescentes” fazem suas partes e o elenco é acrescido por algumas caras facilmente reconhecíveis de séries, como Judy Reyes (de Scrubs e Dirty John), Fred Armisen (do Saturday Night Live), C.S. Lee (de Dexter) e a veterana Carol Burnett (acima), vista recentemente no revival de Mad About You.

Sem nomes como Bradley Cooper, Jennifer Lawrence ou Robert De Niro, dificilmente Quase Uma Rockstar vai chamar alguma atenção. Se tudo na vida tem um lado bom, o dele é a duração: apenas 90 minutos. É o suficiente para aprendermos a lição da vez: dinheiro resolve tudo. Ao menos, o filme deve servir como trampolim para Cravalho, que vai ficando mais familiar para o grande público. Tomara que ela não precise mais dormir em ônibus ou dividir a atenção do público com um cachorrinho escondido na mochila.

Ninguém sabia que ela dormia num ônibus…

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
Esta entrada foi publicada em Adaptação, Estréias, Filmes, Homevideo e marcada com a tag , , , , , , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *