A segunda temporada de Cobra Kai vai longe

Depois do sucesso da primeira temporada, era certo que Cobra Kai ganharia mais 10 episódios. O YouTube seguiu em frente e produziu a segunda leva, e agora as duas estão disponíveis na Netflix, atingindo um público bem mais amplo. A série tem aparecido entre as atrações mais vistas do streaming, e o destaque é merecido. A nova temporada leva a trama adiante, acrescentando personagens, dramas e complicações românticas.

O básico ainda está lá: a rivalidade entre Daniel LaRusso e Johnny Lawrence. Ralph Macchio e William Zabka estão de volta a seus personagens e, sempre que parece que a poeira vai baixar, algo acontece para colocá-los em pé de guerra. Algumas situações soam um pouco forçadas, mas nada que não dê para relevar em nome da diversão que a série proporciona. Agora, a nostalgia dá um pouco o lugar às novidades. Se a primeira temporada mirava mais os fãs da franquia oitentista, a segunda se mostra bem mais ambiciosa.

O sensei Lawrence segue tocando o dojo Cobra Kai e sente o peso de sua responsabilidade de educar os garotos e garotas. O final da temporada passada não trouxe lances exatamente éticos, que ele pode ter incentivado. Por isso, ele já começa chamando a atenção dos garotos, criando um início de um racha entre eles: há os que entendem que o esporte visa equilíbrio, qualidade de vida e defesa pessoal, enquanto outros querem se exibir e se tornar o macho alfa do bando.

Os filhos dos protagonistas se aproximam, mas o relacionamento de Sam (Mary Mouser) e Miguel (Xolo Maridueña) não está bem resolvido, complicando o caminho de Robby (Tanner Buchanan). Isso, além da grande dívida de gratidão que o jovem sente pelos LaRusso, que o acolheram. Complicando esse triângulo ainda mais, surge a decidida Tory (Peyton List, das séries Jessie e Acampados), equilibrando a disputa entre o caratê violento do Cobra Kai e o harmonioso do Miyagi-Do, com Daniel à frente. As homenagens a Pat Morita e seu Sr. Miyagi são frequentes e bonitas.

As referências aos anos 80 são muitas e, às vezes, hilárias, o que ainda proporciona à série uma ótima trilha sonora, com direito a bandas como Queen, Whitesnake, Roxette, AC/DC e, claro, Chicago, banda então liderada por Peter Cetera (cantor do clássico tema do filme de 86). Johnny parece ter parado nessa época, já que tudo o que ele conhece vem dessa década. Ele, inclusive, apanha constantemente de computadores, o que é estranho e engraçado ao mesmo tempo. Também avesso a celulares, ele acaba conhecendo o Tinder, aplicativo de relacionamentos que parece ser a promessa para achar um par para ele.

Vencendo as expectativas dos fãs mais velhos, Cobra Kai consegue levar a mitologia de Daniel San além e não dá sinais de cansaço. Os episódios curtos passam rápido, é possível conferir uma temporada inteira em apenas um dia. E o que torna essa maratona mais fácil são os finais instigantes, fica até difícil deixar de assistir. Parte da responsabilidade por isso é da aparição de John Kreese (Martin Kove), vilão clássico da franquia que é muito bem aproveitado. E a terceira temporada já está em produção e é ansiosamente aguardada.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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