Fênix Negra encerra o arco dos X-Men

por Marcelo Seabra

A saga dos X-Men começou, no Cinema, em 2000, e teve algumas reviravoltas desde então. A trama voltou no tempo, conhecemos personagens rejuvenescidos, teve de tudo. Menos atores apenas cumprindo contrato e pagando as contas. Ao menos, não de forma generalizada. Isso, até Fênix Negra (Dark Phoenix, 2019), quando parece que uma apatia se abateu em todo o elenco. Um roteiro sem nexo, com vilões totalmente genéricos e nenhuma explicação, desperdiça uma das histórias mais importantes dos quadrinhos.

Com texto de Chris Claremont e arte de John Byrne e Dave Cockrum, o arco da Fênix Negra foi lançado entre 1976 e 1980, desenvolvido ao longo de várias edições. Alguns pontos já foram timidamente usados nos filmes anteriores, com Jean Grey conhecendo melhor a extensão de seus poderes e até mudando de lado, ficando má. Dessa vez, Simon Kinberg, depois de ter escrito três aventuras dos mutantes, decidiu partir para a direção e adaptar a Fênix Negra em sua totalidade. Teoricamente, é o último episódio dos X-Men como os conhecemos hoje.

O principal problema dessa franquia é a falta de um direcionamento, ou objetivo. No Universo Cinematográfico Marvel, por exemplo, cada filme nos levou mais perto de um clímax cuidadosamente construído ao longo dos anos, aumentando o escopo e a tensão pouco a pouco. Com os X-Men, isso não acontece. Cada filme é apenas mais uma aventura, uns sem conexão com os outros. Por isso, esse mais recente não tem cara de último, já que não encerra nada. E ele é fraco até como obra independente, com um argumento preguiçoso no qual as coisas acontecem por acontecer.

Para não dizer que tudo é uma lástima, é interessante ver como o Professor Xavier (James McAvoy) é retratado. Com o sucesso das missões de sua equipe e a ajuda que eles prestam à humanidade, Xavier ganha uma atenção e respeito inéditos, e fica vaidoso. Até o presidente dos Estados Unidos (Brian d’Arcy James, de 13 Reasons Why) o recebe em cerimônias de homenagem. Isso faz com que atritos internos surjam e acabem com a paz que reina na escola para jovens superdotados. Nesse contexto, temos Jean (Sophie Turner) arriscando a vida em uma missão, quando ela recebe uma carga de energia solar e se torna ainda mais poderosa.

Fora Xavier e Jean, todos os demais mutantes são coadjuvantes, com raros e isolados momentos importantes. Ao invés de cada um ter seu peso, como nos Vingadores, todos parecem igualmente irrelevantes. Os vilões, liderados por uma apática Jessica Chastain (de Perdido em Marte, 2015), surgem repentinamente e não sabemos nada sobre eles. Não há regras estipuladas, apenas conveniências do roteiro de Kinberg e diálogos sofríveis. E, assim, Xavier e sua turma chegam a um fim melancólico, longe do brilhantismo de episódios anteriores. Vai ser difícil ter saudades.

Difícil saber quem está mais apático

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

View Comments

  • Glória a Deux.
    Tive a mesma impressão, um filme visualmente muito bem feito só que sem personalidade.
    Sai do cinema com a sensação de que ficou faltando algo sabe?
    Realmente muito aquém ao potencial dos X-Men
    Com certeza é um filme que em pouco tempo será esquecido (preferi Wolverine: Origins) hahaahhaahhahaha

  • esses filmes dos x-men são realmente incríveis mais eu concordo com vc toda vez que assisto eles eu tenho a impressão de que o filme ficou meio incompleto sabe mais eu acho eles ótimos so esse fênix negra que eu não gostei nada

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