Making a Murderer e o instigante caso de Steven Avery

por Kael Ladislau

O que era antes um caso mal esclarecido no estado do Wisconsin, nos EUA, ganhou fama global graças à Netflix. Making a Murderer é uma série documental que conta a história da família Avery, mais precisamente de Steven e, posteriormente e paralelamente, de seu sobrinho, Brendan Dassey. Como se trata de um caso real e ainda em curso, talvez sejam necessários pequenos spoilers da série nesse texto.

A plataforma de streaming disponibilizou duas temporadas da série documental. A primeira foi lançada no final de 2015 e a segunda, em outubro de 2018. Elas narram os julgamentos de Steven – um de 1985 e outro de 2005 – acusado uma hora de agressão sexual e outra de estupro seguido por assassinato.

O caso poderia ser mais um dentre tantos que – infelizmente – acontecem mundo afora. Mas a ação contra Avery tem inúmeras irregularidades judiciais que fazem seus advogados acreditarem num complô. Nem mesmo a confissão de uma pessoa para o caso de 1985 faz com que a justiça volte atrás. Apenas em 2003, num exame de DNA, é determinada a inocência de Avery, e se seguiu um processo de Steven contra o Estado, que durante todo o caso, ignorou deliberadamente algumas provas fundamentais a favor do réu. Isso renderia a Avery uma multa milionária.

Mas aí vem uma nova acusação em 2005. Dessa vez, do assassinato de Tereza Halbach e com a uma confissão, que gera dúvidas, do sobrinho Brendan (acima), então com 16 anos e com um suposto QI baixo. Tanto tio quanto sobrinho vão em cana em pena perpétua.

Dado o teor enigmático do processo, a acusação injusta no passado e o complexo sistema judicial norte-americano, a série da Netflix navega detalhando cada nuance das ações, desde as mais antigas às mais recentes, e mostra algumas relações entre elas. Paralelamente, a acusação contra Brendan ganha seu próprio fôlego e rumos distintos, mesmo que ambas seja relacionadas pelo caso e pelas particularidades do processo. A série não deixa de focar a família Avery, sobretudo Dolores, mãe de Steven. O cotidiano dela, de seu marido Allan e dos demais filhos no ferro-velho dos Avery é bem abordado, mostrando como os casos afetaram nos negócios familiares.

Making a Murderer fez com que o mundo descobrisse o caso Avery e que uma legião pró Steven e Brendan surgisse ao redor do globo. O que pode ser reflexo da falta de equilíbrio da série, que mostra bem o trabalho da defesa, mas pouco aborda a acusação. Outro resultado da série é a aparição de personagens na segunda temporada que acabam se relacionando de alguma maneira com os envolvidos no processo. E, claro, a relativa fama que os advogados adquirem.

O fato é que os casos são intrigantes. A primeira temporada é cheia de reviravoltas que fazem você querer devorar todos os 10 capítulos de uma vez. A segunda, por ser um período de abordagem menor que na primeira, mostra a lentidão do processo, o que afeta também o ritmo do documentário. Ainda assim, vale a pena conhecer a história de um dos mais enigmáticos casos de assassinato dos EUA.

Os advogados do caso viraram celebridades

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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