Harlan Coben se une à Netflix para Safe

por Marcelo Seabra

Mesmo depois de lançar filmes tão ruins, ou apenas medianos, ainda conseguimos desculpas para conferir os lançamentos originais da Netflix. Ainda bem, ou perderíamos a chance de ver Safe (2018), uma série divertida que causa certa tensão e passa bem rápido. Com apenas oito episódios, o que significa menos enrolação, a atração traz o eterno “Dexter” Michael C. Hall como protagonista de uma história do aclamado Harlan Coben. Essas três características garantem uma espiada.

Quem se propuser a ver o primeiro episódio apenas para ter uma ideia vai descobrir que um leva ao próximo e logo estará no oitavo. A quantidade de reviravoltas e segredos descobertos mantém o interesse do espectador, que se vê perdido quando tudo parecia clarear. A premissa não é exatamente inédita: um pai move montanhas para tentar encontrar a filha que desapareceu após uma festa de arromba. As boas atuações conseguem segurar a mistura da fórmula de Coben com vários clichês, mantendo o resultado acima da média.

Michael C. Hall, precisando de um sucesso desde sua fantástica série Dexter (ok, o final foi bem fraco, mas vale pelas primeiras temporadas), vive um médico lidando com a viuvez precoce que precisa cuidar de suas duas filhas adolescentes. Com um inesperado sotaque britânico, o ator não decepciona – mesmo que seja impossível não ver em cena o psicopata Dexter Morgan. Os dois personagens dividem algumas expressões e trejeitos, mas o Dr. Tom Delaney tem vida própria. E o mais interessante é que, mesmo sendo o protagonista, ele divide os holofotes com seus colegas.

Dentre os ótimos coadjuvantes, os destaques ficam por conta de Marc Warren (de O Procurado, 2008) e Amanda Abbington (de Sherlock – acima). Warren vive o melhor amigo de Tom, um médico que tem uma história bacana e bem desenvolvida. E a Sophie de Abbington é uma sargento de polícia que está na investigação do sumiço da filha de Tom, com quem ela tem um romance. Pete e Sophie são dois de um universo rico, que ainda conta com as famílias Chahal e Marshall, todos com seus dramas e segredos.

O forte de Harlan Coben é escrever tramas que parecem simples num primeiro momento, mas levam à exposição de fatos há muito esquecidos, ou escondidos. Um acontecimento leva a várias revelações que mudam a vida de todos os envolvidos. Divididos entre três diretores, os episódios fluem bem e trazem reviravoltas que tornam impossível não assistir a todos na sequência. À medida em que a série avança, o desaparecimento da menina vai se tornando apenas um de vários mistérios.

Pete ajuda Tom em sua busca desesperada

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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