Além da Morte é releitura para novas gerações

por Marcelo Seabra

Em 1990, foi lançado um filme que não fez uma ótima bilheteria, nem recebeu críticas fantásticas. Por algum motivo, alguém decidiu que ele merecia uma refilmagem, ou uma “reimaginação”, como dizem por lá. E, assim, Linha Mortal virou Além da Morte (Flatliners, 2017), mantendo o conceito: residentes em um grande hospital se reúnem para provocar neles mesmos experiências de quase morte. Mas quem sofre é o espectador.

Uma sessão de Além da Morte não é exatamente excruciante. Mas há uns diálogos bobos e uma narração que até traz lição de moral que eram totalmente desnecessários. E os personagens são bem esquemáticos, cada um dentro de uma forma bem quadrada. O diferencial do original era um elenco de bastante apelo na época: Kiefer Sutherland, Julia Roberts, Kevin Bacon, William Baldwin e Oliver Platt eram nomes que, juntos, deveriam atrair público. A arrecadação não foi nenhuma beleza, mas o orçamento era pequeno e acabou dando lucro. Como não tem esse chamariz, o novo acaba sendo algo genérico.

Novamente com Michael Douglas como produtor e com roteiro baseado na história de Peter Filardi, o filme nos apresenta a Courtney (Ellen Page, de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, 2014), uma estudante de medicina que decide conduzir um projeto pessoal. Ela pretende investigar o que acontece após a morte baseando-se num mapeamento do corpo. Com dois amigos para trazê-la de volta, ela própria será a cobaia. Após levantar da cama, ela tem várias sensações aguçadas e retoma algumas memórias de muitos anos atrás. Mas ela logo vai descobrir que nem tudo são flores.

Os dois amigos que acompanharam Courtney, Jamie (James Norton, de Black Mirror) e Sophia (Kiersey Clemons, do novo Liga da Justiça), logo passam pelo procedimento e mais dois colegas entram na jogada, Ray (Diego Luna, de Rogue One, 2016) e Marlo (Nina Dobrev, de The Vampire Diaries). Courtney começa a ter alucinações e é tarde demais para avisar os outros, que seguem pelo mesmo caminho. Como todo filme de suspense e terror recente parece estar fazendo, ele vai mais longe nos quesitos sustos e violência que o de 1990, potencializando algumas situações que antes eram tratadas mais psicologicamente.

Se Linha da Morte não era exatamente memorável, a tendência é que esse Além da Morte seja esquecido rapidamente. O conceito é até interessante e merece ser apresentado para as novas gerações. Filardi, o roteirista original, fez pesquisas com pessoas que passaram por experiências de quase morte para dar veracidade à sua estreia no Cinema. Niels Arden Oplev (de Sem Perdão, 2013) e Ben Ripley (de Contra o Tempo, 2011), diretor e roteirista, não conseguem adicionar nada, e até diluem qualidades do longa de Joel Schumacher. Entre os dois, eu ficaria com o primeiro.

Há uma surpresa desse elenco original no novo

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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Uma resposta para Além da Morte é releitura para novas gerações

  1. Ximena Sanchez disse:

    Ótimo! Eu amo filmes de comédia e suspense! Atualmente é meu favorito pessoalmente considero um dos melhores. Que Ellen Page seja o protagonista de um filme automaticamente leva ao êxito como aconteceu com Além da Morte, um filme que escolheu muito bem ao seu elenco. Os filmes de suspense evoluíram com melhores efeitos visuais e tratam de se superar a eles mesmos. Eu gosto da atmosfera de suspense que geram,macho que conseguem muito bem.

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