A Era de Ultron continua a Fase 2 de maneira grandiosa

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Age ofUltron, 2015) chega às telas com a missão de preparar o fim  do que o Marvel Studios chamou de sua “Fase 2” no que diz respeito à construção do MCU (Marvel Cinematografic Universe, ou Universo Cinematográfico Marvel) na telona. Essa fase compreendeu Homem de Ferro 3, Thor: O Mundo Sombrio, Capitão América: O Soldado Invernal e Guardiões da Galáxia. Não só isso, o longa também estabelecer o terreno para a Fase 3, apresentar novos personagens, superar seu antecessor e, de maneira quase melancólica, marcar a despedida de Joss Whedon da franquia, que cede seu lugar para os irmãos Anthony e Joe Russo (de O Soldado Invernal). Após 140 minutos vertiginosos, pode-se dizer que o filme cumpre todas essas missões com bastante mérito.

A trama de Vingadores: Era de Ultron aproveita elementos espalhados por toda a Fase 2 do MCU, com foco, inicialmente, naqueles decorrentes de Capitão América 2. A exemplo de seu antecessor, ele começa com uma cena de ação vertiginosa que enche os olhos dos espectadores quando o grupo formado por Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey, Jr.), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) confrontam tropas remanescentes da Hidra com o propósito de resgatar o cetro de Loki das mãos do Barão Strucker (Thomas Kretschmann, da série Drácula) em um castelo no leste europeu. Uma vez lá, o grupo acaba sendo confrontado por Wanda e Pietro Maximoff (o casal de Godzilla, Elizabeth Olsen e Aaron Taylor-Johnson – abaixo), irmãos gêmeos que, após submetidos a experimentos pela Hidra, adquirem capacidades sobre-humanas. Apesar desse contratempo, a missão é bem sucedida. O que Tony Stark pretende fazer com o cetro de Loki, no entanto, é algo que ele esconde do resto do grupo e desencadeia todos os eventos que levam ao desenvolvimento da trama do longa e da criação daquele que, nos quadrinhos, é o mais recorrente vilão dos Vingadores. Contar mais do que isso seria estragar a experiência daqueles que ainda não foram ao cinema.

O que pode ser dito, no entanto, é que Joss Whedon fez um trabalho brilhante aqui. Além das sequências de ação grandiosas, estilizadas e até mesmo relativamente exageradas, ele se preocupou bastante em desenvolver todos os personagens e trabalhar as relações entre todos eles. Se o primeiro Vingadores era um filme de origens, aqui os membros do grupo já se conhecem há algum tempo e se vê na tela todos os benefícios e desvantagens que isso traz. É interessante notar nesse quesito como Whedon se preocupou a dar a personagens mais secundários – como o Gavião Arqueiro e a Viúva Negra – uma profundidade que eles não haviam experimentado antes, até por serem os únicos heróis dos Vingadores a não terem tido um filme solo. Da mesma forma, é bem legal ver o antagonismo entre o Capitão América e o Homem de Ferro ir crescendo aos poucos, algo que é essencial para a trama de Capitão América: Guerra Civil, longa que colocará ambos em lados distintos. Finalmente, é bem salutar ver os Vingadores se preocupando não apenas em bater no vilão, mas também com as vítimas civis geradas por seus confrontos. Proteger os inocentes é, ou deveria ser, o objetivo primordial de qualquer herói que se preze.

Deixando de lado os aspectos técnicos, todos os atores principais retornam a seus papéis de maneira bastante competente, com destaque para Paul Bettany (de Transcendence, 2014), que deixa de ser apenas a voz do mordomo virtual Jarvis para assumir uma forma física ao dar vida a Visão, um novo membro dos Vingadores. Além dele, merece uma menção o belo trabalho de voz realizado por James Spader (da série The Blacklist) ao dar voz a Ultron (abaixo), dando-lhe uma profundidade compatível à sua versão quadrinhística.

Há muitos aspectos a serem analisados em Vingadores: Era de Ultron. Apesar de trazer o mesmo nível de ação e alívios cômicos presentes em todas as produções de Joss Whedon, o filme também traz uma série de eastereggs para os mais atentos, alguns refletindo acontecimentos passados e outros semeando o caminho para os próximos filmes da Marvel, como é tradição do estúdio desde o primeiro longa do Homem de Ferro.  Além, é claro, de uma série de convidados ilustres que não se limitam apenas ao onipresente Stan Lee.

Era de Ultron é mais uma prova do trabalho sério que o Marvel Studios vem desenvolvendo na criação de um universo Marvel no Cinema e provando, ano após ano, que filmes de super-heróis podem ser tanto simples diversão quanto abordar questões mais sérias – no caso, a busca do ser humano por segurança e paz – desde que sejam feitos com profissionalismo e respeitando sua fonte de inspiração. Seguindo a tradição do estúdio, há uma cena após o encerramento do filme, mas ela se dá no meio e não no fim dos créditos. A Fase 2 do MCU se encerra em julho, com a estréia do longa do Homem-Formiga.

Os novos e velhos atores se reúnem

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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