Detona Ralph traz vida aos estúdios Disney

por Marcelo Seabra

Wreck-It Ralph

É comum vermos filmes sobre personagens titubeantes, que não têm grande fé em si mesmo, e acabam se vendo na posição de heróis, ou mesmo de salvadores. Essa jornada de descobrimento é usada mais uma vez em Detona Ralph (Wreck-It Ralph, 2012), nova animação dos estúdios Disney que chega aos cinemas essa semana. E há um ótimo bônus para a geração que nasceu ou cresceu na década de 80: os personagens vivem num mundo de fliperama e é até possível ver alguns rostos conhecidos.

Wreck-It Ralph & VanellopeO Ralph do título é um gigante vilão de um jogo que tem como herói um sujeito parecido com o Super Mario, uma espécie de mestre de obras que tem um martelo mágico. Ralph destrói, Felix conserta, e tem sido assim por 30 anos. Até que, um dia, Ralph se cansa de ser deixado de lado pelos colegas, que o vêem como mau e o evitam mesmo fora do horário de “trabalho”. Quando o salão de fliperama fecha, o mundo dos jogos ganha vida, algo similar ao que acontece em Toy Story, e é quando o grandão se sente ainda mais triste, indo sozinho para o lixão onde mora.

Quando percebe que o que diferencia um herói é a medalha que ele ganha ao completar o jogo, Ralph sai em busca de sua própria medalha, para provar que é bom o suficiente. Em seu caminho, ele vai conhecer e interagir com vários personagens dos jogos vizinhos e terá que vencer percalços dignos de um Ulisses. A mais difícil de suas tarefas é fazer os demais verem nele algo a mais do que um vilão valentão que não precisa pensar, mas o faz assim mesmo. A programação externa pode ser forte, mas cada um deve se esforçar para pensar por si só, e esta é apenas uma das muitas lições que se pode tirar desse desenho.

John C ReillySem nomes muito famosos no elenco de dubladores (ao menos, por aqui), Detona Ralph prima pela competência dos profissionais contratados, e à frente está John C. Rilley (ao lado), visto recentemente em Deus da Carnificina e Precisamos Falar Sobre o Kevin, ambos de 2011. Ele tem algo de deslocado que cai muito bem ao personagem. Ao lado de Rilley, ouvimos Jane Lynch (a professora durona de Glee), a comediante Sarah Silverman (que está séria em Entre o Amor e a Paixão, de 2011), Jack McBrayer (da série 30 Rock), Alan Tudyk (de Transformers 3) e o eterno “Al Bundy” Ed O’Neil. A direção está nas mãos de Rich Moore, que faz sua estreia em um longa após várias experiências na televisão em desenhos como Os Simpsons, O Crítico e Futurama. Dentre os produtores está o todo poderoso da Pixar, John Lasseter, atual chefe criativo dos estúdios Disney.

Como não poderia deixar de ser, tratando-se de um produto da Disney, Detona Ralph tem bastante apelo às crianças, mas agrada também ao público adulto, como acontece com as melhores animações já lançadas. As tais lições aparecem aqui e ali de forma bem dinâmica, como parte da trama, e a experiência não se torna cansativa ou aborrecida. Pelo contrário, os personagens são adoráveis e o resultado é bom entretenimento. Os efeitos da animação, que acompanham os movimentos dos personagens de videogame, são perfeitos e remetem diretamente ao espírito dos jogos. É programação para todos, especialmente os saudosistas dos anos 80.

"Meu nome é Ralph e eu tenho um problema..."

“Meu nome é Ralph e eu tenho um problema…”

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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