Filme-família de Crowe supera a média

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Compramos um Zoológico (We Bought a Zoo, 2011) é o típico “filme-família do fim do ano”, feito para ser lançado na época do Natal e aproveitar o clima das festas. Historinha leve, baseada em fatos, mostrando uma família em dificuldades superando tudo o que lhes aflige para, no final, se tornar uma unidade novamente. Ou seja, algo pasteurizado, formatado e pronto para arrancar lágrimas dos mais desavisados, cheio dos clichês que permeiam esse tipo de produção.

Seria assim se não fosse pelo fato de seu diretor, Cameron Crowe (de filmes cult como Quase Famosos e Vida de Solteiro), ter se cercado de um bom grupo de atores, capitaneado por Matt Damon (de Contágio) e Scarlett Johansson (de Homem de Ferro 2). A direção segura e o elenco, cujo apoio tem como destaques a menina Maggie Elizabeth Jones (do novo Footloose – na foto, com o casal principal) e o alívio cômico na figura do britânico Angus Macfadyen (de Jogos Mortais 3 e 4), são os pontos altos do filme.

Compramos um Zoológico conta a história de Benjamim Mee, jornalista especializado em matérias aventurescas – e é na baseado no livro dele. Quando o longa começa, ele está no meio de uma grande crise familiar. Sua esposa, Katherine Mee (Stephanie Szostak, de Um Jantar para Idiotas), faleceu há seis meses e ele precisa aprender a criar sozinho seu casal de filhos, formado por Rosie (Maggie) e Dylan (Colin Ford, da série Sobrenatural). Ela é uma garotinha empolgada e cheia de vida, ainda que sentindo a falta da mãe; ele, o típico adolescente rebelde que começa a ter problemas na escola e a usar a desculpa da mãe falecida para justificá-los.

Em determinado ponto, Benjamim decide que precisa dar uma virada radical em sua vida, para que sua família consiga superar a perda da matriarca. Ele pede demissão de seu emprego e decide se mudar de seu bairro – cheio de recordações da ex-esposa – para um lugar onde ele e os filhos possam recomeçar do zero. Na procura da casa ideal, acaba adquirindo um zoológico abandonado, herdando todos os animais da propriedade, sua equipe, liderada por Kelly (Scarlett), e uma missão quase impossível: reformar e colocar o local em condições de funcionamento em cinco meses.

Daí pra frente, o filme segue mais ou menos o esquema há muito estabelecido por esse tipo de produção: Mee enfrenta a rebeldia do filho e as dificuldades de sustentar um zoológico sem entender absolutamente nada do negócio; pensa em desistir; volta atrás; e dizer mais do que isso estragaria as poucas surpresas que o filme tem. O fato é que, como dito no primeiro parágrafo, Crowe (ao lado) e a co-roteirista Aline Brosh McKenna (de Uma Manhã Gloriosa) conseguem superar diversas armadilhas que permeiam esse tipo de “dramédia”, evitando certos clichês e situações típicas, de forma a tornar seu filme menos previsível e um pouco mais interessante do que seus “irmãos”, que enchem as salas de cinema nessa mesma época do ano.

No fim das contas, Compramos um Zoológico acaba sendo uma boa diversão. Nada que vá mudar a sua vida nem a história do cinema, mas é outro ponto positivo na filmografia de Cameron Crowe.

Damon e seus colegas de elenco

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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