Comédia agrada sem baixar o nível

por Marcelo Seabra

Depois de ver Cilada.com no cinema, eu bem que merecia ver uma boa comédia. E eis que surge Quero Matar Meu Chefe (Horrible Bosses, 2011), que estreou na última sexta-feira e tem uns nomes interessantes no elenco. Além, claro, de participações especiais que prometiam, já que os três chefes do título são vividos pelo “psicopata” Kevin Spacey (Oscar por Beleza Americana e Os Suspeitos), a “tarada” Jennifer Aniston (a Rachel de Friends) e o “idiota” Colin Farrell (de Alexandre e Miami Vice).

Os três protagonistas são amigos de longa data que são vítimas de seus chefes. Jason Bateman (da série Arrested Development e do recente Coincidências do Amor) é funcionário do maníaco Harken (Spacey) e vê sua oportunidade de promoção dar adeus. Jason Sudeikis (do Saturday Night Live e Passe Livre) adora seu chefe (uma ponta de Donald Sutherland), que morre e o deixa sob o comando do filho viciado, Bobby Pellitt (Farrell). E Charlie Day (da série It’s Always Sunny in Philadelphia) auxilia a dentista devoradora de homens Julia Harris (Aniston) e é constantemente assediado por ela. E ainda é sacaneado pelos amigos, que não consideram isso um problema.

Com a exceção de Day, com um histrionismo acima do necessário, o elenco está muito bem. Bateman é o cara maduro, que tenta manter os pés no chão. E Sudeikis traz um toque infantil ao trio, como um machão que não é exatamente maduro. Os três chefes representam o horror de qualquer trabalhador, e Spacey toma a frente, roubando a cena sempre que aparece; Aniston desenvolve um lado sexy que não costuma aparecer nas comédias bobinhas que estrela; e Farrell, com uma maquiagem que acaba com seu visual (ao lado), é um perfeito estúpido, e não tem receio nenhum de brincar com a sua persona de galã. E tenho que lembrar de Jamie Foxx (Oscar por Ray), que faz um típico oportunista barra-pesada e se mostra bastante à vontade no papel.

Quando se vêem sem saída, os três começam a considerar a possibilidade de matar os chefes. E aí, obviamente, seguem-se planos mirabolantes que não costumam dar certo. E as piadas, politicamente corretas ou não, estão perfeitamente dentro do contexto, em situações verossímeis que dão a impressão de que qualquer um poderia estar ali. É ótimo assistir a uma comédia que consegue manter o nível praticamente o tempo todo, fazendo graça com as situações, sem precisar, por exemplo, explorar partes supostamente engraçadas do corpo, como no já citado Cilada.com ou em Se Beber, Não Case II (The Hangover II, 2011).

Em pouco tempo de exibição, Quero Matar Meu Chefe conseguiu recuperar várias vezes seu orçamento, algo em torno de US$ 37 milhões. Uma continuação, claro, já foi mencionada, apesar de nada estar confirmado. Com boa bilheteria, isso já é fato, mas nem sempre as coisas vão para frente. Dias Incríveis (Old School, 2003), por exemplo, ficou só no primeiro, apesar de ser muito engraçado e bem feito. Se Beber, Não Case (The Hangover, 2009) conseguiu sua sequência, mas não no mesmo nível. E já tem mais uma programada! Segundo o diretor, Seth Gordon (de Surpresas do Amor, 2008), é só uma questão de ter uma boa história. Isso é o que todos esperamos.

Os amigos e o “consultor” Jamie Foxx

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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