Preto, pobre e puta. Os três ‘P’ receberam a companhia dos políticos

No Brasil, dizem que somente três P’s são processados, condenados e presos: preto, pobre e puta. Mas nunca foi bem assim

Imagem: Google

Este injusto ditado é repetido entre amigos, em reuniões sociais ou em uma simples mesa de bar, sem maiores aprofundamentos sob a matéria, apenas reiterados a “torto e à direita” como se fosse verdade absoluta.

Esta meia-verdade tem um conteúdo histórico e legal, nunca observado pelos julgadores de plantão que repisam a esmo a frase de efeito, como se fossem os mais eruditos operadores do direito.

Quando digo meia-verdade, não quero dizer que exista, para completar um todo, uma meia-mentira, mas tão somente que ela não se sustenta pela metade, sem um exame completo contextual. Faz-se necessário uma análise, mesmo que superficial.

A Lei Áurea, Lei Imperial 3.353/ 1888, foi o diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil.

Apesar de ser o marco final da escravidão, um dos crimes mais bárbaros da humanidade, a lei não protegeu os libertos, simplesmente tornara-os livres e soltos, mas escravos da pobreza, da fome, da miséria e do preconceito.

Após 400 anos de escravidão, a abolição colocou nas ruas um contingente de desempregados, sem “eira nem beira”, frutos do cruel racismo, certo que, um dia antes da Lei Áurea, eram considerados mercadorias e não seres humanos.

Nossos irmãos negros, ou como preferem os politicamente corretos, afrodescendentes, foram impingidos a cometer delitos para sustentarem a si e suas famílias, e quando pegos, submetidos aos rigores das leis, acabavam condenados e presos.

Acrescente-se, ainda, que a população brasileira atual, dado a miscigenação, é composta, na maioria, de pardos, negros e pobres, mas isso não quer dizer que brancos e afortunados, ao cometerem crimes, tenham salvo conduto pela cor da pele ou posição social.

O segundo P: os pobres.

Com o final da escravidão, o declínio da produção cafeeira e início do desenvolvimento do processo industrial, em meados do século XIX, trouxeram para os grandes centros pessoas à procura de emprego. A falta de uma política pública, oportunidades de trabalho e os altos custos de uma capital levaram — e levam — aqueles com caráter frágil, buscarem, através das práticas delituosas, dinheiro fácil.

Observe-se os dados do DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional) quanto aos tipos penais mais corriqueiros cometidos pela população carcerária: crimes relacionados ao tráfico de drogas – 28%; roubos e furtos – 37% das ocorrências; e homicídios – 11%.

Estes ilícitos são, via de regra, cometidos por pessoas menos favorecidas economicamente, daí o segundo “P” do jargão.

O terceiro “P” (putas), profissão mais antiga da humanidade, nunca foi considerada tipo penal. Não há crime de prostituição, a não ser sua exploração, mas os ordenamentos jurídicos penais tipificavam, como crime ou contravenção, a vadiagem.

Como as prostitutas não possuíam carteira assinada e, em regra, esperavam sua clientela nas ruas, ao serem abordadas pelas autoridades policiais eram detidas por vadiagem, completando o terceiro P do jargão.

Estas sãos as razões históricas que deram origem ao ditado, podendo, na atualidade, com a ganância desenfreada de maus agentes públicos, acrescentar um quarto ‘P’.

No Brasil prende-se Pretos, Pobres, Putas e Políticos.

Por: Bady Curi Neto, advogado, professor, ex-juiz eleitoral do TRE-MG e sócio-fundador do escritório de advocacia empresarial que leva seu nome

Nota do blogueiro: Eu acrescentaria um quinto P: petistas, hehe.

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8 thoughts to “Preto, pobre e puta. Os três ‘P’ receberam a companhia dos políticos”

  1. Prezado Bady, boa noite.
    Veja que o preconceito é algo tão enraizado e incutido na mente dos idiotas, que aqui no blog, outro dia, um asno que sempre vem aqui falar asneiras, que se chama Cidrac, me disse o seguinte:

    – “Oh Rogério, porque vc não vai procurar suas “neguinhas” ou seus “negões”…

    Veja bem o nível do preconceito desse jumento. Se você se chateou com alguém e quer lhe desejar um mal qualquer, e quer lhe mandar pra algum lugar ruim, faça-o, mande essa pessoa pra um lugar ruim, fale palavrão, xingue essa pessoa, pode demonstrar sua raiva sem problemas, mas de forma alguma, nunca, mas nunca mesmo, jamais, você pode querer xingar alguém e mandar-lhe procurar “neguinhas” ou “negões”, pois quem disse a ele que ir ao encontro de pessoas escuras é algo ruim???? Ele tentou me insultar mandando-me ir ao encontro de “neguinhas” ou “negões”… Eu só não fiquei muito espantado com a demonstração clara do preconceito porque veio desse idiota, que só fala merda.
    Na verdade ele se mostrou radical, preconceituoso, machista, homofóbico, ao se referir a essas pessoas de forma tão pejorativa.
    Um forte abraço.

    1. Olá Rogério, pra que tanta afobação, pra que tanta virulência, pra que tanta agressividade? Espia, em apreço as pessoas que nos leem – já que você deliberadamente só distribui xingamentos – vêde. No Brasil, em que pese não existir dialetos, ha uma riqueza de vocabulário e de regionalismos. Em função disso as palavras adquirem conotações, cargas, nuances, coloridos os mais variados, chegam, até, a significar justamente o recíproco do seu sentido denotativo primitivo. Entre os mineiros poderia citar o vocábulo trem e o adverbio aqui, que são largamente utilizados com conotações que não são aplicadas em todo o país.
      Então, se você conhecesse a música de Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, “Eu sou neguinha” a essa altura já teria mais facilidade em captar o que se que dizer quando se sugere que vá contar seus arroubos e arrulhos a sua neguinha e ou ao seu negão. Mas, como o escaravelho, que invariavelmente prefere os excrementos, parte com quatro pedras a brandir preconceito, machismos e radicalismo.
      Fica o registro!

      1. Inundado, é oportuno sacar que as palavras, em regra, possuem múltiplos significados. Considere que para Arruda o hospedar que você menciona significa manter. O manter não no sentido de custear, mas de permitir que ali esteja. Permitir que vá junto com as notícias e demais opiniões publicadas pelo Uai, seja como conteúdo próprio da instituição ou como espaço aberto para outras pessoas.
        Outro ângulo é o grau de insultamento. Imbecil é qualificativo para o ser humano, mas jumento já é outra espécie de animais. Pra que essa violência toda?

        1. Cicrac

          Imbecil é qualificativo para ser humano? então ta, seu imbecil, energúmeno, frustrado, fracassado, todos estes adjetivos devem te qualificar vc so parece para dar palpites errados. O bloguista e seu amigo, o advogado Bady Curi Neto, tem muita paciência com suas inserções, sempre agressivas e para defender seu ídolo, que reside em Curitiba.

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