Playboy: companheira de uma vida

Playboy Brasil sai das bancas após 42 anos de circulação. Ela não deixa órfãos. Ao contrário. Deixa uma legião de cúmplices

Aqui (jamais!) jaz

A Playboy nunca soube, mas era o que mais próximo havia do significado de unanimidade. Agradava a ricos e pobres. Comunistas e capitalistas. Atleticanos e cruzeirenses. Homens e mulheres.

Foi também exemplo de solidariedade, de fraternidade. Era compartilhada entre amigos, sem egoísmo, sem privilégios. Quando a demanda era muito alta, era literalmente dividida, distribuída aos pedaços aos ávidos “leitores”.

Jamais foi acusada de ser de esquerda ou direita. Jamais se meteu em rinhas ideológicas ou apologias baratas. Aliás, foi o primeiro veículo da grande imprensa a incluir o “terceiro gênero” no campo das fantasias sexuais. Quem não se lembra da capa com Roberta Close?

Suas páginas amarelas foram vermelhas, com Lula. Vermelhas, de vergonha, com Collor. Vermelhas, enrustidas, com Fernando Henrique.

As piadas da página final infames, engraçadas de tão sem graça. Capas multi cor (Grace Jones, Xuxa), multi étnicas (americanas, europeias, asiáticas), multi credos (cristãs, muçulmanas, judias). Esportistas (Hortência), atrizes (Vera Fischer), dançarinas (Sheilas do Tchan), anônimas (Patrícia Jordane), mãe e filha (Helô e Ticiane pinheiro), adolescentes (Luciana Vendramini), senhoras (Betty Faria).

Podia ser lida em público, no avião. Devorada no privado, na privada. Folheada ávida, pelo pai; enciumada, pela mãe; envergonhada, pela filha; escondida, pelo filho. Porteiros e jornaleiros, taxistas e ciclistas, boleiros e cartolas, netos e avôs.

Atemporal, atravessou peitinhos e peitões; esguias e bombadas; loiras e morenas; depiladas e Cláudia Ohana. Com biquíni, sem biquíni; salto alto, descalças; implícitas e explícitas; reais e personagens.

Tal qual último capítulo de novela, especulava-se a próxima capa. Lendas e verdades sobre cachês, exigências, fotoshop, peso, altura. Não pagava-se a conta de energia, mas não se atrasava a assinatura da Playboy. E haja interfone ao porteiro: “chegou?”

J.R. Duran era o anônimo mais conhecido do Brasil. Sua profissão a mais invejada, depois da do editor da sessão Coelhinhas, hehe. Serão verdade os testes do sofá?

Eis que surge a internet. Surge a gratuidade e a banalidade do corpo feminino nu. Perde-se o mistério, vai-se o canto e o encanto.

Xvideos, Dr. Tuber, Xhamster…

Ah, adolescentes da geração 2000!! Vocês não fazem ideia do que perderam.

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8 thoughts to “Playboy: companheira de uma vida”

  1. Alguns anos atrás….não mais que 30 ….tentei comprar uma Playboy na banca de jornal e o jornaleiro não deixou eu comprar dizendo que eu era ” de menor”. Tive usar recursos altamente elaborados para comprar minha Playboy da MAitê Proença e quando consegui a revista em enfim……foram anos de muito prazer e deleite……Vindo para 2018….hoje um pirralho de 10 anos entra no computador e entra em videos eróticos explícitos e baixo nível e muitos com agressão a mulher ou nojeira explícita. Realmente os pirralhos de hoje não sabem o que é correr atrás de um sonho….

  2. Ainda quero um exemplar com a ‘tiazinha’ e me lembro bem dos surpreendentes seios da Mara maravilha….fiquei ‘zuiudo’ e realmente surpreso!
    Tem também aquelas ex apresentadoras da band, Mônica Apor(super gostosa) e Cleo Brandão(muito gostosa), eram lindíssimas, esculturais e…. gostosas!
    E tem também mais…um monte de ‘bicho bão’, a lista é enorme.

  3. Juntava um dinheirinho e pedia meu irmão mais velho para comprar para mim.Bons tempos, belas mulheres, corpos naturais, hoje muito silicone e photoshop, que até deforma as mulheres.

  4. As entrevistas que vinham na revista Playboy, ajudaram a formar muito formador de opinião hoje. Foram épicas as revistas da Tiazinha, Adriane Galisteu, Tammy Gretchen quando era mulher (e boa), os banhos eram longos, com todos dando altas porradas na porta. O mais engraçado era sair do banho com a revista escondida embaixo da toalha, afinal ninguém podia saber, isso era extremamente vergonhoso (rsrsrsr). A imaginação voava longe…. Essa turma cibernética de hoje, não sabe como isso era bom.

  5. Parece que a unanimidade das opiniões demonstra, apenas, o eterno suceder das gerações com os seus sonhos, escapismos e seus vexames. Por falar no tema, trago, de Siba Veloso, o enfoque de outra mulher, a da capa preta:
    “A morte anda no mundo
    Na forma de um esqueleto
    Montando um cavalo preto
    Pulando cerca e cancela
    Bota a cara na janela
    Entra sem ter permisão
    Fazendo a subtração
    Dos nomes da lista dela
    Com a risada amarela
    É uma atriz enxerida
    Com presença garantida
    No fim de toda novela”
    Contudo, todavia, entretanto, as mulheres são mágicas. Incendeiam a imaginação a exemplo de Ornalla Muti e tantas ninfas e ninfetas.

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