Quando a “arte” espanca a civilização

Se o retrato abaixo espelham arte e a ótica do autor sobre sexo, na boa, este sujeito deveria ou estar preso ou vivendo em uma caverna***

Que horror!

Ao longo da história humana, usos e costumes foram se alterando, à medida em que os povos (ou sociedades) se desenvolveram. Do quase erradicado canibalismo, passando pela prática de sacrifício humano aos Deuses, os anos foram cuidando da lapidação do homem bruto. Se ainda não somos um belo e puro diamante, ao menos deixamos grande parte do carvão que nos cobria a existência.

É certo, que após milhares de anos de evolução humana, algumas sombras do passado selvagem permanecem entre nós. Quanto mais subdesenvolvido o país ou região, mais exemplos de primitivismo encontraremos. Acreditem, mas ainda hoje é comum, mesmo no Brasil, sobretudo nos grotões dos estados mais atrasados do norte e nordeste, poligamia, pedofilia e, sim, escravidão. Conheço pessoalmente exemplos dos dois primeiros crimes e lhes garanto: em Jacarezinho dos Homens (AL) e Riachão do Bacamarte (PB) imperam outra Constituição Federal e outro Código de Processo Penal.

A Arte, em suas diversas formas de expressão (pintura, escultura, teatro, cinema, música, dança, etc.), sempre refletiu os anseios e angústias do seu tempo. Dos primórdios do teatro grego, passando pelos impressionistas do século XIX ou o movimento surrealista do início do século XX, poderemos sempre encontrar o reflexo de uma época. Outro dia mesmo, em uma situação bastante desagradável envolvendo um tradicional colégio de Belo Horizonte, a grande peça “O Mercador de Veneza”, de Shakespeare, foi indevidamente utilizada como instrumento antissemita. Hoje, sem dúvida, seria taxada assim. Mas é imperioso relativizar seu contexto à época de sua criação.

Pois bem. Feita esta longa digressão, entro no assunto principal: a tal mostra suspensa pelo Santander Cultural após uma onda de manifestações contrárias.

Já escrevi a respeito (aqui) e não pretendia voltar ao tema. Mas recebi a imagem que ilustra, ou melhor, emporcalha este post e não resisti. Vejam lá: dois adultos abrem as pernas de um bebê e um terceiro o penetra. Ao lado, dois espectros admiram o horror. Para completar, um ursinho (provavelmente da criança violentada) testemunha o quadro macabro. Na boa, senhores… isso não dá! E pouco me importam os conceitos de arte ou de bom ou mau gosto. Vivemos num país ocidental, em pleno século XXI. Uma imagem assim, digna dos rituais satânicos da idade média, não pode ser aceita como expressão artística. Primeiro porque definitivamente não é. Segundo porque o contexto histórico de sua criação, qual seja, o atual, em absolutamente nada permite tal, digamos assim, expressão. E terceiro, o mais importante, porque segue frontalmente de encontro às leis.

Ora, amigos, em nome da Arte não se pode tudo. Não se pode criar uma escultura onde um, sei lá, empresário ou banqueiro branco (para ficar no campo das mistificações dessa gente) açoite impiedosamente um funcionário humilde, de cor, como símbolo da hierarquia patronal. Também não se pode estilizar uma suástica como se fosse árvore de natal. Tampouco igualar gays a bichos, como fizeram, inclusive, nesta mesma exposição.

Não entendo de leis, ao menos das especificidades delas, e assim não posso “cravar”. Mas, sinceramente, se este retrato não faz apologia à pedofilia, eu não sei mais o que faz.

Atualização (14 de setembro, 16:48hs): Já recebi mensagens dizendo que essa “obra” faz parte da exposição e outras dizendo que não. De uma forma ou de outra, seja no Santander ou em qualquer outro lugar do território nacional, além do visível mau gosto, é uma afronta à lei e à civilização democrática ocidental, onde eu vivo. Se estiver exposta em outro país e sob outro contexto, menos pior.

*** O quadro não faz parte da tal mostra do Santander. O autor mantém as demais opiniões a respeito do assunto.

Leiam também.

38 thoughts to “Quando a “arte” espanca a civilização”

  1. Ricardo ,
    subscrevo seu texto !
    Pergunto ainda … será que se ao invés das pernas de um bebê fossem as pernas das mães de quem defende esta arte irracional … eles iriam ter mais orgasmo ??? ou da apologia à pedofilia passaria rapidamente à apologia ao estupro tão em voga ???
    Não há noção do limite animal !
    Porcos … hipócritas … imundos !!!

  2. Prezado Ricardo, essa pintura se chama “What Ted Saw”. É da artista Kim Noble (ou melhor, de alguma de suas múltiplas personalidades). Ela é uma sobrevivente de abusos sexuais e essa pintura denuncia justamente isso. Você criticou uma obra de arte de uma pessoa que a pintou para denunciar o que todos nós condenamos, algo do que ELA foi vítima. Você diz, com isso, que a vítima não pode denunciar esse crime por meio da arte. Sugiro que leia um pouco sobre a história dessa artista. Abraço! PS: essa obra NÃO estava na exposição do Santander, infelizmente…

    1. Gustavo, se a obra de fato não estava na mostra, menos pior (para a obra) — até porque as demais estavam. Sobre a intenção do artista, sinceramente, sinto muito por seu sofrimento, o que não me impede de deplorar o que vejo.

      Sobre “Você criticou uma obra de arte de uma pessoa que a pintou para denunciar o que todos nós condenamos, algo do que ELA foi vítima”, não é verdade! Critiquei a exposição desta “obra” na mostra e apontei que fere a lei brasileira.

      Sobre “Você diz, com isso, que a vítima não pode denunciar esse crime por meio da arte.”, é menos verdade ainda e, me perdoe a franqueza, extrema má-fé intelectual da sua parte.

      Por fim, sobre ler a respeito da artista… Sem chance!

      1. Ricardo, também deploro o que vejo na obra. E ler sobre sua autora – uma mulher com múltiplas personalidades, diversos distúrbios psicológicos, frutos de internações em instituições psiquiátricas onde foi submetida a horrores, vítima de abusos sexuais -, sobre o processo criativo e o caráter terapêutico envolvido nisso, me permite entender a melhor obra. Não é “apologia à pedofilia” – ainda mais na perspectiva da autora… a menos que suponhamos que ela curtiu o que passou. Não parece ser o caso. Não mesmo…

        Se você entende que não é necessário ler um pouco sobre a autora para entender a obra, é uma questão sua. Eu, pessoalmente, busco ler e aprender o máximo possível antes de me manifestar sobre algo. Abraço!

    2. ‘what ted saw’? ‘he’ will change the name to ‘what ted felt’ to express his(her) feelings but how someone looking the picture could know about what happened with the autor???
      Why not a book or interview in cnn, etc?!?

      i’m still against his(her) ‘art’.

      1. ps: Brazilain people don’t know ‘a thing’ about art and who (see)saw this picture think in ‘abuse’ and not a message from the author about what happened with her.

        ps2: was wrote in poor english to fade the “red ones”

        1. Acho cretinice escrever em inglês, mas tudo bem. Já que você começou… There are those who’ll look at this painting and get aroused. But won’t they feel like that when they see some kid anyway? There are those who, in turn, will be disgusted – either because they feel like it incites a crime or because they now this is a serious issue that we, as a society, need to address. I’m in the latter part of this second group. I seriously recommend reading about this lady who painted it. That’s how knowledge is built. Also, it’s not uncommon in many exhibitions to provide some background about the authors and their works, so I doubt this would be shown without some info that’d help put it in context. The fact that – as you said – “Brazilain people don’t know a thing about art” is not an excuse to censor this work of art, but the very own reason why most people should keep their mouths shut about stuff they don’t know… best regards!

          1. É muita cretinice responder em inglês!
            I don’t feel ‘like that’ looking the picture, i feel ungry BUT you are not thinking about the chilkdren who look this trash. What children think, can you explain? you’ll explain for who(children) don’t understand anything about sex that this picture is trying to show against abuse?
            they don’t need to grow learning about this garbage that lots of ‘culture persons’ call as ‘art’!
            you must read about Definition of Art by Robert Stecker, he explain what is and means ‘ART’
            True read: ‘The project of defining art most commonly consists in the attempt to find necessary conditions and sufficient conditions for the truth of the statement that an item is an artwork.’
            repeating: ‘necessary conditions and sufficient conditions for the truth of the statement that an item is an artwork.’

            I(we) don’t need to read about the painter, her life, etc to understand her reasons to paint this ‘horror’, if we need to read, she must be wrote A BOOK and not paint this trash!

    3. Ficou ainda pior. Porque a sociedade precisa conviver e até aplaudir as excrescências de uma mente atormentada? O equilíbrio e a temperança não são de melhor qualidade?

  3. A exposição é uma indução a rituais satânicos.
    Como será a mente de quem produz algo assim?
    E a mente de quem divulga e chama de ‘arte’?

    Na imagem do quadro acima, o tamanho da criança, os dois ‘espectros’ se aproximando da cama parecendo demônios, dois ‘espectadores’ ajoelhados participando e/ou esperando suas vezes, o estuprador sendo observado por todos até o ‘ursinho'(infância abandonada/descartada) confirma e transmite claramente a sensação de pedofilia em um quarto totalmente fora de esquadro que mais parece um losango deformado como a mente do criador da ‘obra’!
    REPAREM que nenhuma das escrotas figuras parece ser feminina e comprova também a transmissão e incentivo ao homossexualismo.

    Os que discordam da minha opinião, ou melhor, da comprovação do que o quadro transmite, façam cópias e deem de presente pra a mãe deles, irmãs, esposas, filhas, avós, tias, vizinhas e principalmente pra sogra.
    Vejamos as reações delas.

    Pra mim, quem cria e/ou admira ‘isto’, é um maldito! Quem pratica deve ser EXTERMINADO!

      1. A interpretação pressupõe uma reação … conclui-se obviamente que a censura também seja livre !!!
        Ó Deus Poderoso , não me venha com falsos moralismos …

  4. Ricardo, meu comentário detalhado acima com username ‘anonimo’ mas sou o JLT!
    acho que esqueci de ‘logar’, dá pra mudar este e o acima pelo meu username, please? faça questão que os petistas vejam minha opinião!!!

  5. Minha esposa viu a imagem e disse que é deprimente.

    Creio ser esta a opinião de todos dos que tem caráter, criação familiar adequada e amorosa, temor a Deus, respeito às leis e às pessoas e principalmente carinho e respeito às crianças.
    Eu e minha esposa estamos putos com esta divulgação satânica e nem tenho coragem de mostra aos meus 3 filhos com idades entre 17 e 39 anos!

  6. Procure se informar melhor, meu caro, antes de reproduzir Fake News. Procure pesquisar sobre o drama de Ria Pratt, ou seja, de Kim Noble, autora da imagem que você colocou no post. Tome cuidado com as informações que propaga em seu blog, sem nenhum conhecimento prévio do que está falando. Abraços.

  7. O autor deste blog já foi esclarecido sobre o engano. Foi esclarecido, diversas vezes, sobre a autoria da imagem que ilustra o post. Minha pergunta: por que não muda a imagem, o texto e se retrata? Por que não diz a verdade, já que sabe que a imagem está num contexto totalmente diferente?
    O intuito é desinformar o leitor?

    Grato,

    Marcelo

  8. O autor não checa a veracidade de suas informações? Firma suas opiniões no “ouvi dizer”? É disso que se alimenta seus leitores, de ilações? Imagino que o Diário Associados tenha uma política mais séria em relação às apurações. Bom, não serei eu mais um enganado aqui em sua página.

    Saudações,

    Marcelo

    1. O autor não checa a veracidade de suas informações. O autor se informa onde considera adequado e recebe informações de quem respeita. Quando há algum engano ou conflito, o autor faz como fez no post em questão.

      Sobre a “alimentação” dos meus leitores, não posso responder. É com eles! E sem dúvida o DA procede de maneira completamente diversa deste blogueiro, já que um veículo de informação dos mais importantes do Brasil.

      Por fim, sobre sua saída desta página, só posso dizer: siga em paz!

      Saudações,

      Ricardo

  9. Ué, mas não foi você quem começou com essa babaquice de escrever em inglês??? Inglês ruim pra caramba, diga-se de passagem… outra coisa: tá passando vergonha, cara! Você cita um artigo do Robert Stecker que faz parte do “The Oxford Books of Aesthetics” (pp. 136-155) em que ele discorre acerca de várias vertentes que buscaram definir o que seria “arte” ao longo dos últimos séculos. Curioso que você cita a terceira frase do texto, que nem de longe é uma conclusão dele sobre o que seria arte! Não adianta sair citando autor achando que não é possível ler. Menos de vinte páginas, já lidas, e quem ler esse texto que você citou verá que o autor não dá definição alguma de arte! Como ele mesmo menciona, em determinado ponto, o debate entre críticos acerca de movimentos como o romantismo e o impressionismo levanta questionamentos acerca dos limites da arte. Em nenhum momento ele define o que é arte! Como você provavelmente não chegou ao fim do texto, cito a última frase: “Should we even continue to assume that we are looking for a single correct definition, or should we now accept the possibility that there can be several equally useful definitions of art, several equally good solutions to the same problem — or perhaps several problems calling for different solutions?” Ele mesmo diz: devemos aceitar a possibilidade de que podem haver várias definições de arte? (se você botar os seus dois neurônios pra funcionar e ler o texto INTEIRO, verá que é exatamente isso que ele defende ao fazer essa pergunta). Da próxima vez, antes de falar besteira sobre um texto, leia-o inteiro.

    1. vc escreveu: cito a última frase…releia o texto em inglês que vc COPIOU e COLOU!
      “devemos”? …Should we?
      “ou devemos aceitar(agora) a possibilidade?” or should we now accept the possibility
      o que você escolhe?….escolheu?…ainda não?….e agora, escolheu? ok!
      perceba:
      “devemos’ é uma imposição e não opção de escolha!
      repito pra ver se pega no tranco: “devemos’ é uma imposição e não opção de escolha!

      VIU? Melhor é entender o que se lê do que escrever bonitinho e expressar pensamentos alheios e/ou frases prontas. Meu inglês é ruim(aos seus olhos) mas é ‘meu’, tem minhas palavras autênticas compostas com personalidade implícita, são meus sentimentos!

      O(meu) inglês é ‘péssimo’ mas você entendeu tudo o que escrevi, não é verdade?
      You’re just like a ???(i can’t find the right word) …someone wise to understand what is very bad?

      ps: converso(escrevo) DIARIAMENTE com DÚZIAS de americanos, ingleses, russos, chineses, coreanos e vários de outros países com este inglês ‘ruim’ e TODOS entendem perfeitamente, sou inclusive moderador de 8 sites no exterior, ensino e aprendo sobre áudio e vídeo inclusive com engenheiros de áudio MUITO famosos internacionalmente(não citarei nomes) e TODOS entendem e respondem a este inglês ruim…fazer o que? é ruim mas é bão! entendeu ou quer que eu escreva em inglês ruim?

      1. Cara, você entendeu errado essa frase que copiei e colei sim (afinal, é uma citação, entre aspas). Traduzindo-a: “Deveríamos mesmo continuar a supor que estamos em busca de uma única definição correta, ou deveríamos aceitar a possibilidade de que podem haver várias definições igualmente válidas de arte, várias boas soluções para o mesmo problema – ou talvez vários problemas que demandam diferentes soluções?”. Tudo isso são perguntas. Ele não está dizendo que DEVEMOS buscar uma única definição! É exatamente o contrário: ele defende que há várias formas de definir “arte”. Sério que você leu esse texto inteiro em que o cara apresenta várias correntes de pensamento sobre o conceito de “arte” e chegou ao final achando que ele defende que existe apenas uma definição e que deveríamos buscar essa única definição???

  10. Quem se sente ofendido ou incomodado é só não ir. Simples assim! É muito mimimi, típico de quem se acha especial!

    Se estivessem viajando para o exterior e se deparassem com uma obra do tipo, tirariam uma self!

  11. O que mais me deixa aflita é a patrulha, e a falta de aprofundamento no debate, fica tudo meio superficial em um moralismo que não leva a nada. Há alguns dias atrás o jornalista e designer, Gustavo Pizzo, comentou brilhantemente no Twitter em 14.09.2017, a arte sem superficialidade, a imagem da obra em questão muito compartilhada nas redes sociais que realmente espanca a alma.
    1) “Vamos falar sobre notícia falsa e fora de contexto? Vamos! Primeiro, essa obra não estava na exposição Queermuseum”.
    2) “Beleza, dito isso, vamos atrás de quem é o/a artista. Ela é Kim Noble, uma britânica com distúrbio de múltiplas personalidade”.
    3) “Atenção para o trecho: http://colunas.revistaepoca.globo.com/…/100-personalidades…/“.
    4) “Kim sofreu abusos na infância, como retratados na pintura. E lida com isso através da arte. Uma das suas personalidade é Ria Pratt”.
    5) “Ria é uma menina de 12 anos. Seus quadros retratam os abusos sofridos por Kim nessa idade. São bem perturbadores”.
    6) “A criança ali no quadro é ela. Ela é a vítima. Ela não está propagandeando pedofilia. Ela está lidando com o trauma”.
    7) “É bonito? Nem um pouco. Por isso o contexto é importante. Entender porque isso existe ajuda a ver a coisa sob outra perspectiva”.
    8) “Tem uma entrevista com a Kim na Oprah aqui: https://www.youtube.com/watch?v=n2atzoaA2NI“.

  12. Nessa obra a autora relata e denuncia o abuso que ela própria sofreu, arte é isso, externar o que se sente, seja encantamento e felicidade ao horror e tragédia, é pra ser desconfortável, se fere seus olhos seletivamente politicamente corretos eu sinto muito, arte não deve ser pra você mesmo, ou você devia expandir seus horizontes para o fato de que não é por que algo está em uma moldura, isso sirva pra estar na sua sala de jantar
    Mau caráter seria imaginar que alguém ao ver essa obra, do nada se transformaria em um pedófilo, todo o desconforto, horror e repulsa que sentimos ao ver a peça são o intuito dela, a nossa “inocência” ao ser tomada quando a observamos é uma analogia a da própria autora, transformar esse tema em um tabu, que não deve ser retratado e discutido, não diminui os casos de abuso, perdão mas seria ótimo se você revisse certos conceito antes de fazer uma resenha

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