Era só o que faltava! O Brasil vive numa realidade paralela; só pode

Agora, podemos não só alterar o presente, mas negar o passado e reescreve-lo de acordo com nossa própria vontade. A verdade dos fatos? Que se dane

Esse é o (quase) cara!

Pensem num sujeito completamente desprovido de preconceito; qualquer preconceito. Tô me lixando para cor de pele, gênero, religião ou o escambau. Para mim, pessoas são pessoas e pronto. Agora, se o grandão sai por aí vestido de mulher, falando e trejeitando (existe isso?) como uma moça, eu acho ridículo, pronto. Acho curioso, feio, e não, não queria tal sorte a um filho se tivesse um. Isso é preconceito? Não, não é. É gosto, opinião. Não vou agredir o rapaz-moça, não vou admoesta-lo, não vou zombar de sua condição ou comportamento, não vou nada. Se estiver numa fila à minha frente ou numa cadeira ao meu lado, terá de mim a mesma atenção e tratamento se outra pessoa fosse.

Vejam isso: Discuto com uma senhora no trânsito. Na raiva, ela me chama de viado, careca, FDP. Bem… viado não sou, mas e se fosse? Careca eu sou. E daí? FDP também não sou. Devolvo com um sonoro “VTNC, ô Dona Maria”. Pronto! O mundo acabou. Sou machista, misógino e covarde, no mínimo. Outro exemplo; e real: Um gay discute com um sujeito num posto de gasolina. Dá um chute no carro do cara e sai andando. O motorista desce e cobre o rapaz de porrada. Para mim, apenas um briga idiota qualquer, que os operadores do Direito costumam chamar “altercação às vias de fato”. Para o gay que apanhou, homofobia!

Agora troquem as personagens acima por pretos, pobres, obesos, deficientes, enfim, qualquer indivíduo que possua algum traço físico ou comportamental diverso da média e pronto. Terão aí uma causa a mistificar. “Judeu!”, grita um ao outro. “Budista!”, responde o judeu. Onde reside o racismo? Onde reside o preconceito? Na minha opinião, na cabeça dos delinquentes intelectuais, já que não consigo encontrar nada que desabone nenhum dos dois.

“Baleia!”, diz o menino magrelo ao gorducho na escola. “Palito!”, responde o fofinho. Bullying ou troca de ofensas? Pô, será que adjetivar pejorativamente aquilo que, em tese, desagrada a alguém não é apenas o que é, ou seja, uma tentativa de irritar, de agredir verbalmente aquele que te enfrenta? Por que sempre levar a banalidade para o campo da desgraça? Sim, desgraça. Porque preconceito é uma desgraça. Repito: Preconceito! Aquilo que faz um maldito qualquer se afastar ou agredir alguém por causa de sua cor, gênero, condição social, aparência ou religião.

Thammy Miranda, ex-Tammy Gretchen, a filha da musa de 11 em cada 10 adolescentes dos anos 80, desfigurou-se como mulher para se transformar em homem. Extirpou órgãos sexuais, reprodutivos, enfim, atingiu o mais próximo o possível de uma figura masculina. Qual o problema? Para mim, nenhum. Ele (ou ela) jamais sentiu-se mulher e quis parecer homem. O corpo é seu e faz dele o que quiser. Quem tem algo a ver com isso? E mais: Conseguiu alterar seu registro civil, o que considero acertado e adequado à sua nova realidade física. Seu RG agora diz que é homem. Mas…

Hoje leio uma notícia no Portal UAI (aqui) que Thammy conseguiu também alterar sua certidão de nascimento. Como é??? Aí, não! Aí não concordo e não vejo o menor cabimento. É mais uma daquelas barbaridades típicas de um país que não reconhece nem respeita as leis e os fatos.

Pô, alterar o passado não. Não vale! O hoje moço nasceu moça e não há como negar isso. E sob qualquer aspecto ou necessidade legal, não há o porquê mudar seu registro de nascimento. Um mero capricho não pode se sobrepor ao ocorrido. Um padre, outrora um assassino, não pode, em nome da sua nova vida, apagar o que fez. Não tem o menor cabimento. Alterar o gênero de nascimento é algo tão absurdo quanto negar, sei lá, que o dia e a noite sucedem-se a cada ciclo de 12 horas.

E daí retorno ao início do texto: Ai de quem negasse esse “direito” a Thammy (sem aspas, pois agora é nome próprio masculino). Seria perseguido pela Maria do Rosário para o resto da vida. Jean Wyllys lhe daria uma cusparada na fuça e as atrizes globais usariam camisetas brancas dizendo: “mexeu com uma, mexeu com todas”.

Eis aí o sinal destes tempos estranhos em que vivemos. Eis aí a gênese daquilo que garante a um menor estuprar uma menina de 12 anos e sair por aí impune gozando da alcunha de vítima da sociedade, que não lhe acolheu, não lhe deu amor e o transformou num pequeno selvagem. No limite, eis aquilo que possibilita ao Lula viver invocando a condição de vítima perseguida, e não um criminoso safado como de fato é: A mania brasileira de distorcer as leis e os fatos reais, até que uma nova versão torne-se realidade.

É a tal da pós-verdade!

Leia mais, aqui.

47 thoughts to “Era só o que faltava! O Brasil vive numa realidade paralela; só pode”

  1. Muito bom Ricardo. Estou de saco cheio do politicamente correto. Isto é um verniz no comportamento da nossa sociedade. Só veio e careca e não idoso e calvo, mas tento ser ético no dia dia.
    Falamos muito dos politicos, mas nossa sociedade não leva muito em conta etica e moral.

  2. Tempos estranhos e bizarros que nos são simplesmente impostos como uma obrigação a ter de acatar …
    gostei do seu texto , da sua legítima sinceridade em manifestar o direito de pensar …
    o respeito deve ser salvaguardado para a diferença … mas não só , também para quem com ela não concorda .

  3. É Ricardo, acho que vc está se importando demais com isso, seria alguma coisa mal resolvida ? rsrs
    Vc nunca me enganou, assim como eu, adora dar ré no kibe.

    beijos

    1. ô Agenor, leia meus posts e me processe também!
      ps: o sobre nome ‘V’ é ‘de que’?
      Seu OAB cheio de 24 significa: Olha A Bunda? vich, tem 69 também!!!
      Quem te falou que é ‘doutor’? se não sabe e é advogado, leia que o título é inadequado para a classe!

      aguardo o oficial de justiça…..

  4. Ricardo, sou seu fã! Vc escreve muito bem , é articulado, e tem umas tiradas geniais. Porém, as vezes não concordo com o vc escreve. Quanto a Thami, acho que ele ou ela tem todo o direito de fazer suas escolhas e nós, embora possamos desaprovar a sua conduta e seu modo bizarro e estranho, temos que respeitar as suas preferências. Acho que não podemos ficar também humilhando essa criatura com esses adjetivos de intolerância. Vc pode não importar que alguém fale sobre a sua condição de Careca, gordo, FDP, mas as vezes quando alguém põe um post mais atrevido, chamando-o por exemplo, de desonesto, com certeza, que vc sobe nas tamancas. Vc, eu, e ninguem temos nosso calcanhar de aquiles, e nao gostamos de sermos vilipendiados, principalmente, se a ofensa é gratuita. Ricardo, eu sei que é muito sutil e quando escreveu sobre as aberrações de thami, sua intenção , no fundo da alma, era falar de Lula e do petismo. Acho que se vc conseguisse se libertar dessa compulsão que vc tem por Lula e pelo PT, se tornaria um escritor mais refinado e destituído de preconceitos. Acho que vc poderia valer do seu talento para escrever sobre causas mais abrangentes, sem essa polarização do bem e do mal, porque isso, faz vc ficar um pouco previsível, e esconde a sua verdadeira grandeza.

      1. Não precisa xingar ele de gay, careca, nem nada… é só chamar ele de coxinha que ele se altera. Não, não é preconceito não, apenas uma constatação.

  5. As suas opiniões são meras opiniões, que podem ou não condizer com a realidade.
    A sua soberba, sua arrogância e sua empáfia é que vão te levar ao fracasso, porque a intolerância nunca será aceita ou compartilhada por pessoas de bem.
    Repense seus posicionamentos e a forma como responde às opiniões divergentes, porque você está demonstrando que não tem equilíbrio emocional para tratar de alguns assuntos.
    Um psicólogo vai te fazer muito bem.
    Trate-se e melhore o seu comportamento diante das situações divergentes.
    Um forte abraço

    1. fracasso?!? huuuuum… deixe-me ver…. acho que não, viu? cheguei aos 50 realizado em absolutamente tudo. repito: tudo! tudim mesmo!!! vai ser difícil eu retroceder tanto assim nos anos que me faltam.

      ah! já tenho um psicólogo. chama-se Leonardo. é sensacional!!! faz muito bem mesmo

  6. Excelente! O relativismo e o individualismo estão mandando e desmandando…
    Ah, e ai de quem disser que esse movimento é, no mínimo, contraditório e controverso!
    Pobres de nós, brasileiros, que gastamos tanto tempo, dinheiro e esforço para discutir ideologia de gênero quando não conseguimos resolver sequer saneamento básico…

  7. Ricardo, compactuo com a opinião do internauta Carlos Miguel, que foi feliz na sua opinião.
    You´re the one; pois se expressa com estilo e eloquência, Curto bastante suas crônicas. Entretanto acredito que sua previsibilidade quanto às críticas ao Lula, poderiam ser alternadas para assuntos que realmente nos interessariam, como ética por exemplo, que nos proporcionariam mais conforto para refletirmos e enfrentarmos esse nosso país tão caótico.
    Não gostaria que você considerasse minha opinião como um desestímulo, pois eu o admiro e sou su fã.
    Um abraço.

  8. Concordo com você Ricardo. Sabe o que acho mais engraçado nisso tudo? Temos que respeitá-los, aceitar suas atitudes, ouví-los gritando aos quatro cantos seu modo e estilo de vida, suas opinões, pois isso tudo é liberdade de expressão, o país é livre. No entanto quando é o inverso aí se torna discriminação. Dois pesos, duas medidas…

  9. Parabéns pelo post corajoso, alguém tem que falar, é muito mimimi por qualquer coisa, opinião é confundida com preconceito. Qualquer discordância com alguém do universo LGBT, lá vem a gritaria te chamando de racista, preconceituoso e tal. Ou seja, só pessoas brancas, que não sejam LGBT, podem ser feias, chatas, mal-educadas, ridículas, etc. Tempos estranhos de patrulhas ideológicas, estaremos vivendo uma nova “Santa inquisição”?

  10. Nunca comentei neste espaço, embora leia com frequência os textos. Confesso que fiquei surpresa com este tema, mas não fiquei surpresa com a opinião refletida nele. Não podia esperar nada diferente.

    É tênue a diferença entre opinião e preconceito. E acredito que essa fronteira seja ultrapassada com frequência em nossa sociedade atual.

    É muito difícil falar de coisas que não conhecemos ou que não fazem parte da nossa realidade.
    Por outro lado, é muito fácil para um homem, branco, classe média alta, cristão, de direita e heterossexual falar que tudo é mimimi. A “opinião” dada neste texto representa somente a figura do opressor.

    Você não é negro para saber a dor de sofrer com o racismo. Nem pobre para ver quantos são os obstáculos que os pobres enfrentam dia após dia em nosso país. Isso para citar dois exemplos.

    Vou me atrever a fazer algumas perguntas. O senhor consegue imaginar a dor de nascer em um corpo que não é seu? Consegue imaginar quantos julgamentos e insultos sofre alguém nesta situação? Por outro lado. O senhor consegue imaginar a alegria de alguém nesta situação que além de adequar seu corpo ao seu gênero real, também poder alterar seus documentos e se tornar,perante a sociedade, como se vê?

    Não espero resposta, muito menos que publique o comentário. Foi só um pequeno desabafo!

    Me desculpe qualquer coisa.

    1. Não há nada o que se desculpar, ora. E agradeço pelo comentário. Aproveito e respondo suas questões:

      1. Não, não consigo (imaginar a dor…). Por isso não só respeito como apoio quem deseja mudar. É o que está escrito no texto;

      2. Sim, consigo. Julgamentos e insultos fazem parte da vida. Eu já sofri vários; imagino que você também. Os motivos podem variar, mas o “sofrimento” não;

      3. Sim, imagino. E repito: por isso apoio a mudança do corpo e do documento civil (RG). Novamente alerto: é o que está no texto;

      4. Não preciso ser astrofísico para saber que não há oxigênio no espaço ou um chef de cozinha para apreciar (ou detestar) uma comida. Por isso, imaginar que só um negro pode entender o que sofre um negro ou um pobre o que sofre um pobre é algo completamente sem sentido e um reducionismo ímpar. Um médico não precisa estar doente para entender uma doença, sacou?

      5. Dizer que minha opinião representa o opressor é, me perdoe a sinceridade e a força da expressão, uma babaquice esquerdopata típica destes tempos. Justamente por ser branco, homem, etc, é que sou um… oprimido! Não tenho grupos para me defender, nem ONG para me representar. Ao contrário, tenho é um monte de gente, como você, tentando me censurar, dizer o que posso ou não pensar. Ah, não sou cristão, sou judeu. Isso me dá exclusividade para palpitar sobre o conflito entre Israel e palestinos ou você também pode?

      6. Por fim… volte sempre aos cometários!

      Abraços

      1. ” Justamente por ser branco, homem, etc, é que sou um… oprimido! Não tenho grupos para me defender, nem ONG para me representar.”

        Você está completamente enganado. Veja os representantes dos três poderes. A maioria são homens, heterossexuais, brancos e de classes média/alta. Sim, um homem, branco, classe média alta, cristão (Judeu também, por que não!), de direita e heterossexual é o representante do opressor. É quem dita as regras e que se beneficia delas.

        Os outros são os outros.

        Sim,

  11. Ricardo, as ‘coisas’ evoluem…
    Enquanto a passeata para o impeachment teve em torno de 1.5 milhões de pessoas, a passeata lbtg(sei lá se a sigla está correta) teve mais de 3 milhões de ‘coisas’ que querem benefícios exclusivamente para a classe e que chamam de ‘direitos’.

    No meu entendimento, gay é o apelido bicha pra viado e ‘viado’ é como eu chamo alguém sacana e não mando Ricardo, as ‘coisas’ evoluem…
    Enquanto a passeata para o impeachment teve em torno de 1.5 milhões de pessoas, a passeata lbtg(sei lá se a sigla está correta) teve mais de 3 milhões de ‘coisas’ que querem benefícios exclusivamente para a classe e que chamam de ‘direitos’.

    No meu entendimento, gay é o apelido bicha pra viado e ‘viado’ é como eu chamo alguém sacana e não mando VTNC, senão ele vai!

    1. vich, dá pra editar o comentário acima e deixar só o ‘necessário’ sem repetição…(foi o copiar e colar)

      mantenha:
      Ricardo, as ‘coisas’ evoluem…
      Enquanto a passeata para o impeachment teve em torno de 1.5 milhões de pessoas, a passeata lbtg(sei lá se a sigla está correta) teve mais de 3 milhões de ‘coisas’ que querem benefícios exclusivamente para a classe e que chamam de ‘direitos’.
      No meu entendimento, gay é o apelido bicha pra viado e ‘viado’ é como eu chamo alguém sacana e não mando VTNC, senão ele vai!”

      remova este também por favor.
      abrs!

  12. Tenho mais uma:
    gays e ‘etcs’ querem e pensam que tem o direito a que eu os aceite como são,
    eu também tenho o direito de não querer aceita-los.
    -> Direitos iguais!

    garanto que tenho ‘bichafobia’ e não vou me tratar pois não considero doença e sim livre escolha conforme meu caráter, educação e criação!
    Alguém me acha machista? Ki Si Fôd

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