Sempre em causa própria

Após décadas de abandono e descaso, o governo investirá pesado no sistema prisional

presidio
Devagar, né, Sérgio Moro! Tá lotado isso aqui, pô.

São mesmo incorrigíveis os políticos brasileiros. É certo que o nosso sistema carcerário beira a barbárie. Nossos presídios assemelham-se à verdadeiras masmorras medievais. Pedrinhas, no Maranhão, ultrapassa isso. Decapitações são tão frequentes por lá como petistas sendo presos por aqui. Superlotação, falta de higiene, corrupção e violência são mais que comuns em 99,9% das prisões nacionais. Se há um inferno na Terra, um presídio brasileiro é a recepção. Pois bem.

Hoje o governo federal anunciou investimentos da ordem de R$ 1.2 bilhão para reforma, modernização e ampliação do sistema prisional do país. Como dito acima, é certa e já muita tardia tal necessidade. Mas me digam: Igualmente não é, o sistema de saúde ou educação? O de saneamento básico ou infraestrutura urbana? Aliás, o que não é urgente e atrasado, no Brasil, em matéria de investimento e administração públicos?

Além de a verba ser monumental, o Ministério da Justiça recomendou a máxima urgência na execução das obras. Quer o início imediato dos projetos, ainda este ano, mesmo sendo esta uma “semana morta”. Mas, afinal, por quê tanta pressa, meu Deus do céu? Por que não esperar sequer o início do ano novo? Intuo ser apenas um o motivo: Causa própria!

Jamais esperem por decisões corretas, em prol da sociedade, advindas da classe política brasileira. Esse pessoal não presta. Por isso tenham certeza: estão mirando em si mesmos. Sabem que, cedo ou tarde, uma penca deles se tornará hóspede em um presídio federal qualquer. Sabem que o tempo corre contra, por isso tamanha urgência. Querem ter uma bela cela para ficar. Um cantinho para chamarem de seu, entendem?

Mas há males que vêm para o bem. Neste caso é o bem que virá para os males. Ainda assim o negócio é bom para todo mundo. Inclusive para os empreiteiros que superfaturarão as obras e os administradores públicos que levarão propina. Quem sabe, inclusive, não serão também futuros hóspedes em suas próprias construções? Essa gente é tão desavergonhada que não duvido de mais nada.

Podem até já ir nomeando os presídios. Imaginem: Centro Prisional Luis Inácio, hehe. Ou: Casa de Detenção Presidente Dilma. Pode ser também: Complexo Carcerário Senador Renan Calheiros.

Eu ficaria dias aqui nomeando os presídios. Nomes sugestivos é que não me faltarão, não é verdade? Que tal: Albergue Correcional Juiz Sérgio Moro? hahaha. Aliás, já vou inclusive batizar o programa. Alô, presidente Temer, anote aí o nome da bagaça:

Programa de Melhoria Prisional Minha cela, minha vida!

Leia também.

 

3 thoughts to “Sempre em causa própria”

  1. Prezado Ricardo, você acertadamente diz que a classe politica brasileira não presta. Mas será somente a classe política? Será que não somos 207 milhões de aproveitadores, assemelhados a urubus espreitando o almoço?
    Vejo o problema muito maior que somente a classe politica brasileira, sempre estamos à cata de algum benefício, de alguma ” bondade” do governo, nunca queremos assumir nosso papel e a nossa responsabilidade na sociedade, de gerador de renda, que não precisa de benesses e favores, mas sim de condições de desenvolver-se competitivamente para fazer a nação maior. Exemplos destes negativismos (jeitinho brasileiro) temos milhares, basta simplesmente observar para vê-los.
    Pelo quadro educativo atual, não vislumbro melhoria, nem a curto, nem a médio, nem a longo prazo. Infelizmente.
    Diante disto, permaneceremos a mercê de outros Calheiros, Cunha´s, Temer´s e outros da mesma estirpe, porque fica difícil remar contra a maré.

  2. Muito bem, Ricardo… quando li a respeito da liberação de generosas verbas para os presídios, pensei em vários pontos q vc coloca neste texto, inclusive no “minha cela, minha vida”. Só acho que o nome “Centro Prisional Luis Inácio” deveria ser mais completo, já pensando no futuro, tipo “Centro Prisional Detento Luis Inácio”. Abraço.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *