Ignorantes em série

Certas obviedades nem deveriam ser pesquisadas, pois a mais pura perda de tempo

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O Brasil é o sexto colocado em um ranking que avalia o nível de ignorância da população de 40 países em relação à realidade. O estudo avaliou o conhecimento geral e a interpretação que as pessoas fazem sobre o país em que vivem e comparou esta percepção com dados oficiais – quanto mais próxima a percepção da realidade, menor é a ignorância do país. O “Índice de Ignorância” é formado a partir dos resultados do estudo. Por resultado, entende-se a diferença entre as respostas fornecidas (percepção) e os dados oficiais (realidade). Quanto maior a diferença entre percepção e realidade, pior é a classificação.

Bem, talvez seja por isso que 92% dos brasileiros consideram-se felizes. Em um país onde 7 entre 10 cidadãos são ou analfabetos ou analfabetos funcionais, não era de se esperar resultado melhor. E notem: não estamos falando da “popular” ignorância, aquela advinda dos estudos, mas, sim, da ignorância sobre a própria existência. É não conseguir compreender sequer a relação entre a própria vida e o ambiente que o (a) cerca. É algo realmente muito triste!

Já lhes disse que viajo muito pelo Brasil, sobretudo pelo interior dos estados nordestinos. Assim, consigo compreender perfeitamente o resultado da pesquisa. É desoladora a realidade de certas cidades e populações, e mais desoladora ainda é a capacidade crítica que possuem: muito pouca ou quase nenhuma. São dezenas de milhões de pessoas sobrevivendo — e, não, vivendo — enquanto a morte não lhes chega. Daí lhes pergunto: o que esperar, civicamente falando, destes pobres coitados?

Quando dizem que nosso parlamento e nossos governantes são o reflexo da sociedade, eu me irrito muito. Acho, além de uma simplificação grotesca, uma tremenda covardia com o povo brasileiro. Especificamente com este que relatei acima e que forma 70 ou 80% da nossa população. Nossa elite política é o reflexo, isso sim, de parte da sociedade. Talvez até, da camada mais instruída e menos ignorante. Afinal, José Sarney, Collor, Lula, Dilma, Calheiros, Jucá, Cunha, Temer, Palocci, Odebrecht e afins não me parecem nem um nem outro; nem desinformados nem ignorantes.

O ponto onde toda esta ignorância favorece o cenário atual é outro. É exatamente o resultado da pesquisa, ou seja, por mais que vivamos na mais profunda merda, a sensação geral é positiva, é favorável. A maioria absoluta das pessoas acredita que está tudo bem e que é feliz. É a tal da ignorância pesquisada! Este, sim, é o grande entrave para uma mudança radical nos rumos do país. Infelizmente, é gente demais alienada da realidade. Por isso sou sempre tão pessimista em relação ao futuro; e acho que jamais sairemos deste buraco escuro e mal cheiroso que nos encontramos. E se querem mesmo saber, acho que vai é piorar. E muito ainda.

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9 thoughts to “Ignorantes em série”

  1. Caro Ricardo,
    Avaliar o nr de ignorantes em relação à REALIDADE BRASILEIRA ATUAL é uma tarefa bastante fácil.
    É só observarmos a QUANTIDADE de COMENTÁRIOS no seu BLOG, que defendem essa corja que SAQUEOU e QUEBROU como nunca antes ESTEPAIFFZ……………………………….
    Abraços,

  2. Caro Ricardo, o que você externou nesse artigo é a realidade nua e crua. Para a facção criminosa, denominada PT, quanto mais burro e ignorante for o povo, mais fácil se torna manuseá-lo e enganá-lo. Triste realidade de um Brasil sem futuro.

  3. Prezado Ricardo; dentre todos os significados do verbo IGNORAR – são no mínimo (4) quatro – o mais “doloroso” é: não ter conhecimento; não saber. É deprimente a constatação, mas, quantos existem por aí que fazem de tudo para que a situação não mude? Será que de todos os aleijões haverá um mais incapacitador que a ignorância? Será que os brasileiros – especialmente os mineiros – irão se lembrar dos danos que este flagelo que atende pela alcunha de pt, produziu especialmente na área da educação? Você meu prezado, se lembra da famigerada escola plural? Aquela que não reprovava e que foi implantada pelo patrás ananás na virada de 1994/95? As consequências que produziu são sentidas ainda hoje, por quem foi submetido a esta absurda sandice. É triste ter que admitir, mas quando você profetiza que vai piorar, creio que está coberto de razão.

  4. Olá Distinto; se me fosse dado sugerir, eu diria que ao invés de ficar incitando ao ódio com promessa de prisão para esse e aquele, muito mais proveitoso seria, inclusive para superar a ignorância, passássemos a discutir, por exemplo, o financiamento de campanha política, porquanto, ela é a raiz e o cerne de muito da corrupção que assola em Pindorama. Suprimir as pesquisas de preferência eleitoral. Um modelo que cada candidato desde o vereador tivesse apenas o microfone e a câmara para expor suas idéias e experiencias. Um modelo que seja barato e simples! Penso ser superior a prevenção que a correção. Grato.

    1. Distinto Cidrac,
      Em primeiro lugar, ÓDIO é aquilo que vimos em S.Paulo, aquela turba mascarada quebrando patrimônio público e privado. Ou vc é igual à imprensa marrom que chana aquilo de MANIFESTAÇÃO????????.
      Quanto ao financiamento de campanha, concordo contigo. Mas, desde que não haja financiamento PÚBLICO. Cada candidato que arque com a sua campanha eleitoral. Cabe à JUSTIÇA ELEITORAL, fiscalizar as finanças de cada candidato.
      abraço,

      1. Olá HJdaroz; sua sugestão não resultaria na eleição apenas das pessoas abastadas ou daquelas que contassem com a ajuda de endinheirados? O Brasil já não seria ultra, mega elitista com sua brutal concentração de renda tanto no aspecto pessoal quanto no aspecto geográfico? Vamos pensar um pouco!

  5. Ai sim Ricardo! Agora vc tocou no ponto. Conhecimento sobre nós mesmos em relação ao meio que nos cerca. Nem isso esse povinho consegue ter. Na minha opinião isso é sentimento. Não se aprende na escola, nem por terceiros. Ter uma nação largada dessa maneira é apenas uma das várias consequências de tudo isso.

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