Do fundo d’alma. Do fundo do coração.

Há um lado meu que poucos de vocês conhecem, só aqueles muito íntimos. Dentro do cachorro louco mora um manteiga derretida. Um sujeito incapaz de lidar com injustiças sem se acabar de sofrer.

 

O Estado brasileiro é uma máquina de moer cidadãos.

Pensem numa pessoa que não aguenta trancos. Não quaisquer trancos, daqueles comuns à vida de todos nós. Doença, dificuldade financeira, brigas familiares ou com amigos queridos, tudo isso faz parte da nossa trajetória a partir de uma certa idade. Este tipo de encrenca eu não tiro de letra, mas tampouco me descabelo — como se fosse possível — por isto. Sob minha aparência dura, reside uma fragilidade imensa. Daquelas de fazer dó.

Mas qual tipo de encrenca me faz desabar, afinal? Chama-se injustiça. Esta, meus amigos, não só me abala, me desencoraja, me entristece, me revolta e me desmotiva, como igualmente me joga no chão. Não, não se trata de depressão, de melodrama ou autocomiseração barata. Trata-se somente de um desabafo. Uma forma de me socorrer aos olhos e ouvidos de sei lá quantos milhares de vocês que me dão a honra e o carinho da companhia.

Não há uma mísera esfera governamental, desta joça de país, que funcione adequadamente. O Estado brasileiro está organizado não para servir aos cidadãos, mas, sim, servir-se deles. É como um vírus que suga a energia e a vítima do hospedeiro, pouco a pouco, porém sem jamais matá-lo, pois do contrário morre junto. Um sistema perverso em que pessoas como nós adquirem tamanho poder e tamanha sanha tirana, que fica impossível distinguir onde termina o ser humano e onde começa o leviatã estatal. Um bom amigo nas horas vagas, um tirano no papel de agente público; um pai amoroso em casa, um cruel perseguidor nas ruas; um vizinho participativo, um preguiçoso no trabalho; um justo na igreja, um crápula na mesa. Uma repartição pública brasileira é a versão moderna das masmorras medievais.

Quem não deve não teme! Mentira. Teme, sim. Pois o ônus da prova é sempre do bem; ao mau, basta supor. E enquanto as provas da bondade são colhidas, juntadas, apresentadas e analisadas, a suposição do mau impera e paira sobre as vidas daqueles que, desamparados, não têm o que fazer, senão esperar. Sentar — às vezes chorar — e esperar. É o papel que relegam aos justos, os injustos, enquanto regozijam-se das próprias maldades no cafezinho do corredor. Rá rá rá. Otários! Nós, não eles.

O Lula eu tiro de letra. A Dilma é moleza também. Até o perna-de-pau do Carlos Eduardo (jogador do Galo) eu dou conta fácil. Mas de injustiça, meu velho; de sacanagem, de desleixo, de pouco caso, de safadeza; ah, mermão, disto eu dou conta, não.

Sorry, falou? Mas é que antes de (ao menos tentar) dormir, eu precisava lhes dizer isto. Coragem, meus amigos. A mesma que me falta, às vezes, para matar o leão que, a cada dia, nos bate à porta, nesta porcaria de injusto… Brasil.

Mãe gentil, é? Onde?

(Pergunte ao Lula)

 

13 thoughts to “Do fundo d’alma. Do fundo do coração.”

  1. Eu me pego pensando, de quando em vez, como nós conseguimos juntar tanta podridão para governar este país. Me incluo neste rol, pois elegi alguns deles, e as vezes até reelegi….
    Participo da sua indgnação, da sua raiva, do seu (as vezes) sentimento de impotência e fraqueza diante de tanta injustiça que assola o meu solo natal. Porém, penso o quê poderemos fazer para ajudar a organizar a nossa nação, e confesso não vejo solução num futuro mais imediato.
    Mas lembremos que é das cinzas que resurge a bela Fenix….

    1. Viu o que foi escrito..ou o que vc escreveu…” Do fundo d’alma. Do fundo do coração. ” Eu paro logo por aqui…eu traduzo…Do fundo da vida. D fundo âmago. ” E vou lá naquela musiquinha do Roberto Carlos, que arremata: cada vez que vi você chegar Me fazer sorrir e me deixar Decidido eu disse: nunca mais Mas, novamente estúpido provei Desse doce amargo quando eu sei Cada volta sua o que me faz Vi todo o meu orgulho em sua mão Deslizar, se espatifar no chão Vi o meu amor tratado assim Mas,basta agora o que você me fez Acabe com essa droga de uma vez Não volte nunca mais p’ra mim Mais uma vez aqui Olhando as cicatrizes desse amor Eu vou ficar aqui Sei que vou chorar a mesma dor Agora eu tenho que saber O que é viver sem você Eu toda vez que vi você voltar Eu pensei que fosse p’ra ficar E mais uma vez falei que sim Mas já depois de tanta solidão Do fundo do meu coração Não volte nunca mais p’ra mim Mais uma vez aqui Olhando as cicatrizes desse amor Eu vou ficar aqui Sei que vou chorar a mesma dor Se você me perguntar se ainda é seu Todo o meu amor eu sei que eu Certamente vou dizer que sim Mas já depois de tanta solidão Do fundo do meu coração Não volte nunca mais p’ra mim Do fundo do meu coração/////////Uma cerquinha….quase virei poeta….só porque….imaginei…Do fundo d’alma, do âmago ou do coração! Sorria pq a Vida é Bela onde quer q vc esteja…então VIVA LA VIDA!!!! ACREDITE…Do fundo do coração

    1. Única esperança que resolve…que Deus nos ajude! É minha crença pq governos de homens não têm dado certo, puramente corruptos, nascem corruptos dentro de uma sociedade essencialmente corrupta, e assim da mesma forma que Deus diz não habitar em templos feitos por mãos humanas…Deus tb diz que governos de homens serão destruídos. Tem gente que não acredita…eu já penso ao contrário…só porque eu não vejo Deus….devo desacreditá-lo? Lógico que não! Ateus é quem têm de provar a não existência de Deus. Veja…são os que mais usufruem de tudo disponível gratuitamente…de imediato…o próprio ar que respira. Não se vê…e aí está! Por outro lado tb, Marx nunca foi tão lido como hoje e aqueles que navegam contra a maré…criticam,…mas não abrem mão das regalias e conforto patrocinados pelo Capitalismo, né! Um cCarnaval de pizzas! ô Abre-Alas que eu quero passar…

  2. Nem sei o que mais dizer. Vejo bandidos regendo um país é vejo tanta gente honesta e trabalhadora lutando pra se manter ou conseguir um emprego ou até mesmo uma forma de poder dar o que comer aos filhos. Vejo crápulas aumentando seus próprios salários milionários e ao mesmo tempo o salário mínimo ser miserável. Acho que só uma revolução à lá Francesa, cortando cabeças e expurgando essa doença que as instituições governamentais se transformaram poderá começar a dar um jeito nessa bagaça que se tornou esse país.

  3. Hoje o que vejo nesta politica e sujeira e podridão, porque os nossos privilégiados, vereadores, deputados e senadores, não começão a dar o exemplo, e diminuir seus próprios salários.

      1. Melodrama ou autopiedade??? Huummm ou lágrimas de crocodilo??? Na pior das hipoteses Dando uma de boa samaritana, sabe o que ocorre e finge não saber! Ademais o livre arbitrio permite escolher o que é certo ou errado.. Enfim..o joio está se separando do trigo. A boa semente gera bons frutos…

  4. Estaria certo o Nordeste ficar Independente! Estaria certo os barrigas-verdes ficarem Indepentes bem ao lado de um tal moro, quando moro parece dizer que não mora ninguem…e mais aqueles que do “sur” falam Tchê…para mais um país Independente, quase Um Quatrilho!

  5. Ricardo, sentimento de justiça , ou melhor, senso de justiça é compatível com culto aos valores – próprio do homem e da época em que se vive, sendo portanto, construído , aperfeiçoado e modificado, tais como questões de gênero , cidadania e outros- e as virtudes que são próprias da humanidade, imutáveis , nos elevam ao Ser Superior. Pois bem Ricardo esse sentimento que por hora exprime é coerente com o ser humano, na antítese descrita por Dale Wimbrow, no seu Homem no Espelho, não é tangível , crítico , ou pode ser medido, num ou noutro, impera a necessidade de se ter algo que lhe “policie” algo conhecido como livre arbítrio. Acredite o ser humano é bom, as escolhas para a felicidade depende dele, consternar-se ou aceitar é questão de berço. Abraços, pois o seu dilema não vai ser entendido por quem não possui o discernimento crítico.

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