Sabemos torcer, sim! Os franceses estão de mimimi.

Brasileiro é meu amigo! Mexeu com ele mexeu comigo!

 

Dizem que brasileiro só é solidário na Copa do Mundo e no Câncer. Bem, descobrimos agora que somos solidários também quando criticados. É curioso: somos roubados e não reclamamos; somos taxados por impostos acachapantes e não reclamamos; somos diariamente humilhados pelo poder público e não reclamamos. Mas basta um estrangeiro nos criticar e o bicho pega! Desta vez foi a dupla de franceses, atleta e treinador, que ousou dizer a verdade, dizer o que nós já sabemos de cor e salteado: somos mal educados e sem esportiva! Ou não?

Alguém aqui ousa dizer que brasileiro sabe torcer? Se ousar tem de ser cego e surdo para não reconhecer a selvageria que ocorre rodada sim, rodada não, nos campos de futebol pelo país. E o que dizer da nossa civilidade nas quadras de vôlei, ofendendo atletas gays como se fossem doentes viróticos? Ou nas piscinas dos clubes durante os torneios de natação, onde “puta, filho da puta, vai a merda, etc.” são tão comuns quanto um simples “força, meu filho”? E estes jogos olímpicos apenas expuseram ao mundo o que sabemos. Nada mais, nada além! Mas eis o busílis: nós podemos xingar, ofender, vaiar, atirar objetos nos campos e quadras, mas “ai” de quem ousar nos chamar a atenção. Somos assim mesmo: mal educados e intolerantes às críticas.

Olimpíada não é Fla x Flu! É assim e pronto! Não tem essa de dizer que no Brasil a banda toca diferente. Uma ova! Ou do contrário, que o país não se habilitasse a sediá-la. Mas uma vez se candidatando a receber atletas do mundo todo e a organizar sei lá quantas modalidades de esportes, que obedeça e adapte-se à regras. Tênis merece silêncio! Por que? Sei lá, não gosto de tênis. Mas é assim que se pratica o esporte no mundo civilizado. Tiro ao alvo merece silêncio! Por que? Sei lá novamente. Não assisto à esta chatice. Mas é assim que é; pronto, acabou. E salto com vara também se realiza sob silêncio, pô!! Qual a dificuldade de entender e respeitar isto?!? E por que descer o cacete nos franceses por estarem reclamando, caramba? Será que além de tudo ainda têm de ficar calados?

Outro dia, um apresentador de TV americano fez um programa sentando a bota no Brasil. Pra que, coitado? “Americano de merda, país de assassinos, porcos capitalistas, tomem conta dos seus atiradores, país racista”. A opinião pública tupiniquim surtou mesmo! Quem aquele apresentadorzinho de meia-tijela pensa que é? Como o cara ousa dizer que aqui se matam 60 mil pessoas todos os anos? Ou que só em uma estatal o PT roubou mais de uma centena de bilhões de reais? Ou ainda que a presidente da época gostaria de “encanar” o vento, após saudar a mandioca? É muita ousadia da parte dele! É só isto que nos importa. Se o que ele disse é ou não verdade, não queremos nem saber. Apenas não admitimos que um estrangeiro, principalmente um americano, nos aponte o dedão e nos fale algumas verdades.

Na boa… Não sei quanto à vocês! Mas casos assim não me enchem de raiva contra quem nos “ofendeu”. Me enchem, sim, é de (muita!) vergonha. Ô se enche!!

11 thoughts to “Sabemos torcer, sim! Os franceses estão de mimimi.”

  1. Ricardo a única coisa que o Brasileiro pode se orgulhar de fazer muito bem individual ou coletivamente é o mau hábito de esculhambar com tudo e todos. O nosso capital social é a esculhambação. Postura que nos faz cada dia ir mais pro fundo do buraco…

  2. A violência no esporte é comum em todo o mundo! Basta se informar um pouco mais ou quem sabe ir pessoalmente ver e assistir! Más existe um diferença. Na Europa, América do Norte por exemplo, tem leis severas para punir. Na América do sul, não apenas Brasil, não existe lei alguma, alias, ninguém tem se quer medo da justiça! Quanto os demais pontos citados existe sim uma coerência!

  3. Sou professor e essa falta de educação me atinge em cheio dentro da sala de aula. Não fico com raiva. Fico triste e decepcionado de constatar que ainda estamos longe de ser um país educado. Eles tem todo o direito de criticar porque é a verdade nua e crua. Esse não é um país educado.

    1. Pois é, Sérgio. Sou do tempo em que você não era um professor. Era um mestre! Receba minha solidariedade e respeito.

  4. Peguei meu boné e cobri o rosto…. A expressão facial do Francês foi de total humilhação! Educação e respeito é uma coisa distante de se atingir por aqui…. Depois os estudiosos de Psicologia, Antropologia dizem que não existe cultura superior nem inferior….

  5. Ricardo, vim a este blog porque estava destacado na página inicial do portal, mas já me arrependi logo nas primeiras palavras. Você definitivamente desconhece os torcedores estrangeiros para dizer que somos maus torcedores. Não raramente, bananas são jogadas em campo por torcedores europeus “civilizados” em direção a jogadores latinos e africanos nos campeonatos europeus. Gritos e cenas de imitação de primatas também são frequentes nessas mega arenas internacionais. Pior, em 2014 este fato lamentável ocorreu com o Tinga, do Cruzeiro, no Chile. Gritos racistas por todo o estádio. Violência? O que dizer dos torcedores russos e ingleses que transformaram as ruas de Marselha em campo de guerra durante a Euro 2016? Sei lá. Ou mesmo nos jogos dos campeonatos europeus orientais onde praticamente há uma morte por rodada? Shaktar e Metalist na Ucrânia? Sei lá. Fenerbahçe e Galatasaray na Turquia? Não sei. Estrela Vermelha e Partizan, em Belgrado? Nem me arrisco. Todos esses são exemplos do mundo civilizado europeu. Nós, obviamente, não somos como eles e temos um jeito próprio de torcer com aplausos nas horas que supostamente não deveriam ser e vaias contra o adversário. É cultural, não um desrespeito. Os casos desrespeitosos, violentos e racistas, precisam ser investigados pela justiça e punidos por ela, não por jornalista opinativo que parece desconhecer completamente o tema que resolve abordar. Eu desconhecia o seu blog, mas precisava dizer que o famoso sentimento “vita-latas” é forte em você. Te aconselho a frequentar um estádio e perceber que, pacificamente, estão torcedores organizados, pais, mães e crianças apoiando o seu clube, em campo ou nas quadras.

    1. Frederico, obrigado por seu comentário. Acredito que não tenha compreendido o sentido do meu texto, afinal JAMAIS disse que falta de educação é exclusividade nossa. Olha só: frequento o Mineirão, Independência, Jacaré, Tijuana, Marrocos ou o fim do mundo atrás do Atlético desde os meus 10 anos. Estou com 49! Além disso, já assisti “in loco” a diversos jogos (futebol, vôlei, tênis, beisebol) em campos e quadras no exterior. Ou seja, ao contrário do que afirma sobre mim — mesmo sem me conhecer ou jamais ter-me lido — conheço bastante o comportamento das torcidas diversas mundo afora. Mas te pergunto: em que a selvageria, a falta de educação, o racismo nojento deles justifica ou permite nosso próprio mal comportamento? Me perdoe, mas acho que sua consideração está muito errada. Por fim, sobre o tal sentimento “vira-latas”, sinceramente não sei o que te dizer. É uma expressão tão sem sentido que não consigo sequer me avaliar dentro dela. Enfim…

  6. Ótimo texto! Sincero, verdadeiro. Fui assistir ao vôlei de praia e vivenciei um misto de sentimentos. Primeiro, orgulho das nossas meninas. Como jogam! Depois, vergonha, desde quando as adversárias do Brasil entraram em quadra vaiadas, esculhambadas. Ouvi xingamentos absurdos. Desde aspectos físicos a ofensas que não dá nem pra mencionar aqui. Afinal, o que elas fizeram a nós? O que elas fizeram à Bárbara e Ágatha e à Larissa e Talita, a não ser o fato de serem simplesmente adversárias e competentes competidoras? Por quê a vaia? Bastava não aplaudir. Ou gritar Brasil, Brasil, sei lá… Vaiaram também hino de outros países na hora da execução. Vergonha, muita vergonha foi o que senti, ao lado de minhas duas filhas, que obviamente, também não se conformaram… apesar de torcemos muito até o fim pelas nossas vitórias, que nesses dias vieram.

  7. Ótimo texto! Correto, sincero, verdadeiro. Fui assistir ao vôlei de praia e vivenciei um misto de sentimentos. Primeiro, orgulho das nossas meninas. Como jogam! Depois, vergonha, desde quando as adversárias do Brasil entraram em quadra vaiadas, esculhambadas. Ouvi xingamentos absurdos. Desde aspectos físicos a ofensas que não dá nem pra mencionar aqui. Afinal, o que elas fizeram a nós? O que elas fizeram à Barbara e Ágatha e à Larissa e Talita, a não ser o fato de serem simplesmente adversárias e competentes competidoras? Por quê a vaia? Bastava não aplaudir. Ou gritar Brasil, Brasil, sei lá… Vaiaram também hino de outros países na hora da execução. Vergonha, muita vergonha foi o que senti, ao lado de minhas duas filhas, que obviamente, também não se conformaram… apesar de torcemos até o fim pelas nossas vitórias, que nesses dias vieram.

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