Árvore Esquisita

  Peter Rossi Quando criança, na minha casa, tinha um campinho de futebol. Uma grama rala e ao redor uma cerca toda forrada de folhas. Tinha trave de um lado só, mas isso eu não sei muito explicar. Era meio em declive, mas ninguém reclamava. Aliás, ninguém sabia dizer ao certo onde ficava o meio do campo. Acho que todo o campinho era formado de … Continuar lendo Árvore Esquisita

O fusquinha quase imortal

Peter Rossi Essa vou contar em primeira mão. Numa roda de amigos ouvi atentamente a resenha e não poderia deixar de partilhar. Osvaldo sempre foi um apaixonado por carros. Ainda menino colecionava reportagens sobre automóveis até que foi editada a primeira revista sobre o tema, chamada “Quatro Rodas”, que acabou se transformando em verdadeira grife sobre o assunto. Salvo engano, até hoje é editada. O … Continuar lendo O fusquinha quase imortal

O cachorro do garçom

Peter Rossi Em primeiro lugar, destaco que acho a palavra garção horrorosa. Graças ao bom Deus, a corruptela do termo francês foi absorvida pela nossa língua, e hoje falamos apenas garçom. Muito mais sonoro. Não fosse isso, tenho comigo que a expressão garção era a “masculinização” da palavra garça, aquele animal, uma ave toda empertigada, parecendo sempre bem vestida, como, aliás, são os garçons. Ruim, … Continuar lendo O cachorro do garçom

Lembranças

Peter Rossi Márcia e Márcio, até nisso eram iguais! Quase sessenta anos de vida juntos. Resolveram se dar um presente, iriam até a mesma praia onde passaram a lua de mel. Ainda estava lá o hotel, mesmo que um tanto alquebrado. Suas janelas eram tristes olhos a lembrar do glamour de outros tempos. Tentaram o mesmo quarto, porém não se lembravam mais em qual ficaram. … Continuar lendo Lembranças

Minha cidade

Peter Rossi Toda essa crise me fez desistir de qualquer meio de locomoção. Embora cansado, resolvi andar a pé pelo centro da cidade, da minha cidade, que nunca minha foi. Não brotei nessas serras, mas aqui me acolhi e deixei minha vida se derramar. Brinquei de menino, corri pelas suas praças e homem me fiz. Caminhei por quarteirões que não revia há muitos anos. As … Continuar lendo Minha cidade

Preciso de um lápis

Peter Rossi Romeu era um velho contador. Apesar de músico, ao entrar nas dependências do Banco Mercantil, onde trabalhava, mudava por completo. Um sujeito baixo, porém magro, com a pele bem clara. Calvo, sempre bem barbeado, dava a impressão de ter acabado de sair do banho. Não usava perfume, apenas a loção após barba. Metido, invariavelmente, numa calça de tergal marrom e numa camisa de … Continuar lendo Preciso de um lápis

Que susto!

Peter Rossi Edvaldo ia pouco ao Espírito Santo. De sua infância, se lembrava de Guarapari, o paraíso dos mineiros. Naquela época, em todos os anos, o pai o levava para aquelas bandas. Acabava encontrando amigos, pois todos que moravam em Minas Gerais tinham a mesma ideia. Chegava janeiro e a estrada entre Minas e o litoral capixaba ficava verdadeiramente intransitável. Mas o fato é que, … Continuar lendo Que susto!

Os palitos e os pequenos abacates

Peter Rossi A parte de trás da minha casa de infância tinha uma área cimentada e, por cima dela alguns postes de madeira sobre os quais se deitavam arames a servir de varal. Ali pousavam, além das roupas lavadas, também os passarinhos a colorir e encantar. A porta da cozinha delimitava o centro da área. Uma porta pintada de azul, dividida pela metade na horizontal, … Continuar lendo Os palitos e os pequenos abacates