Procurando curar a tristeza

Eduardo de Ávila Custei conseguir distinguir tristeza de depressão. Para isso, não me ocupei em buscar literatura sobre os temas, mas sim deixar que a maturação de ambas me mostrassem os caminhos. A deprê, que chega sem avisar e causa definida, depois de experimentar em duas ocasiões, acredito que consegui vencer. Até acho que consegui derrubar, como se nocauteasse, já que faz algum tempo que … Continuar lendo Procurando curar a tristeza

Depois da meia-noite

Depois da meia-noite, o quarto escuro geralmente começava a receber a luminosidade dos postes da rua. Aos poucos, os lampejos iam se incorporando em um tom amarelado, que era lentamente percebido pelo olho direito, que colecionava, em cor marrom escura, astigmatismo e miopia. Podia enxergar, mas duvidava do que via. Uma certeza tinha, pois checara o relógio antes de se deitar: já passava da meia-noite. … Continuar lendo Depois da meia-noite

Onze Versos

Rosangela Maluf Onze vezes chamei por ele E por onze vezes Ele não respondeu Onze vezes cheguei à janela E por tantas  vezes ninguém apareceu… Bati punhos contra a parede E por onze vezes, ninguém ouviu Chorei onze lágrimas tristes E onze vezes meu choro caiu Onze gemidos, na cama Onze soluços sob o edredom Onze batidas do coração Onze poemas e onze canções Onze … Continuar lendo Onze Versos

Palhaços

Peter Rossi O circo mambembe desaguava sua lona suja no lote vazio, ao lado do grupo escolar. Cercavam com uma corda marrom e quando ela acabava, enfileiravam gaiolas, jaulas e umas poucas camionetes. O cheiro de serragem tomava conta do lugar, mesclado ao dos animais, esquálidos, mal tratados. Mas, naquela época, não havíamos ainda sido despertados para esse absurdo. Animais eram serem inferiores, mais do … Continuar lendo Palhaços

A última refeição

Guilherme Scarpellini Dois ovos mexidos são indispensáveis no café da manhã de Décio. Ele apanha sempre os mais graúdos na porta da geladeira, quebra a casca na quina da frigideira e despeja clara e gema na manteiga quente. Foi justamente ao quebrar o ovo pela manhã que Décio quase morreu de susto. Lá dentro não havia clara nem gema, mas um filhotinho de réptil. Isso … Continuar lendo A última refeição

Minha tão grande culpa

Tais Civitarese Não sei que mistura explosiva foi essa que aconteceu entre a religião e minha mente. Só sei que desde muito nova, levei ao pé da letra algumas coisas que ouvia na igreja. Entre elas, o fato de ter que pedir perdão a Deus toda semana por meus crimes e de sentir sempre muita culpa. Freud explicaria tudo isso de forma diferente e Lacan … Continuar lendo Minha tão grande culpa

Nosso Livro

Nascemos como nascem todos. Em 2018, duas pessoas resolveram se juntar e chegaram à conclusão que o que tinham à vista já não era o suficiente. Para preencher o vazio com o qual a existência nos sufoca dia a dia, era necessário olhar para o Horizonte. Como todas as junções onde o amor impera, a multiplicação foi apenas mais um traço do destino. Quando os … Continuar lendo Nosso Livro

O relógio

Sandra Belchiolina sandrabcastro@gmail.com Meu avô materno foi a pessoa mais delicada e educada que conheci – alto, elegante, de voz baixa e sorriso largo. Assim é a memória que tenho dele. Recentemente recebi um telefonema de um primo distante solicitando algumas informações sobre ele. Queria saber mais e diz que ele foi um vendedor da cachaça que meu avô fabricava. A mesma tinha um curioso … Continuar lendo O relógio

Luto II - Fonte: Pixabay

Luto II

Daniela Piroli Cabral contato@danielapiroli.com.br Luto II Perdemos todos Ronaldo perdeu o amor Ricardo perdeu o calor Wagner a repetição Juliana perdeu o cão Rose perdeu a casa Mônica perdeu o olfato E o paladar Pedro perdeu a vida Antônio perdeu o ano Janaína perdeu o fim de semana Perdi Abril Todos perdemos a vida de Fevereiro Beatriz perdeu o ar E a memória Ganhou o … Continuar lendo Luto II