Um ponto

Taís Civitarese A morte ronda lentamente. Ela já está aqui. Sinto sua presença nas sombras. Nos silêncios. Ela está dormindo, mas em breve, despertará. Impossível não senti-la. Não temê-la. O julgamento já foi firmado. Ela avança um passo a cada dia. Ela nunca irá embora. A morte é amarela e cinza. Assim como a doença. Ela é úmida de choro. Aguda. Ela é fria e … Continuar lendo Um ponto

Meu corpo é político

Raniere Sabará Vivemos em sociedade. Criamos e damos significados as múltiplas formas do bem viver. Formamos pactos sociais diversos para estabelecer o sentido da vida. Espiritual. Carnal. Tempo. Ilusão. Poder. Assalariamento. Pelo último, criamos o significado de casa. Segundo lar. Passamos a maior parte do tempo nesse recinto. Nele, se encontra os dois lados da moeda: a utopia ou o vazio. Capital. Capitalismo. Sinônimo de … Continuar lendo Meu corpo é político

A casa de mim mesma

Silvia Ribeiro Um dia desses me veio uma ideia dessas um tanto quanto estapafúrdia. Essas que a gente escreve no guardanapo e deixa bem lá no fundindo da gaveta, só pra garantir que não cheguem em mãos que possam rir de você. Fiquei pensando em quais casas eu gostaria de habitar. Tive a sensação de estar atravessando um caminho tortuoso que poderia me fazer arrepender … Continuar lendo A casa de mim mesma

Fim dos tempos: salada de casca e ossada

Eduardo de Ávila A primeira é uma montagem de um artista, mas que retrata muito bem o caminho que estamos percorrendo nestes tempos sombrios de boçalnarismo no Brasil. Um presidente, eleito democraticamente – ainda que num momento de histeria coletiva e uma avalanche da mídia nacional – em retaliação às conquistas sociais dos trabalhadores. Enquanto os brasileiros, notadamente os mais pobres, estão vivendo e convivendo … Continuar lendo Fim dos tempos: salada de casca e ossada

Tristeza, nostalgia e o Sol deixando Câncer

Daniela Mata Machado “Meu amor, deixe eu chorar até cansar Me leve pra qualquer lugar Aonde Deus possa me ouvir” O Sol ainda está em Câncer e a minha playlist só tem Vander Lee, recordando a doçura de tempos atrás. Minha amiga Carol Leão, astróloga que lê as almas das pessoas nas entrelinhas do universo, me explica que Câncer é muita memória. E eu fico … Continuar lendo Tristeza, nostalgia e o Sol deixando Câncer

Os Sinais

Aqueles momentos ternos e carinhosos foram, pouco a pouco, sendo substituídos por uma pressa injustificada. Era um hábito dos dois se deixarem ficar abraçados, sem nada dizer, apenas esperando um pouco mais. Na cama, juntos. Afinal, o dia apenas começava. Ele passou então a se levantar rapidamente dizendo que havia muito trabalho a ser feito. É bem verdade que o home office era intenso e … Continuar lendo Os Sinais

O fracasso do Diabo

Guilherme Scarpellini Daniel se afastou de Deus. Bebia demais, vadiava demais e de mais a mais, se metia em toda sorte de confusão. Atento às transgressões de Daniel, o Diabo encontrou nele as condições perfeitas para se manifestar. Tratou de materializar na vida do jovem infrator os seus truques imundos, seus jogos obscuros e suas tramas cheias de maldade. Uma noite dessas, Daniel dirigia bêbado. … Continuar lendo O fracasso do Diabo

Carta aberta

Raniere Sabará Parteira de meu ventre. Aprendi com a minha grande sábia a beleza de saber ser mulher. O choro sempre foi sinônimo de resistência. Sua fraqueza não podia ser sentida. Era tão quanto sentimental. Foi tão sentimental que em uma perda lastimável, nesta tarde de domingo, senti além do que meus olhos poderiam ver. Minha grande amiga, mãe, embargou em um lugar que durante … Continuar lendo Carta aberta

Por que escrevo?

Silvia Ribeiro Por que escrevo? Escrevo pra falar de sonhos Mas não me esqueço dos pesadelos Escrevo pra espantar as tristezas Embora o lápis tenha visitado as minhas alegrias Escrevo pra contar das partidas E isso pode sangrar o papel Mas também sei dizer das chegadas E essas me trazem risadas Escrevo pra suportar a saudade E no final elas embalam as minhas lembranças Escrevo … Continuar lendo Por que escrevo?