O relógio

Meu avô materno foi a pessoa mais delicada e educada que conheci – alto, elegante, de voz baixa e sorriso largo. Assim é a memória que tenho dele. Recentemente recebi um telefonema de um primo distante solicitando algumas informações sobre ele. Queria saber mais e diz que ele foi um vendedor da cachaça que meu avô fabricava. A mesma tinha um curioso nome: “Meu Consolo … Continuar lendo O relógio

Janela secreta

Hoje o céu pintou-se de todas as nuances de cinzas Não foram somente 50 tons Para secura do ar, o alento prometido dos céus Gotículas caíram na terra em chamas Em chamas e em guerras A água se fez poça Um tremor líquido que ondula o asfalto em brasas Há esperança para nós? Da janela secreta A menina pergunta sobre o futuro Há chamas mundo … Continuar lendo Janela secreta

O tesouro de minha mãe

Em torno do tesouro de minha mãe a vida transcorria da calmaria à vendavais. As conversas em múltiplas facetas faziam-se presentes, assim como as rezas. Ora aconteciam as prosas do cotidiano com filhos, netos, sobrinhos, amigos e aqueles que queriam um acolhimento; ora eram as confidências e conselhos. E os fios sendo tecidos nos laços sociais e nas tramas que surgiam pelos dedos. Presentes mil … Continuar lendo O tesouro de minha mãe

Clamor de primavera

O calorão está aí Não engana ninguém O roda-roda o ventilador Um alívio para o encalorado A árvore tombou lá longe O homem virou as costas Calorão está aí Fogo aqui, fogo lá O rio secou Na Amazônia o barco não leva criança para escola Rio calado, sem água Um silêncio de dar medo O homem sabe O homem não corrige Vira as costas O … Continuar lendo Clamor de primavera

Chuva rosa

Neste caloroso final de inverno, com passagem para primavera, um espetáculo se faz na Avenida Prudente de Morais em Belo Horizonte – uma chuva rosa. Ao longo da via, os ipês rosas estão carregados em flor e dão seu espetáculo. Na visão da motorista, que está com o ar condicionado a “mil”, um fluir de pétalas ao vento – suaves embalos na leveza do ar. … Continuar lendo Chuva rosa

Aldravia: significantes

Certa manhã, na bucólica e ensolarada de Cumuruxatiba, em prosa com meu amigo/poeta Tristão Macedo, descobri o que é o movimento poético que carrega o nome de aldravia, que é uma palavra derivada de aldrava, antigo batedor de portas das cidades históricas mineira. Utilizado para anunciar a chegada de alguém. E aldravia o que é? Denominado Movimento de Arte Aldravista e foi criado por intelectuais … Continuar lendo Aldravia: significantes

Avistagem de baleia – de olho no mar de Cumuruxatiba

Avistagem é uma palavra nova para mim e entrou no meu vocabulário desde que cheguei em Cumuruxatiba em um ano atípico – 2020. De imediato apaixonei-me pelo termo e corri para saber sobre ele. O mesmo vem do verbo avistar: pôr-se a ver, ver de longe. A definição no dicionário informal é: o ato de avistar durante uma procura. E é numa aventura e procura ao grande mamífero dos … Continuar lendo Avistagem de baleia – de olho no mar de Cumuruxatiba