O Inesperado

Rosangela Maluf A segunda-feira amanhecera mais fria que os dias anteriores. Já passava das onze quando ela desceu com o lixo: o orgânico e o reciclável. Pouca coisa, apenas o acumulado dos últimos quatro dias mais as garrafas de vinho, consumidas no domingo, durante o almoço que oferecera à duas amigas. Pegou a sacola e a caixinha de papelão. Abriu a porta. Olhou para os … Continuar lendo O Inesperado

À espera do tempo…

Rosangela Maluf Ela estilhaçou feito vidro. Foi assim, um soco, um murro. O céu desabou e o chão perdeu-se terra abaixo. O que ela ouviu dele foi um pesadelo. Algo nunca imaginável. Como assim, não a queria mais! Não a desejava fazia tempo. A vida junto dela mais parecia um inferno. Ele não era feliz. Não sentia mais alegria em nada. Muito menos na vida … Continuar lendo À espera do tempo…

Presentes que me dou: Os Livros (10)

Rosangela Maluf Quando eu era criança ainda se via, nas cidades do interior, a figura do mascate. Era um vendedor porta a porta que trazia em seu carro os mais diversos produtos. De joias aos mais sofisticados jogos de cama, de mesa, de banho e sem falar nas diversas novidades vindas da capital, tudo podia ser comprado na comodidade do lar. Uma tarde bateram à … Continuar lendo Presentes que me dou: Os Livros (10)

Presentes que me dou: Plantas & Flores (5) - Pixabay

Presentes que me dou: Plantas & Flores (5)

Rosangela Maluf Durante muitos anos em minha vida, correndo feito uma louca, pra lá e pra cá – trabalhando em horário integral, lecionando à noite para a Graduação e ocupada com os cursos de Pós nos finais de semana – pouco tempo me sobrava para o que quer que fosse. Havia uma pessoa especial que me ajudava em tudo: com a organização da casa, da … Continuar lendo Presentes que me dou: Plantas & Flores (5)

Cinco Sentidos

Rosangela Maluf Aninha acorda e respira fundo enquanto se espreguiça. Sobre a cama, as duas gatas que lhe passaram a fazer companhia depois que Túlio se foi. Sobre a mesinha de cabeceira a garrafa com água gasosa que ela toma todas as manhãs, assim que desperta. Ajuda-lhe a acordar de verdade. A ida ao banheiro é preguiçosa e sonolenta. O cheiro do shampoo usado na … Continuar lendo Cinco Sentidos

Na Pandemia, maio 2020

Rosangela Maluf No comecinho de abril do ano passado (2020), voltei para Belo Horizonte depois de dezoito dias no interior, cuidando da minha mãe, idosa de 95 anos, hospitalizada com infecção pulmonar e urinária. No último dia de março ela faleceu, deixando um vazio gigantesco. Ainda não havia no hospital nem naquela cidade, nenhum caso de coronavírus.  Ligava a TV e via que não se … Continuar lendo Na Pandemia, maio 2020

E vamos de mudança…

Rosangela Maluf Olho pra lista que acabo de fazer e constato: esta é a 27ª vez que me mudo, de casa ou de apartamento. Em dois países, Brasil e Bélgica; em quatro estados, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul e em seis cidades. Em João Monlevade, tive três endereços; em Belo Horizonte, dez. Dois endereços em Bruxelas. Cinco endereços no Rio, dois … Continuar lendo E vamos de mudança…

Ah, moço!

Rosangela Maluf Essa é a quarta vez, em menos de uma hora, que abro meu whatsapp e nada. Vejo o meu gmail e nada. Ansiosa, eu sou sim, e muito! Estou esperando uma mensagem ou um e-mail, sabe. Conheci um carinha numa livraria do shopping. Começamos a conversar, trocamos cartões e ficamos de combinar um café para falar de literatura. Ele também procurava por livros … Continuar lendo Ah, moço!

Entre o arco-íris e o mar

Rosangela Maluf Belkiss tinha um sonho na vida, conhecer o mar. Nos filmes e novelas da TV cenas, de mar despertavam sua fantasia, e com ela voava nas asas da imaginação. Não que ela não sonhasse outros sonhos, mas nenhum mais forte que o do mar. Um dia, bem longe dali, numa ilha cercada por água azul, areia a perder de vista, encontrar um bom … Continuar lendo Entre o arco-íris e o mar

Os Olhos Claros de João

Parte IIIRosangela Maluf – Sinto saudades não. Lembrança boa ou ruim, nenhuma diferença me faz. Minha vida é como um livro de gravuras, umas coloridas, outras em preto e branco, e eu vou passando as páginas. Mas saudade, ter vontade de voltar ao passado, porque foi bom, porque foi gostoso, tenho não. De nada. Vejo fotos, e nem parece que sou eu. Não me vejo … Continuar lendo Os Olhos Claros de João