Categories: Silvia Ribeiro

O que o meu lápis fala

Silvia Ribeiro

Não sou o que o meu lápis fala.

Será?

Um lápis afiado nem sempre está contando para as pessoas o que o coração diz sobre si mesmo. A menos, que seja uma escolha que precisa ser expelida.

Diversas histórias acontecem fora do meu habitat, algumas com uma certa monotonia, outras com veemência. E por isso, claro, incomoda.

Quase ninguém, sabe por onde anda o verniz que uso para impressionar os personagens que eu carrego dentro de mim, tampouco, vivem as aventuras que eu faço à mão, cujas referências eu busco com um olhar de afeto e que vão além de uma simples literatura.

São reflexões que me dão a impressão de poder ser tudo o que eu quiser com intimidade. Exatamente do jeito que eu gosto.

Sendo assim, afirmo que o meu poder de escritora, é suficientemente ousado para conter a histeria da minha criação. E, sobretudo, para colocar o indizível dentro de torturantes entrelinhas.

Fazem questão, de me ver no meio das minhas palavras, sem qualquer lógica narrativa capaz de homenagear as minhas várias faces. E a todo custo, imaginam que devem fazer parte de um elenco que nem mesma eu sei de onde vem.

Evidenciam, o tamanho da minha preferência pelo tema “amor”, e seguem ocupados em saber quem é o dono das minhas palavras, e quem anda domesticando o meu coração.

Sem nenhuma dose de constrangimento preferem circular os meus desejos, como se eles representassem um corpo dentro de imagens delirantes.

Sobrando algumas idealizações para quem quiser crer, contraceno com um tumultuado, “não pertencer à vida de carne e osso”.

E é por tudo isso, que os meus dedos se movem com alegria no papel, e eu continuo escrevendo todos os dias, sem tempo marcado nem medidas. E em troca, ouço vozes.

Trata-se, de dizer coisas que não se diz em voz alta, e de expor emoções que são mais elegantes no papel, usando uma espécie de neutralidade induzida.

Declarações, recados, desabafos…

Sentimentos que ao longo do tempo descobrem em qual porta vão bater.

Se irão abrir? Não sei.

Blogueiro

View Comments

  • "Se vão abrir? Não sei."
    Ou fechar? Talvez.
    Afinal, declarações, recados e desabafos encontram muitas, incontáveis portas, algumas fechadas, várias, outras abertas, inúmeras. Fica por conta de cada um, cada destinatário, saber, ou não, o status de sua 'porta', e o quanto ele foi afetado, ou não.

Share
Published by
Blogueiro

Recent Posts

De volta aos meus

De volta aos meus... A imagem de quem fui, acesa e tão cheia de pigmentos…

19 horas ago

Um dia qualquer

Você, caro leitor, também se sente um tanto desconfortável, aos moldes do que nos traz…

2 dias ago

Graciliana

  Rosângela Maluf Quando Graciliana se casou não houve quem não duvidasse daquilo tudo... Ainda…

2 dias ago

Milagre de Natal

Wander Aguiar Minha mãe é completamente apaixonada pelo Natal e por tudo que envolve essa…

3 dias ago

Arrogâncias

Outro dia, estava ouvindo um podcast em que uma mulher branca entrevistava um professor negro.…

4 dias ago

Quantos rios?

Sandra Belchiolina Em que rio você entra e deixa seus frangalhos? Quantos rios já te…

5 dias ago