A gente vai levando!

Eduardo de Ávila

Passando por cima de toda lama, todo problema, cheio de todavia e outras lembranças mencionadas pelo Chico Buarque, na letra daquela canção dos anos 70, a gente vai levando. Tempos depois, foi a vez de Rita Lee, aliviando a angústia daqueles tempos. Outro dia escrevi aqui sobre enamorar e namorar, pois ela – a diva da musica popular brasileira – já proclamava que “a gente faz amor por telepatia”.

Adoro música, excetuando coisas dos tempos modernos como funk e sertanejo universitário (saudade do caipira raiz), embora seja uma nulidade instrumental e de voz. Certa vez, nos tempos da FAFI-BH, fui o único da sala reprovado para o Coral. Erro letras. Quando penso que estou acertando troco as palavras, mas isso não me impede de curtir uma boa apresentação musical. Fã desde os tempos da jovem guarda e tropicália, que revolucionaram a produção musical brasileira e nos brindou com a MPB.

Mas não quero falar é de música, mas sim que a gente vai levando essa vida do jeito que ela nos permite e proporciona oportunidades. Semana passada mencionei aqui da minha luta com meu plano de saúde para um fundamental exame ao tratamento que preciso me submeter. Negado! Ao final comentei que uma guia para fonoaudiologia foi autorizada e nenhum profissional se dispõe a prestar os serviços para essa operadora. Baixíssima remuneração. Pois bem, quanto ao exame, me emocionei, surgiram várias pessoas querendo pagar e até laboratório realizar. Insistirei na teimosia.

Quando ao atendimento com a fonoaudióloga, uma amiga das antigas (coincidentemente musicista) bateu o pé e marcou atendimento no seu consultório. Fui lá e voltei encantado. Das vezes que fui atendido pelo mesmo convênio, foram mais de 30 sessões (a guia atual prevê 36), cada delas durava cerca de dez minutos e sem a devida consideração. Pois bem, foi mais de uma hora, saí de lá leve e maravilhado com o atendimento. Humano e digno. Faço os procedimentos em casa e vou retornar lá para avaliação daqui um tempo. Fora outras constatações que nem vou me aprofundar.

Tirante isso, a vida segue e vou levando. Os tempos são outros, reafirmo que não troco minha idade pelos momentos que pude curtir na minha infância e adolescência pelo que presencio. Videogames não substituem a doçura de assentar no banco do jardim, hora dançante e depois boate, mesmo e até torcer como naqueles idos pelo Galo do meu coração. No antigo Mineirão, com o tropeiro original e não esse gourmetizado e a Massa apertando a divisa com a torcida menor e adversária aos gritos de aperta…!

E assim vou levando. Não brigando com meu plano de saúde, afinal quem manda nessa batalha é o poder econômico, e o meu é zero perante essa gente. Tampouco questionar que dançar e paquerar era melhor que joguinho em celular; me mantendo fiel ao meu time, sem me preocupar com as finanças do mesmo, já que os clubes profissionais agora tem donos e não são mais carregados pelos Torcedores. Vou levando.

Em algum momento farei o exame e seguirei o tratamento, posso ainda aceitar uma das ofertas, mas vou falar – ad aeternum – que o plano que pago tem mais de 30 anos me deixou na mão num momento tenso. Ficar apaixonado quem nem nos tempos juvenis da idade que não volta mais e com o meu time no gramado. E assim, agora recorrendo ao Zeca Pagodinho, “deixa a vida me levar”. Tomara que ainda por umas boas décadas para fazer tudo isso que mencionei acima. “Vida leva eu! Sou feliz e agradeço, por tudo que Deus me deu”!

4 comentários sobre “A gente vai levando!

  1. Bom Dia, Edu! Coragem é o que a vida pede! Vá onde seu coração mandar e sua razão aprovar! Abraços ‘- Patrícia Lechtman

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *