Sandra Belchiolina
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Para Carlos Drummond:
O dito do anjo
Vai ser gauche na vida
Para Adélia Prado:
Outro dito
Vai ser desdobrável na vida
Para Mário Quintana:
Aqueles que atravancam seu caminho – passarão
Ele – passarinho
Para Manoel de Barros:
Sobre o nada ele tem profundidade
Usa a palavra para compor silêncios
Para Torquato Neto:
Eu sou como eu sou
Pronome
Pessoal intransferível
Do homem que iniciei
Na medida do impossível
Para Cora Coralina:
Sou feita de retalhos
Pedacinhos coloridos de cada vida que passa pela minha e que vou costurando na alma
Para Clarice Lispector:
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento
Para Dorival Caymmi:
Quem vem pra beira do mar, aí
Nunca mais quer voltar, aí
Para João Guimarães Rosa:
O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem
Para todos eles:
O divã
ou não
Para a psicanalista:
um estranhamento
Vai ser rebotalho na vida
Amei. Parabéns! Entre Ditos e Dizeres vamos tecendo a vida.
Vamos tecendo com as palavras, querida Adircilene. Abração.
Bem dito ou mal dito,
Segue o meu:
Quando nasci
Um bando de querubins veio me trazer
Queria vir sozinho
Era meu direito
Era minha opção
Será que anjos entendem de direito e de opção?
(…)
Esses anjos atrapalhados…
Vamos insistindo