Desilusão amorosa

Bernardo Vasconcelos

Se eu fosse uma marca, o meu slogan seria algo do tipo “sofrendo por amor since 2007”. Garotas partem o meu coração desde a tenra idade de um adolescente de 15 anos com a mentalidade de sete. Hoje, a idade adulta segue a mesma proporção, mas os episódios de desilusão estão bem piores, senão vejamos:

A primeira facada no peito veio quando soube por terceiros — malditos terceiros — que a minha primeira ex-namoradinha, uma semana depois de me sentar o pé na bunda, foi vista aos amassos com um fulaninho no recreio da escola. Eu poderia ter parado por aí. Mas apareceu uma segunda namoradinha, mais velha, mais experiente, que me ensinou algumas lições — que lições! — e depois se mandou. Meu coração sangrou feito filme de terror trash até aparecer outra. E outra, depois outra, mais outra, até hoje, since 2007, acumulando um respeitável currículo de frustrações amorosas de pôr inveja em qualquer personagem de Woody Allen.

Mas nada, nada se compara ao último episódio de desilusão. Sem contar que, muito recentemente, após romper um relacionamento de longa-metragem, soube por terceiros — terceiros filhos da p! — que a minha ex-namorada estava namorando com um cover meu. Isso mesmo. O rapaz usa preto, ouve Nine Inch Nails e cria gatos. Pensei até em exigir direitos autorais. Mas surgiu outra. Outra história se iniciou e, com ela, outra decepção. E prepare-se, como eu ia falando, nada se compara a esse episódio de desengano, tamanha a bizarrice, comicidade e extraordinariedade.

É que estávamos juntos há três meses, entusiasmados um com outro e já conversávamos sobre nós utilizando o tempo verbal do futuro. Acordamos juntos no último fim de semana, tomamos o café da manhã, fui para minha casa e, na hora do almoço, pasme: a garota ficou noiva. Não, não a pedi em casamento. Foi o ex-namorado que, após trai-la, surgiu do nada, com um anel. Ela aceitou. Provavelmente, às três da tarde já estava grávida. E, mais uma vez, eu aqui, idiota since 2007.

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