Confortavelmente dentro de mim

Silvia Ribeiro

Eu sempre quis que a vida participasse de tudo que eu fizesse sem me levar tão a sério.

Que demonstrasse entusiasmo com as correntezas que me arrastaram pra sonhos que não envelhecem, e que lesse as minhas mãos como uma dessas ciganas que profetizam o futuro. Só pra que eu pudesse sonhar mais.

Que me abraçasse por fora e por dentro e que me desse brilho nos olhos, mas que não se zangasse se, por alguma razão, eu tropeçasse.

Que me chamasse cada vez mais para poetizar romances com letras suaves, com a permissão de me sentir diferente. E que tivesse um gingado com uma singularidade que somente os grandes amores possuem.

Até que aprendi com o vai e vem do tempo a não colocar tantos absurdos nas minhas loucuras, e ver beleza em todos os endereços com suspiros profundos.

Hoje não tenho mais tantos formigamentos arrancando do meu coração respostas, nem aquele olhar sedento por coisas que eu nunca vi.

Gosto de me arriscar nos silêncios quando a minha alma se engraça com a saudade, e retiro das estrelas os seus sentimentos mais intensos pra que não acobertem os breus que, por curiosidade, tentam bisbilhotar a minha história.

Tenho um “me re(encontrei)!” confortavelmente sentado dentro de mim.

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20 comentários sobre “Confortavelmente dentro de mim

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