Pormenores

Leānder Quadragesimae

Das sensações desconfortáveis, sentir que algumas pessoas me preterem em algumas situações vem sido, minimamente, curioso. Não que seja divertido, mas é intrigante. Não que eu desejo e espero ser sempre escolhido, mas deixar de ser por quem você admira ou confia, é pesaroso. Você já se perguntou algo como: será que eu estou aqui porque querem que eu esteja? Será que fizeram isso comigo, porque sabem que eu tenho limitações, ou por que simplesmente aconteceu?

Bom, em determinada circunstância, observei uma pessoa muito querida fazer um cálculo racional do que seria melhor para ela. Nesse contexto, o melhor para ela contaria com a crença que eu não me importaria que, nesta equação, eu sairia lesado. Entender que nas mais profundas conexões neurológicas dessa pessoa, há uma certeza de que por ela – assim como para todo mundo que amo – eu tenho costume de passar por cima de mim, e por isso é justo contar com minha dificuldade, me machucou.

Mas, reuni forças e sinalizei que dentre as opções que ela possuía, o melhor para mim (na verdade, o menos danoso) seria determinada ação. E foi isso. Na minha completa covardia, não consegui gritar, nem anunciar o quanto a situação me doeu e o quanto dói. Olha, tudo bem ser ignorado dentro da empresa que eu trabalho, eu realmente consigo compreender que alguns workaholics se sentem melhores que alguns estagiários – tudo bem mesmo, às vezes até eu me sinto melhor que outros estagiários…, mas isso é coisa para a terapia.

Todavia, contemplar o desdém de alguém que você não espera, em um momento de carinho e felicidade, foi mais uma das experiências que 2021, nos 45 do 2º tempo, pôde me proporcionar. O “daí” é que não tem mais expectativa, o resultado é que eu sigo sem esperar nada. Repouso em observar a vida acontecendo. Sem contar que mais uma vez, as pessoas possam estar se apossando da minha dor para usá-la, melindrosamente, contra mim. Mas, sou grato. Era para eu ser, né?! Não sei se devo agradecer pelas oportunidades que a vida me dá, da forma mais doída possível, de enxergar àquilo que faço tanto esforço para não passar. Obrigado.

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