Política é vida

Márcio Magno Passos

Nos treinamentos que faço com grupos sobre convivência em equipe e administração de diferenças, normalmente começo perguntando em alto e bom som: quem aqui gosta de política? Quase sempre não mais de dez por cento levantam a mão. Então proponho mudar de assunto e pergunto quem na plateia é casado, amasiado, noivo ou tem namorado. Todos levantam as mãos. Aí sugiro convidar cientistas da Nasa para estudar o grupo porque eu não consigo entender como quem casa, fica noivo ou namora sem gostar de política. Milagre da natureza? Nada disso. É que quando a gente pergunta quem gosta de política o que primeiro vem à mente são aquelas letrinhas que a maioria não gosta: PL, PT, PP, PSDB, PDT, Novo, Rede, Avante e dezenas de outros partidos. Isto é política partidária, o que a maioria realmente quer distância.

Política não partidária, no entanto, é vida. E espelho existe para não nos deixar mentir. Só não faz política quem já morreu. Todas as nossas atitudes por toda a vida, pelo bem ou pelo mal, são políticas. Com dois anos de idade, minha neta me enviou um áudio horas após sair de minha casa: Vô, eu te amo! É a política dela para agradar ao avô. Que mulher ou homem sai em busca de uma conquista vestindo aquela camiseta de malha manchada e até furada e que costuma usar na manhã toda de sábado, mas sem coragem para chegar nem na janela? Todos, sem exceção, escolhem a melhor roupa, o sapato menos usado, perfume e acessórios para embelezar ou amenizar as marcas. E confere tudo no espelho.

É por essas e outras que muitos casais só se conhecem verdadeiramente com os anos de casamento. O sorriso fica raro, o contato das mãos já não é o mesmo, as diferenças se acentuam, a intolerância domina e as demonstrações de carinho e afeto se rarefazem. Até as agressões físicas, por pior que sejam, são uma opção política de convivência. Opção pelo mal, mas sempre política. Repito que vive melhor quem valoriza a política como vida.

Quem aponta menos erros nas pessoas, tem maior capacidade de ouvir do que falar, é solidário e com a sabedoria para compreender que muito mais que os bens materiais, são os exemplos de vida, a capacidade de convivência respeitosa, a bondade e a mão sempre estendida que nos tornam eternamente lembrados. Muitos, entretanto, preferem o caminho da política do mal, do egoísmo, do egocentrismo, dos ataques gratuitos, da indiferença às diferenças naturais do ser humano, do descompromisso com a cidadania, da humildade e da incompreensão com o mundo e as pessoas.

Tem filho incapaz de beijar a mãe todo dia e lhe agradecer a oportunidade da vida, responde o pai com monossílabas e dificulta o relacionamento com o irmão ou irmã. Se com os do próprio sangue age assim, imagina com os demais parentes, com os amigos, vizinhos e colegas de trabalho. Na maioria das vezes é a política do mal repetida todos os dias por aqueles que se acham a cereja do bolo no relacionamento humano e que todos os outros não passam de poço de defeitos. Observe aí ao seu lado que você vai perceber os muitos atores da política do mal. Sorria e toque sua vida com exemplos do bem. Política é vida.

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