Antes ver, ouvir, perceber que negar

Antes ver, ouvir, perceber que negar – Foto: Barão de Itararé em entrevista coletiva, sem data – Arquivo Nacional
Eduardo de Ávila

Vivendo atualmente entre ameaçadoras saídas e isolamento preventivo, no último domingo – melancólico, como têm sido os tempos recentes – recebo um link do amigo Onofrinho, com frases do Barão de Itararé. Que falta nos faz um similar para os dias atuais, sobretudo para aliviar a dor do momento com fina ironia numa coletânea de observações desse triste cotidiano brasileiro.

Lendo, destaquei algumas que farei curtas observações abaixo, porém de imediato já me transportaram aos meus tempos de militante político e partidário. Com vinte e poucos anos, eleito vereador da minha Araxá, tive o privilégio de liderar a oposição ao então prefeito da época. Ele, um conservador e defensor do golpe de 64, era conhecido nas rodas como o “Barão da Boa Vista”.

É que o nome original da rua principal, que hoje se chama Olegário Maciel, era Boa Vista, sendo comum ver a figura do então chefe do Executivo – imponente – à frente do prédio da Prefeitura como se aguardasse ser reverenciado pela população. Muito diferente do nosso reconhecido personagem da vida real, que deixou um legado para ser lembrado pelos séculos e séculos.

Arquivo Nacional
Antes ver, ouvir, perceber que negar – Foto:Barão de Itararé e Manuel Bandeira, 1966 – Arquivo Nacional

Pois bem, o Barão – falo do de Itararé – me divertiu no domingo de isolamento. Com meu receio de me encontrar com o vírus da COVID pelos caminhos, fiquei em casa aguardando a hora do jogo do meu time do coração, me divertindo e trazendo algumas frases do bom Barão para a atualidade. Vejamos:

“A criança diz o que faz, o velho o que fez e o idiota o que vai fazer”. Pois não é que um idiota nacional, seguido por 15% de seus similares, anunciou décadas passadas que queria matar umas 50 mil pessoas. E, sob aplausos do gado que segue o berrante, já está alcançando 500 mil óbitos (dez vezes mais), sem se preocupar em ser barrado pelo Judiciário ou Legislativo seguindo essa matança.

“Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância”. Sou obrigado a agradecer ao autor, pois – pela primeira vez na vida – me fez acreditar que sou sábio. Minha pouca qualificação para debates propostos por alguns dessa seita tem me feito tão bem. Já faz alguns dias que optei pelo não enfrentamento aos que nada me acrescentam, tendo redescoberto a felicidade.

“Não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar”. Certa ocasião, com pesar, ouvi de uma pessoa querida que não tinha mais idade para rever posições. Eu, ao contrário, estou sempre revendo. Descobri então a razão de ter mais bom humor que os infelizes.

“O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro”. Essa nem exige muitas considerações. Basta olhar a nossa volta. São 15% de barulhentos que querem ganhar no grito. Quando chamados a argumentar, apelam para o ctrl C e ctrl V e com uso de fake news. Triste perceber isso em pessoas que até três anos atrás eram dignas de um cafezinho na mesma mesa. Hoje, optei, pelo “antes só que mal acompanhado”. Essa não é dele, embora entre aspas, é um dito popular.

“De onde menos se espera é que não sai nada”. Eu avisei e muitos dos brasileiros sabiam disso. Foram pagar o preço do fora isso e fora aquilo, taí a merda que deu. “A televisão é a maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana”. E ainda tenho de receber mensagens dessa gente, dos 15%, para não assistir determinada emissora. Ora, eu não vejo essa merda tem mais de 40 anos, agora que – convenientemente – descobriram isso!

“Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados”. E tem gente, que nunca será convidada, insistindo que esse genocida não participa de negociata. A campanha da cloroquina taí, pra quem enxerga e tem discernimento. A esses recorro a um dito popular, porém adaptado e complementado por Heloá Marques. “O pior cego é aquele que não quer ver, ouvir, nem acreditar. O pior cego, é aquele que se faz de surdo. Aliás, o pior cego não é cego. É burro!

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